Naquela mesma noite, Hermione entrou no quarto cerca de meia hora depois da briga de Draco com Daniel. Cumprimentou Lawrence, perguntou como estava, e logo em seguida conjurou um colchão no chão e deitou-se, onde ficou acordada, porém sem se intrometer na conversa das duas. A ruiva achou estranho. Estava quieta, porém inquieta. Não parava de mexer as pernas e virar-se. Enquanto isso, Gina continuava a falar com Lawrence sobre Daniel, porém a garota já não a ouvia.

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— Algum problema, Granger? - perguntou curiosa.

Hermione sorriu docilmente, mas negou, sem falar palavra alguma.

— É sobre Harry, não? - perguntou Gina, finalmente aceitando o fato de que Lawrence não estava mais tão interessada no tópico Daniel Surrey.

A morena concordou, sentando-se no colchão e abraçando a próprias pernas. Olhou para as duas garotas e deu de ombros.

— Sei lá, Rony e eu somente estamos um pouco preocupados com ele.

— O que ele fez dessa vez? - perguntou Lawrence, sem se dar conta no tom ríspido que sua voz tomou. Hermione pareceu ficar irritada.

— Sei que não o vê como irmão, mas para mim ele é, Lawrence, e eu me preocupo. Harry tem sido vago demais nas cartas que tem nos mandado, e evita falar sobre o que está sentindo sobre os últimos acontecimentos.

— Ótimo, ele só quer um tempo sozinho. Eu também quereria se fosse o meu padrinho a morrer. - não entendia o motivo, mas a Potter estava com uma raiva infinda do irmão.

— Harry é assim fechado mesmo quando as coisas acontecem com ele, Herms. Logo ele volta ao normal. - tenta consolar, Gina.

— Dessa vez até Rony concorda que ele está agindo estranho. Mandamos nossa última carta para ele faz uma semana e ele nem mesmo deu sinais de que iria responder. Edwiges já deveria estar aqui há mil anos.

Lawrence ficou quieta, mas algo no seu interior dizia que isso realmente não era normal da parte dele. Olhou para Gina, e ela parecia ter notado que a falta de respostas, por mais irritado e magoado que estivesse com tudo, não era algo típico do Potter. Ele sempre procurava evitar preocupações com pelo menos um “Oi” em uma carta. Hermione não olhava para as duas, por isso não percebeu que a Potter sinalizou com a cabeça um “não” veemente, afirmando que não deveria concordar que isso era preocupante.

— Se acalme, Granger. Se ele não responder até amanhã pela manhã, eu dou um jeito de procurar ele em Londres. Ou pelo menos peço para um amigo meu. - a morena sorriu agradecida, deitando-se no travesseiro e continuando a olhar para o alto, sem dar uma única palavra - E quanto a você, Gina… Eu não sei sobre a briga entre eles.

— Vai agir como se nada tivesse acontecido? - perguntou confusa - Achei que quisesse descobrir o motivo.

— E vou. E você vai me ajudar. Só que por enquanto, a prioridade é a resposta de Harry.

***

Porém, Harry respondeu a carta na manhã seguinte. Hermione parecia feliz quando Lawrence abriu os olhos, lendo a carta com feições aliviadas. A menina bocejou e espreguiçou-se na cama, botando os pés para fora e tocando o tapete do quarto da Weasley. Levantou-se, com o corpo bem mais relaxado, e foi em direção à própria mala, que estava ao pé da cama, e colocou-a em cima da cama, abrindo.

— E então? Ele respondeu? - perguntou, tentando iniciar uma conversa amigável sem parecer irritada com o irmão.

— Ah, sim. - ela disse feliz - E foi bem detalhista. Disse que está bem, apesar de estar com muito ódio de Bellatrix. Falou que anda frequentando uma lanchonete e que não tem passado muito tempo na casa dos tios, e não tem tido vontade de responder por pura preguiça. E ele conheceu uma garota! A garçonete da lanchonete… Morena, estatura mediana…

— Okay, é o suficiente. - Lawren disse revirando os olhos.

— Concordo, ou vou vomitar. - Gina replicou, entrando no quarto e fechando a porta - A blusa de franjinha é melhor. Está bastante quente lá fora.

