Challenges of The Love

Alô? Nós temos que arrumar algumas coisinhas


P.O.V Elsa

No dia seguinte, Jack faltou, tampouco o vi no resto do dia depois daquela aula de música. Não vou dizer que ele saiu da sala chorando como eu teria feito. Não. Nem perto. Ele manteve-se firme. Quase insensível. Quase inabalável. Quase indiferente.

Quase.

Ainda dava para se ver os reflexos transparentes em seus olhos claros, as lágrimas prestes a transbordar, apesar de sua expressão dura e sem sentimentos.

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E depois ele se foi, assim que o sinal bateu, saiu tão rápido quanto Edward Cullen saiu de sua primeira aula de biologia com Bella em Crepúsculo. E sumiu. Eu não sabia se ele havia sumido por minha causa. Eu não queria saber.

E então, a sexta-feira passou e o final de semana começou a vir e me lembrei. Eu estava ferrada, com Jack faltando tanto, não havíamos podido treinar o resto da coreografia, estava boa, mas não perfeita e nós tínhamos que alcançar – e se pudéssemos, talvez, até superar – a perfeição.

Um tanto a contragosto, ligo para Jack. Não queria ouvir sua voz, não queria me lembrar das horas que passávamos pendurados no telefone falando asneiras e carícias em formas de palavras um para o outro. Não queria me lembrar porque doía demais.

Ligo uma vez. Duas. Três. Na quarta, penso que, se ele não atender, não ligarei mais. Não estou desesperada. Mas ele atende no segundo toque.

– Alô? – sua voz está estranha.

– Jack? – pergunto só para ter certeza.

– Elsa? – não dá para deixar de notar a pontada de esperança e alegria em sua voz que, digo para mim mesma, não é por minha causa.

– É. Oi, Jack, queria te ligar para perguntar se poderíamos ter um treino a mais enquanto o pessoal treina a entrada do pelotão, acho que temos de fazer alguns ajustes, a coreografia ainda não está fluindo bem, sabe? – espero que ele não pense que estou pedindo isso só para termos mais alguns momentos a sós. Não é. Pelo menos é o que digo para mim mesma. – Com você tendo faltado, não deu para terminar os últimos ajustes da coreografia que queria fazer, um de meus sit-spins não está fluindo bem para a manobra seguinte, lembra-se?

– Ham... – é minha única resposta e sei que ele não lembra.

– Você poderia ou não? – falo, tentando demonstrar impaciência.

– Você já tem a autorização da Tooth? – ele pergunta, com um ar divertido.

– Não, mas... – ele me corta.

– Okay, então deixe que eu faço isso. Ela está aqui em casa. – posso ouvi-lo sorrir do outro lado da linha.

– Obrigada, Frost.

– De nada, amor... – vejo que hesita, parece que não fez de propósito, que ele falou isso como por instinto, costume. Um costume que não vale mais.

– Adeus, Jack Frost. – deixo a irritação, frustração, ódio e toda essa merda que realmente sinto transparecer em minha voz antes de desligar o telefone em sua cara.

E então uma lágrima escorre pela minha bochecha e a limpo. Depois outra, outra e outra e já não importo em limpá-las, apenas afundo minha cabeça em meu travesseiro e torço para que nem Rapunzel, Anna ou Flynn, no andar de baixo, ouçam meus soluços.

Mais tarde naquele dia, lá pelas 7 da noite daquela mesma sexta, uma única mensagem chega:

T. liberou. Amhã 7:30 no ring. OK?”

Respiro fundo antes de responder um mínimo “Okay.” para ele.

Acordo com Rapuzel sacudindo Anna às 6:13 da manhã.

– Ahnn... para, mãe. Eu não quero ir pro parque hoje... – ela murmura.

Sento-me na cama rapidamente. Rapunzel olha para mim e sorri como quem se desculpa, antes de voltar a sacudir Anna.

– Você dança tão bem, Kristoff... quase tão bem quanto beija... – e faz um som estranho de beijo.

– DONA ANNA! – berro e ela pula da cama. Literalmente. Ela cai no chão acarpetado ao lado de sua cama, aos pés de Zel.

– An? O que? Quem foi Benjamin Franklin? TORTA! – ela balbucia com seu cabelo castanho levemente alaranjado cobrindo-lhe o rosto e totalmente desgrenhado, parecendo um ninho de passarinho.

