Back Together

Meadow - Parte 2


– Cuide disso para mim. – Katniss falou rapidamente e entregou os esquilos para Effie, que, inevitavelmente, soltou um grito agudo, a mirando com assombro. – Já volto.

Assim, a garota em chamas saiu da casa em passos ligeiros para o Meadow.

Katniss, apressadamente, jornadeou para a Campina. As pessoas a cravavam curiosas, sorrindo, e ela do mesmo modo sorria mecanicamente, alheia ao ambiente em sua volta. Sair pelo distrito, neste ponto, já não era algo tão árduo e penoso como outrora. Mas, sabia como ninguém que, no íntimo de seu ser, aquele omisso e desconfortável sentimento que não desistia de brotar em si, não deixaria de surgir.

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Ao mesmo passo que caminhava, sua mente devaneava em Peeta. Pensou na possibilidade de parecer uma boba por procurá-lo assim, tão de súbito. Poderia estar trabalhando ou fazendo algo que não fosse de sua conta. E por isso, ela parou e olhou para sua fronte. E então, ela pode ver o verde inconfundível do Meadow. Cogitou virar-se e andar novamente para casa.

Mas, por um impulso inexplicável, ela continuou. Percorreu o que lhe faltava do caminho. O que não era longo, pois, em poucos minutos, chegou a Campina e sorriu ao mirar seu cabelo loiro, reluzindo pela luz do sol, de costas. Porém, a garota em Chamas encerrou-o ao avistar uma garota de crina castanha na fronte de Peeta. Não estava distante dos dois, por isso, pode olhá-la e procurar na memória a imagem de seu rosto. Entretanto, não a reconheceu. Katniss nunca a tinha visto antes.

Avistou que os dois estavam conversando e por isso ela não os interromperam. Sem fazer ruído, caminhou até a grande árvore e se encostou no tronco, esperando até o momento do fim daquele diálogo. Talvez seria indiscrição observá-los assim. Pensou. Mas, não ouvia qualquer coisa. Apenas podia olhar os dois, não tão distante.

Ficou ali por alguns minutos. Às vezes olhava para o horizonte e depois passava um rápido olhar neles. E em uma destas, Katniss se sobressaltou quando Peeta pegou-lhe a mão e então ela cravou os olhos cinzentos fixamente.

***

– Peet, você a ama, não é?

Ele a encarou em surpresa, novamente, não a compreendeu. Mas, respondeu,

– Eu creio que nunca deixei de sentir isso por ela. Sempre esteve em mim, Sally. Mesmo quando eu estive em crise, e quando eu mal sabia quem eu era. – suspirou- Sinto que ele estava apenas escondido no meu interior. – O garoto do pão a cravou e sorriu.

Sally caiu num abatimento inexprimível e logo desprendeu suas mãos na dele. E com elas, secou as lágrimas finas que caiam sobre seu rosto branco e sardento.

– Então, creio que você vai achar uma loucura o que eu vou falar agora. – Sally disse, com desânimo e distração. Ela fechou os olhos por um instante, procurando nela mesma, ímpeto e as palavras certas.

– Sally, eu realmente não estou entendendo... – exprimiu, apreensivo.

Ela o descontinuou. Seus olhos verdes estavam inundados e ardiam ao mirar para Peeta.

– Você é um bobo, Peet.- deplorou, com a palavra trêmula.- Nunca percebeu...

Ele franziu a sobrancelha em assombro.

– Perceber? Perceber o quê, Sally?

De súbito, o rosto dela transfigurou-se um raio de indignação, que lhe vibrava desde os pés até a pupila.

– Nunca percebeu que eu te amo. – disse, com a voz sentida e trêmula, em meio a um riso de desprezo e tristeza.

O garoto do pão sentiu os sentidos entrarem em febre. Uma constrição parecia-lhe atravessar a garganta. Peeta empalideceu.

– Peet, você, mais do que ninguém, deve saber o que é ficar tanto tempo amando alguém. E eu sempre te amei desde criança e eu nunca deixei, mesmo distante de você. Eu até mesmo já tentei amar outra pessoa, mas, quando eu pregava meus olhos de noite, a única imagem que me vinha era seu rosto. Eu pensava o quanto eu queria os seus braços em mim, me protegendo do frio e do medo. E dessa angústia. Assim como você fazia com ela. E isso é tão desanimador e frustrante. E por mais que eu quisesse. Por mais que eu tentasse. – Um soluço profundo a fez pausar. – Eu sempre soube dentro de mim, que você nunca me amaria. E dói tanto, Peet. É como um sonho que eu nunca serei capaz de alcançar...

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Ele a mirou com um olhar intenso, onde subsistia empatia e uma incompreensão. E então, não pode evitar que uma lágrima escorresse de seus olhos azuis. O garoto do pão não sabia o que dizer e o que responder. Era como se tudo estivesse se tornado cinza e devagar. As palavras eram desconhecidas e escassas. Um golpe em cheio.

...Às vezes, eu penso o que teria acontecido se eu não tivesse ido embora. Talvez, seria tudo tão diferente. – ela respirou fundo, buscando fôlego. – Eu só queria que você me amasse, Peet.

Ele não pôde fazer outra coisa, senão, abraçá-la com os braços trêmulos.

– Me desculpe, Sally – sussurrava em seu ouvido. – Eu nunca quis que você sofresse. Me perdoe.

E quando Sally pousou a cabeça em seu ombro e desatinou num pranto tão profundo como a agonia que sentia, Peeta sentiu uma violenta sensação, o sufocando. Achou-se tão miserável e torpe.

Depois de alguns longos minutos, ela ergueu o seu rosto pisado. Finalmente, havia cessado seus soluços de angústia. Mas, ainda sentia um embargo que lhe partia o peito e cerrava sua garganta.

