Amor

Capítulo Único.


O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.

Carlos Drummond de Andrade

Tinha dificuldade de entender diversas coisas, isso ele admitia. Desde criança fora criado para não sentir, não se sensibilizar, não entender. Um instrumento a ser utilizado. Uma tela totalmente em branco.

Aos poucos foi ganhando cor, recebendo pinceladas de diversas pessoas e situações, aprendendo o que as coisas realmente significavam. Quando não entendia algo, perguntava ou procurava nos livros de autoajuda e normalmente suas dúvidas eram sanadas, mas daquela vez as coisas foram diferentes.

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Ele não entendia o que aquela palavra, ou melhor, sentimento significava.

Amor.

Segundo o dicionário, amor é um “Sentimento que impele as pessoas para o que se lhes afigura belo, digno ou grandioso” ou/e “Afeição, grande amizade, ligação espiritual.”

Aquilo não soava certo.

Naruto costumava dizer que gostava da Sakura, porém envolveu-se com Hinata e costumava dizer “eu te amo” com frequência. A rosada também costumava dizer amar Uchiha Sasuke, mesmo após tudo o que ele cometeu.

Decididamente as definições do livro não pareciam descrever bem esse sentimento.

Sai procurou e procurou por algo que pudesse fazê-lo entender, porém sem sucesso. A resposta viria meses mais tarde.

Fora convocado pelo Hokage para uma missão confidencial e urgente. Era relativamente longa, porém de dificuldade média. Como parceira teria Yamanaka Ino.

Foram longos meses de convivência e ele pensou que enlouqueceria, a princípio. Porém, após um tempo, ele começou a perceber como a voz dela era agradável quando ela falava sobre algo que gostava. Ou como seu sorriso a tornava ainda mais bela.

Reparou também em como o azul dos olhos dela eram puros, mesmo ela tendo saído extremamente ferida devido a morte de seu pai durante a quarta guerra. Aquilo a maculou, porém não tirou sua luz.

Passou a admirar seus cabelos esvoaçantes, suas piadas ruins e sua autoestima elevada. O jeito que andava, seu cheiro cítrico, suas crises de manha.

Gostava de como ela conseguia falar sobre coisas banais, mas também conseguia discutir assuntos realmente importantes.

Em determinado momento, durante umas das pausas que eles faziam durante a longa missão, Sai pegou-se desenhando-a enquanto a mesma tirava um cochilo sob uma árvore frondosa. Foi como se um estalo ocorresse em sua cabeça.

Ele não sabia quando aquilo começara, mas respirava Ino. Respirava cada ato, cada fala. Respirava a presença dela.

Ele precisava descobrir o que era aquilo.

Com passos rápidos foi até a garota e capturou os lábios dela com os seus, delicadamente. Ela abriu os olhos, confusa com o que acontecia, mas logo retribuiu o gesto e ele pode sentir seu gosto adocicado. Levou as mãos até os fios sedosos e os acariciou, gostando da textura deles contra sua pele.

Aquilo era novo para si, mas sua inexperiência não atrapalhou, principalmente porque ela também parecia querer aquilo tanto quanto ele.

Em menos de duas horas ele descobriu que amava o rosto dela, os beijos, a cintura fina, as pernas delineadas, os gemidos contidos, a maneira como ela corria as unhas por suas costas, os lábios entreabertos pelo prazer, os olhos nublados pelo desejo.

Amava a maneira carinhosa que ela guiou todo o ato, desde o beijo até as estocadas finais, respeitando-o pelo conhecimento limitado que possuía sobre assunto.

Olhando para a mulher deitada ao seu lado com um sorriso no rosto ele descobriu que aquilo que ele sentia em seu peito toda vez que a olhava era o tão aclamado sentimento que ele pensou que nunca compreenderia. E percebeu que o amor era algo sem definição, ou melhor dizendo, com uma definição diferente para cada pessoa.

Para Sai, por exemplo, ela era uma mulher loira, bonita, de olhos claros e que falava demais. A mulher que terminou de pintar a tela de sua vida, acrescentando nela as cores mais vivas e bonitas que ele poderia possuir.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.