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Mal posso conter o riso quando continuo:

– Que história é essa de Kristoff dançar quase tão bem quanto beija?

Ela cora e sei que está bastante desconcertada. Se levanta e se senta na beirada da cama, que agora Rapunzel está meio deitada, e fala, ainda com as bochechas vermelhas, mas com um sorriso pequenino em seu rosto:

– Oush, eu não posso beijar meu Kristoff enquanto você vive beijando seu Jack só por que sou um ano mais nova, é?

E vejo quando ela percebe que minha expressão divertida desmorona. Mal me lembrava. Já estava demorando para o destino vir me dar um soco de realidade no estômago e a tristeza uma tapa de saudade na cara.

– Não, Elsa... não foi isso que eu quis dizer... – ouço Anna tentar se desculpar antes de eu fugir do quarto. Pego um agasalho qualquer que encontro no caminho e cubro minha camisola antes de sair para o clima frio da cidade. Aquele casaco não era por causa da frio, que fique claro, o frio não me incomoda, não me incomodou e nunca me incomodará – “Menos o frio de sua ausência.”, sussurra-me uma voz que ignoro –, é por causa da minha vestimenta mesmo.

Quando faltam vinte minutos para a hora que Jack e eu deveríamos nos encontrar, volto para casa, mas estão todos desesperados, Flynn, que está vendo a TV, como se esperasse que a qualquer momento aparecesse a manchete: “Garota loira de camisola é atropelada e morre.”, Rapunzel está falando desesperadamente com alguém no telefone, tia Silvia está descabelada, Kristoff está consolando Anna, que chora copiosamente e... Jack está em um canto da sala parecendo mais desesperado do que todos juntos.

Quando abro a porta, todos olham para mim em expectativa. Tia Silvia para de tentar arrancar os cabelos, Flynn para sua passagem frenética entre os canais, Rapunzel balbucia um rápido “Ela apareceu. Tchau.”, Anna deixa escapar um soluço, que fica, hann... digamos... parado no ar, Kristoff somente a aperta mais forte contra o peito e Jack... bem... Jack simplesmente corre e me aperta forte contra seu peito. Não posso deixar de curtir aquela emoção por alguns instantes antes de me afastar bruscamente.

– O que é esse circo todo aqui? – imaginava que estivessem preocupados comigo, por isso, assim que as palavras escaparam de minha boca, me arrependi do meu tom.

Mas ninguém além de mim pareceu se importar, Jack simplesmente se afastou enquanto os outros – inclusive Kristoff e Flynn – viam me abraçar.

– Estávamos tão preocupados... – lamentou tia Silvia, sem parecer se importar com o quão amassadas suas roupas estavam ficando em tão pouco tempo, logo ela, sempre tão impecável.

– Desculpa, Els, eu não deveria ter dito aquilo. – Anna me apertou mais enquanto os rapazes nos soltavam.

Depois tia Silvia também nos soltou. E logo eu não estava abraçando mais ninguém, o pessoal estava normalizado, então, sem me explicar, subi e fui tomar banho. Não sem antes cochichar no ouvido de Anna:

– Livre de Jack.

E berrar antes de entrar no banheiro:

– VOCÊS EXAGERAM EM TUDO.

Às sete e meia, lá estávamos eu, Jack, Rapunzel, Flynn e Anna, já que Kristoff tinha que ir para o ensaio de abertura lá no Nike High School – nome tosco.

E o treino transcorreu bem, foi até rápido, enquanto eu e Jack – mais eu do que ele, já que ele não sabe quase nada sobre patinação artísticas no gelo – tentávamos arrumar os movimentos, Anna ficava torcendo como a fofa que ela é e Flynn e Rapunzel ficaram se pegando nas arquibancadas.

Até tivemos tempo de treinar uma vez com o pessoal do pelotão de entrada, Merida e Soluço iam entrar juntos, Hans estava se comendo de ciúmes no meio do grupo, no entanto, Astrid parecia legal com aquilo – porque, apesar dela nunca ter aberto o jogo para mim, estava mais do que na cara que ela estava totalmente de quatro pelo Soluço –, se não estava, pelo menos fingia melhor do que Hans.

