Herdeira das Sombras

Capítulo II : Se metendo em encrenca


Eu sempre gostei muito de brincar na água. Mas depois do que aconteceu vou ficar um bom tempo sem entrar em um lago ou praia.

Eu abri meus olhos e o que vi foi escuridão. Pensei que já era noite. Mas quando olhei melhor eram dois olhos me observando. Dois olhos negros como a noite. Os olhos dele. Do cara que estava me seguindo.

Levantei-me num pulo e apontei o dedo no rosto dele.

— Você! O que você fez com a minha amiga ?

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— Não vai nem agradecer por eu ter te salvado ?

— Me salvado ? No lago ? O que era aquilo ?

— Algo que você não vai querer encontrar novamente. Elas são altamente mesquinhas e vaidosas. Matam qualquer um por pura diversão.

— Elas ?

— As sereias.

Comecei a rir.

— Sereias ? Você anda assistindo muitos filmes da Disney.

— Sim, sereias. Elas teriam te matado se eu não tivesse te salvado.

— Agora me diga. O que você fez com a minha amiga?

— Eu ? Nada. Mas os caras que a pegaram vão machucá-la muito.

— E quem são essas pessoas ? Preciso denunciá-los a polícia.

— A polícia nunca conseguiria dar conta deles. Mas eu posso te ajudar.

— Você ? E por que você me ajudaria ?

— Porque eu tenho a obrigação de te manter longe de encrencas.

— Você não tem obrigação nenhuma comigo. Eu nem te conheço.

— Eu também não conheço você. Mas eu conhecia a sua mãe. E eu devo um favor a ela

— Minha mãe ? Minha mãe não tem amigos perseguidores como você. E eu conheço todos os amigos dela.

— Eu não estou falando daquela mulher com quem você mora. Aquela não é a sua mãe.

— É claro que ela é a minha mãe.

— Deixemos isso pra depois. Se não corrermos logo, sua amiga não sobreviverá.

— E por que eu confiaria em você ?

— Você não tem escolha. A vida da sua amiga está em jogo.

— Vamos então — Eu disse derrotada. Isso era pela Hinata.

Ele me levou até o seu carro e saiu cantando pneu. Passamos por lugares desconhecidos pra mim. Até que chegamos a um velho casebre meio abandonado. Ele estacionou o carro bem afastado para não sermos vistos.

— O plano é o seguinte, você vai lá e bate na porta. Vão aparecer dois caras estranhos. Você começa a correr. Eles vão te seguir e vão te segurar. Não vai demorar muito tempo nisso, mas é tempo o suficiente para eu entrar enquanto eles estão distraídos. Eu vou pegar a sua amiga e vou tirar ela pela janela. Eu vou voltar e me esconder enquanto eles te levam para dentro da casa. Depois eu dou um jeito de tirá-la de lá.

Ele já ia saindo do carro quando eu o chamei.

— Ei perseguidor. Espera. Isso não é perigoso ?

— Muito. Mas eu não deixarei nada acontecer com você. Como eu disse, eu tenho a obrigação de te manter longe de encrencas. E a propósito, não me chame de perseguidor. Meu nome é Sasuke.

Ele saiu do carro e se escondeu na floresta.

Eu fui até a pequena varanda na frente da casa e bati na porta. Como Sasuke havia dito apareceram dois caras enormes e estranhos.

— O que você quer garotinha ? Veio entregar os doces na casa da vovó ? — Os dois riram com a piada enquanto eu só olhava assustada para eles.

Eu comecei a correr e logo eles estavam me perseguindo. Não consegui correr muito porque eles eram bem maiores e mais rápidos e logo me alcançaram. Um deles me colocou sob o ombro e já estava me carregando de volta para o casebre. Consegui ver alguma coisa passando tão rápido quanto o vento pela janela. Será que aquele era Sasuke? Mas como ele conseguiu se mover tão rápido ?

Os caras me colocaram numa cadeira e amarraram minhas pernas e meus braços. Eu não conseguia me mexer nem um pouco. Rezei para Sasuke vir rápido.

Os homens trancaram a porta e vieram até mim. Eles ficaram me rodeando enquanto me analisavam.

— Até que você é bem bonita. Mais bonita que a que está no porão.

Um deles pegou meu cabelo e ficou cheirando.

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— Seu cabelo cheira a cereja.

Eles ficaram me olhando com malícia até que a porta explodiu e entrou somente um vulto muito rápido.

Senti uma presença trás de mim e quando virei meu rosto, era Sasuke.

— Demorei ? — Perguntou ele com um sorriso de canto.

— Muito.

Ele quebrou a mão do cara que estava segurando meu cabelo.

— Tire suas mãos dela.