Sally soltou um grave suspiro e desfaleceu. Ela ergueu sua mão trépida e alisou na face de Peeta, que resolveu aceitar o gesto de sua amiga. O garoto do pão sorriu em compaixão para ela, que respondeu-lhe tristemente.

Mas, seu coração palpitou em tumulto e confusão quando Sally pôs os lábios contra os dele e o beijou intensamente, procurando algum tipo de correspondência. Não achou. Peeta permaneceu com os lábios unidos. Ele gentilmente afastou-a dele.

– Sally, por favor... – pediu, enquanto segurava seu ombro e a desvencilhava.

***

Ficou ali por alguns minutos. Às vezes olhava para o horizonte e depois passava um rápido olhar neles. E em uma destas, Katniss se sobressaltou quando Peeta pegou-lhe a mão e então ela cravou os olhos cinzentos fixamente.

A garota em chamas os examinou atentamente. Ficou irresoluta ao ver a garota chorar. E depois, Peeta a abraçou. “ São próximos? Talvez, uma amiga. Como eu e o Gale... “- indagava em pensamentos próprios. Ela procurou no coração os sentimentos que achava em si neste momento. Achou uma constrição nervosa. E a cada carícia e toque que Peeta dava na tal garota vinham impregnadas de uma irritabilidade que a queimava. ”Você é uma boba, Katniss”

Katniss balançou a cabeça, expulsando tais pensamentos de sua mente. Mas, de repente, transpassou-lhe uma sensação opressa e dolorosa a esmagou e paralisou seus sentidos.

Seu garoto do pão estava com os lábios em outra.

Os olhos cinzentos de Katniss queimavam em profunda indignação. E então, seu corpo fico frio. Ela caiu na relva arrebatadoramente. Cravava-os de um lado para o outro, extenuada. Uma pressão interna de angústia e incredulidade embargava-lhe o estômago.

– Peeta, como você pôde... – murmurejou com a voz sumida.

E penou assim por um tempo, com contrações crispando em seu ser. Mas, depois, ela sentiu uma profunda repulsão. E então, saiu em passos tão fortes e apressados, que por mais um pouco, o chão poderia se partir.

Ela enxugava brutamente com as mãos as lágrimas que insistiam em cair sobre sua face. Porém, depois de alguns segundos, ela começou a correr incessantemente.

***

– Sally, por favor... – pediu, enquanto segurava, com as mãos, seu ombro e a desvencilhava.

Ela baixou a cabeça.

– Me desculpe, Peet. – sussurrou.

Peeta ergueu os olhos e tornou-se silencioso e parado. Mirou o horizonte e cruzou os braços sobre o peito. E depois, ele a olhou, pensativo, e disse baixinho:

– Tudo bem.

Uma débil esperança tomou o coração de Sally.

– Então, podemos ser amigos novamente? – indagou, com expectativa.

Ele pensou por um instante e refletiu.

– Eu... – o garoto do pão suspirou em exaustão. – Eu, apenas preciso de um tempo. Acho que foi informação demais para mim por hoje. E você precisa também, Sally. Antes de nós voltarmos como antes, você tem que resolver seus sentimentos. – disse ele, cuidadosamente.

Sally assentiu.

– Você está certo. – assumiu- Eu vou me manter longe por um tempo. – ela pôs a mão no braço dele e o apertou – Até mais, Peet.

Os olhos verdes dela o examinaram. Ela deu seu último sorriso e então, caminhou para longe dali. E Peeta seguiu para a Padaria.

***

Katniss, enfim, havia chegado em casa. Por sorte, ninguém estava ali. Ela correu até seu quarto e permaneceu trancada ali. Com Buttercurp no colo, a garota em chamas compartilhou sua dor e lágrimas. Até que, caíram os dois numa letargia profunda.

– Catnip?

A voz de Gale ressoou nos seus ouvidos. Ela despertou e caminhou lentamente até a porta e a abriu.

– Gale – cumprimentou com a voz escassa. Ao se deparar com ela, ele se estarreceu. Os seus olhos cinzentos estavam inchados, denunciando um longe período de choro.

– Catnip, o que aconteceu com você? – indagou abafadamente, com aflição. Ele segurou o rosto dela com as mãos e secou uma única lágrima que estava para cair. Tomou-a nos braços e a afagou. Ela chorou em contrações sôfregas de flagelo. Gale a apertou no peito, a consolando. Finalmente, a crise passara, ela foi se apaziguando.

–Você, por favor, pode me dizer o que aconteceu? – perguntou, enquanto ajeitava uma mecha do cabelo negro dela atrás de sua orelha.

Ela balançou a cabeça. Depois, eles se sentaram na ponta de sua cama. Katniss estava pálida. Os olhos plúmbeos luziam um ar de brasa febril. Enfim, ela reuniu o resto de forças remanescentes e disse, mesmo que baixo:

– O Peeta... – ao ouvir tal nome, Gale ardeu em raiva. – Bem, eu queria falar com ele desde ontem, e então, eu soube que ele havia saído hoje cedo. Eu fui até ele. Até a Campina. – aquelas memórias estavam ainda tão frescas em sua memória, que chegavam a machucar. – Mas, quando eu cheguei, ele estava com uma garota. Eu juro que não supus nada. Apenas observei os dois conversando e esperei. – ela pausou e suspirou, neste ponto, seus olhos já inundavam-se mais uma vez. – E se beijaram, Gale.

Katniss abraçou Gale e chorou sobre seu ombro.

– Eu mato esse idiota. – rosnou baixinho.

Gale, eu só queria esquecer tudo isso... – sussurrou fracamente.

Ele se desprendeu e a olhou fixamente. E com a voz grave e comovida, ele perguntou:

– Catnip, você iria comigo para o Dois?