E então chegou o grande dia, a abertura do Jogos. Na verdade, em Seattle as coisas eram mais animadas, o que deveria ser o contrário, já que, pelo que eu ficara sabendo, a Nike High School e a Olympic eram super rivais.

Bem, a história que me contaram era que nossa querida Olympic foi fundada por um cara chamado George Martínez. George tinha um rival chamado Cameron Oliviera, porque, segundo as más línguas da Olympic, os dois eram amigos, ficaram afim de uma mesma garota, George acabou arrebatando o coração da moça e então o invejoso do outro cara pegou raivinha por ele. O tal Cameron Oliviera, quando ficou sabendo que George havia construído uma escola só para prodígios olímpicos, decidiu criar uma para rivalizar com ele, a Nike High School.

Nike, em inglês, significa Nice, deusa grega da vitória, competição, olimpíadas e essas coisas, por isso o nome. Quando a galera da Olympic ficou sabendo, alguns foram para lá, como ótimos traíras, e outros permanecerem firmes e forte na Olympic, tornando o ódio mútuo que ambas as escolas sentiam. As brigas entre elas foram inúmeras, tipo os Capuletos e os Montecchios em Romeu e Julieta, e nem o surgimento das outras duas escolas, a Elite High School e a Faith High School conseguiu diminuir os conflitos.

Então, há treze anos atrás, como um gênio, o pai da diretora Tooth, cansado das brigas, deu a ideia de ser criado um campeonato para as brigas cessarem enfim e as diferenças das escolas serem resolvidas no campo/pista/tatame/ringue/etc. A coisa, devo dizer, parecia até com os Campeonatos das Casas de Harry Potter, a Olympic e a Nike são como Grifinória e Sonserina – respectivamente – e a Elite High School e a Faith High School como Corvinal e Lufa-Lufa, não que eu ache que ele se inspirou em Harry Potter...

A Olympic já ganhou por cinco anos, a Nike por quatro e tanto a Elite como a Faith por dois anos. Esse ano é o ano que a Olympic quer disparar para a frente e a Nike quer empatar.

– A Nike High School tinha um hino. – conta-me Astrid. – Mas parece que os alunos de lá se esqueceram dele, para você ver como lá é uma bagunça. – ela revira os olhos. – Hoje em dia, as músicas que eles cantam quando deveriam estar cantando o hino da escola é We Are The Champions. Não sei porque ainda permitem isso. Eu acho ofensivo, já que os campeões, na verdade, somos nós.

– Patético. – concordo. – Sinceramente, We Are The Champions? Alô? É a criatividade ligando. Ela disse que vocês perderam ela e o senso lá nos anos 1900. – Astrid ri.

Um Banguela de pelúcia bastante surrado para em minhas mãos. Olho para a pobre pelúcia, esperava que sobrevivesse até o fim do desfile. Passo o Banguela para Astrid e num ato estranho, ela o leva até o rosto e cheira.

– Uh, esse bichinho deve ser de Soluço. Tem o cheiro dele. – a olho com as sobrancelhas erguidas e sorriso divertido nos lábios. Ela cora. – Desculpa. Não sei se contei para você... nós estamos saindo, sabe? Nada sério, por enquanto. Estou esperando ele me pedir em namoro logo... – ela faz uma cara triste e posso ver que está realmente angustiada, ela deve gostar mesmo dele, se ele estiver brincando com seus sentimentos... ele vai se ver comigo.

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Ela passa o Banguela para trás.

– Sabia que foi ele quem deu nome ao mascote e fez o “design” dele? O colégio já tinha um mascote, sabe? Era um dragão meio esquisito que chamávamos de “Dragão” mesmo... super a ver com “Olympic”. – ri. – Então Soluço foi falar com a Tooth para elaborar um nome e um design decente. Ela deixou. Então ele fez essa Banguela, apesar de todos dizerem que é um dragão macho... machista. – suspira. – Parece que Banguela era o nome de uma gatinha que ele tinha, só que morreu, então ele... digamos... “doou” o nome ao mascote. E então pegou. Tenho muito orgulho dele por isso.

E então paramos, eu estava tão distraída que bati nas costas da pessoa a minha frente, que, graças a Deus, era Kristoff.

– O Campeonato começou, galera! – Soluço anuncia e a galera vibra em resposta.