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A Weasley se referia às duas peças que estavam em sua mão. Uma, laranja fraquinho, com mangas compridas e soltinha; e a outra, cinza com manga curta, gola em U e franjas na barra, com a estampa “Today I’m doing nothing”. Concordou com a outra ruiva, pegando uma calça bege com bolsos, num estilo bastante “esfarrapado”, e uma alpargata de pano, em um tom acinzentado. Pegou a própria escova de dente que estava bem ajeitada com sua pasta, fio dental e derivados dentro de uma necessaire verde musgo. A pegou e olhou para a Weasley, junto com as roupas em mão.

— Que hora é?

— Nove da manhã. Acordamos todos cedo, por algum motivo. Daniel e Draco estão na cozinha, ainda não se encararam, nem mesmo se cumprimentaram. O banheiro fica a esquerda do meu quarto, ou seja, não terá que passar por eles de pijama. Espero que aguente a barra, porque eu me forcei a sair de lá com o clima pesado.

A Potter suspirou concordando. Passou pela outra ruiva e saiu do quarto, indo em direção ao banheiro e se trancando lá dentro. O banho foi rápido. Lavou o próprio cabelo e conseguiu tirar a sujeira do corpo sem gastar tanta água e tanto tempo do próprio dia. Vestiu-se calmamente. Não tinha tanta pressa de ir até a cozinha, não depois da ceninha que haviam feito dentro do quarto de Gina na noite anterior. Suspirou em frente ao espelho ao notar o olhar mais duro que o normal. Depois de dormir, aquela briga veio como um choque de realidade que não havia tido no calor da noite passada. A amizade deles estaria enfraquecendo? Poderia estar mesmo apaixonada por Draco? Qual era o segredo que os dois escondiam? E por que subitamente começou a sentir essa imensa vontade de bater em Harry? E Daniel? Por que não havia contado que estava gostando de uma menina?

Mas a pior de todas era: seria ela forte demais ao ponto de fazer os outros pensarem que são fracos?

Sua cabeça estava uma bagunça, e tudo que queria era um dia de treinamento de mágicas curativas, pesquisas produtivas no isolamento mental, avanço sobre a vida de Marlene, mágicas elementais dominadas… Só que até mesmo pensando em coisas que a faziam esquecer sobre o mundo, ela lembrava que só estava aprendendo isso para ter um possível sucesso na guerra. Onde estava a paz que tinha quando estava em Boston?

Secou os cabelos com a própria varinha e escovou os dentes, olhando aqueles mesmos olhos que um dia antes haviam chorado a morte do melhor amigo que nem morrera. “Eu já fiz Lawrence pensar que morri duas vezes. Eu sou fraco!”. Era isso mesmo que o Surrey pensava? Que por ter sido vítima do destino isso o fazia fraco?

Qual era a deles com essa imensa dificuldade de entender exatamente o que estava tentando transmitir? Que eles são fortes, mas mesmo assim dignos de sua preocupação, assim como ela quer a preocupação deles.

Ou ela era a que estava tendo imensa dificuldade em captar exatamente o jeito que os faria entender? O que precisava fazer para deixar as coisas boas de novo? Fechou os olhos e esfregou as unhas longas nas pálpebras, tentando deixar de lado toda a exaustão que estava sentindo. Respirou fundo, abrindo a porta e indo novamente para o quarto de Gina. Dessa vez, ninguém estava lá., exatamente como havia planejado com a garota. Largou a necessaire na própria mala e colocou-a no lugar que estava antes. Hermione, que também estava ciente dos fatos, havia saído junto com a menina.

A Potter sorriu de canto ao notar a jarra vazia em cima do bidê, exatamente como pedira a Weasley que estivesse. Bem, talvez fazer o que ia fazer aliviasse um pouco a tensão que sentia. Chacoalhou as mãos em nervosismo, e pegou a jarra com as duas mãos, respirando fundo e fechando os olhos.

Onde está Lawrence? — ouviu a voz de Hermione perguntando na sala e a Potter sorriu, sabendo que o plano havia sido posto em ação.

O tal plano era agir como se a Potter ainda não soubesse de nada, nem mesmo que Daniel estava vivo, para que não soubessem que ela estava ciente da briga dos dois. Só precisava esperar o sinal de Gina para colocar em prática os anos de dança e teatro que havia feito na escola.

Não tive tempo de contar para ela que Daniel estava vivo. Ela levantou, disse para mim que estava bem, toda séria, e logo depois saiu apressada para o banheiro. Honestamente, ela não parecia mal, mas duvido muito que não esteja.

“É agora Lawrence… 3… 2… 1…. Já!”.

— Ah! - ela deu um berro, jogando a jarra de água contra a parede e estilhaçando-a em mil pedaços pequenos - Não, não, não! - continuou gritando, jogando os três copos no chão de uma só vez, fazendo o máximo de barulho que podia.

Ouviu passos apressados e logo Gina abriu a porta, com a melhor cara de assustada que poderia fazer.

— Lawrence! - ela exclamou - Acalme-se.

— Traga Daniel de volta e eu vou me acalmar! - ela berrou, sentindo lágrimas quentes caírem por seu rosto, mesmo estando com um sorriso interno por dentro.

— Lawrence, ouça…

— EU NÃO QUERO TE OUVIR! - ela gritou, fazendo o mural de Gina cair no mesmo instante que movimentou sua mão.

— Lawrence! - a menina fingiu estar amedrontada, mas a Potter sabia que por dentro estava profundamente irritada com o fato de ela ter jogado seu mural de fotos no chão - Daniel está bem! Ele está bem!

— Ele está morto! - ela gritou, deixando mais lágrimas caírem e se jogando no chão.

— Não estou! - o Surrey gritou, passando por Gina e praticamente se atirando nos braços de Lawrence - Law, eu estou aqui… Se acalme…

— Mas… Mas como? - a garota disse, sem abraçar o loiro de volta, com a musculatura tensa e confusa.

E Daniel contou toda a história que Gina havia contado. Lawrence tentou parecer o mais surpresa possível, mesmo estando desconfortável com o fato de Daniel estar lá, sentado ao seu lado, com uma mão na sua, enquanto Draco estava ao lado de Gina, sem se aproximar.

— Eu… Graças a Merlin! - ela exclamou, abraçando o melhor amigo - Draco… E você está bem? - ela perguntou.

Sentiu a musculatura do Surrey enrijecer e ele ficar tenso, se separando do abraço e deixando Lawrence se levantar e ir em direção ao Malfoy. O outro loiro sorriu singelamente, assentindo e deixando-se ser abraçado pela Potter, mas parecendo levemente distante. Ela respirou fundo e fez o melhor sorriso que poderia fazer, limpando as últimas lágrimas falsas que caíam e puxando o Surrey para perto, abraçando-o ao mesmo tempo que abraçava Draco, forçando os dois a se encostarem.

Sim, era uma punição mesmo que em silêncio.

— Que bom que estão bem! - ela disse feliz, abraçando os dois com o máximo de força que conseguia. Eles não tiveram coragem de se separar do abraço, mas Lawrence, fingindo-se de desentendida, perguntou - Por que estão tensos? Aconteceu algo? - ela perguntou com a sobrancelha arqueada.

Os dois se olharam pela primeira vez no dia e engoliram em seco, olhando para a ruiva e falando ao mesmo tempo.

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— Não. Nada.

— Ótimo, porque estamos juntos! Então temos que estar felizes! Vamos, estou morrendo de fome! - ela falou alto - Mas antes… Reparo.

Em menos de quinze segundos, o quarto de Gina estava arrumado. Sorriu, puxando a ruiva e deixando os dois loiros um pouco para trás.

— Desculpe pelo mural. - ela murmurou.

— Tudo bem. Valeu a pena. - ela respondeu com um sorriso de canto e logo depois riram.

***

O dia na Toca foi pior do que Lawrence poderia ter imaginado que seria. Daniel e Gina passaram o dia conversando, como era o plano das duas, para que a Potter conseguisse falar com Draco. O loiro, porém, parecia estar fechado para negócios. Estava inquieto, respondendo vagamente às suas perguntas, até que por fim admitiu não ter dormido nada e que precisava descansar, então subindo as escadas e deixando a Potter sozinha no quarto.

Após isso, ela decidiu deixar Gina fazer o próprio trabalho e se dedicar inteiramente às fichas de Marlene e aos documentos que Surrey e Malfoy haviam dito que poderiam ser úteis. Por fim, descobriu que Alice Longbottom era muito próxima de Marlene na época pós escolar, e é perfeitamente possível que a mãe de Neville saiba onde esteja.

Além dela, somente Emmeline, Remo e o próprio Voldemort que poderiam ser testemunhas úteis para o avanço de suas pesquisas. Descobriu também que Marlene era tipo vento, como Gina, mas que não era boa dominando, por isso não desenvolveu nenhum tipo de técnica.

Somente reparou que o tempo havia passado tanto depois que Gina abriu o quarto, trancando-a e deixando-as sozinhas. Ao olhar para a janela, percebeu que já entardecia. Deixou os papéis de lado e olhou para a garota, escorada na porta. Arqueou a sobrancelha.

— Devo esperar algo surpreendente? - ela perguntou com um sorrisinho - Digo, você entrando e trancando a porta, me olhando desse jeito, não é um chute muito errado se eu pensar em bobagem, né?

— Não diga asneiras. - a Weasley disse.

A menina sentou encarando Lawrence, que parecia estar revoltada, apesar de muito cansada. Entendera bem o motivo da rebeldia dela em relação a tudo desde que acordara, e não tirava a razão dela. Harry não estava nem um pouco preocupado com seu atual estado, e Gina tinha certeza que ele sabia que foram atacados. Além disso, Draco e Daniel não faziam a menor questão de permanecer juntos, nem mesmo por ela. Para completar, durante a tarde, Lawrence recebera uma carta de Snape avisando que passaria duas semanas sem poder contatar ninguém da Ordem e, principalmente, ela. A garota estava literalmente sozinha na casa, mesmo se dando bem com Gina.

— Sem sucesso com Draco? - perguntou.

— O garoto parece mais pra baixo do que um duende no subterrâneo de Gringotes. - ela disse sem parecer interessada no tópico abordado e olhando os papéis espalhados na cama - Precisa de alguma coisa?

— Na verdade, Gui me disse para entregar isso a você sem que os outros percebessem - entregou à ruiva uma carta - É de Dumbledore. - falou sem graça.

A Potter franziu o cenho, pegando a carta que a Weasley lhe alcançava. Lembrou-se que da última vez que seguira o pedido de Dumbledore em uma carta, acabara quase morta em uma batalha na casa dos tios. Respirou fundo, abrindo.

— Não sei se deveria ler aqui comigo… - a Weasley disse, levantando - Vou sair.

— Não. Fique. - a Potter pediu, e parecia realmente querer a companhia de alguém. Gina voltou a se sentar, olhando curiosa para a menina que começara a ler a carta em um tom alto.

Cara Srta. Potter,

Solicito sua presença junto a de seu irmão, Harry, na estação de metrô de Londres, às 23:00 em ponto. Não leve acompanhantes, o assunto é sigiloso. Pode encontrá-lo na lanchonete da própria estação,. percebi que ele persiste em andar por lá, e depois me encontrem nas escadarias. Pontualidade é algo que prezo, Srta. Potter.

A.D

— Vixe… O que será que ele quer?

A Potter se levantou cautelosamente e pegou sua bolsa de franjinhas dentro da mala, saindo do quarto e indo em direção a lareira. Ninguém estava na sala. Pegou um pouco de pó de flu e entrou.

— Diga à Sra. Weasley que estou dormindo. Improvise uma cama aí para mim. Não conte a ninguém onde vou. Não sei quando volto, mas estarei segura. - ela sussurrou.

— Certeza? - ela perguntou.

— É o Dumbledore.

— Certeza que é mesmo? - a Weasley perguntou novamente e a Potter sentiu um frio na barriga.

— Foi Gui que lhe entregou. E se não for… Pelo menos terei companhia. - completou pensando em Harry, logo depois respirando fundo e gritando o único lugar que lhe direcionaria a Londres em um instante - Beco Diagonal!