Music of The Night

Reconciliação


Erik alcançou Christine no meio do caminho para a Casa do Lago. Em desespero, abraçou-a com força – ignorando as tentativas dela de escapar – sussurrando calmamente:

– Perdoe-me, meu amor, perdoe-me. – tomando o rosto dela nas mãos, secou com beijos as lágrimas que escorriam pela tez pálida – eu nunca deveria ter dito aquelas palavras. Perdoe-me.

– Como você pôde sequer cogitar que eu estivesse protegendo Raoul? – soluçou a moça, afinal parando de lutar e deixando que seu marido a abraçasse – Depois do que ele fez... Do que ele tentou fazer...

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– Eu estava zangado, meu amor. Por favor, perdoe-me! Jamais quis magoá-la, minha querida – ele lhe beijou o rosto e a fronte, desesperado pelo perdão de sua amada, desejoso de aliviar a dor que provocara nela.

Por longos minutos a jovem ficou nos braços de seu Anjo, tentando conter as lágrimas que teimavam em escapar. Quando afinal conseguiu se conter, murmurou envergonhada:

– Perdoe-me, meu amor... Perdi o controle. Estou tão assustada com o que está acontecendo...

– Não tenha medo, Christine – o Fantasma a tomou pelas mãos e a conduziu pelo caminho em direção a seu lar – eu estou aqui com você. Não deixarei que machuquem nossa família.

– Você é quem está mais vulnerável, no momento, meu Anjo – respondeu a cantora – A Viscondessa vai fazer todo o possível para que você seja preso e condenado. Até mesmo plantar provas falsas. – ela deitou o rosto no peito forte – não suportaria perdê-lo, meu Anjo!

O Anjo apenas acariciou o rosto de sua mulher, terno e gentil, antes de responder:

– Daremos um jeito nisso, meu amor. E, se tudo o mais der errado, eu tenho uma solução.

– Como assim, tem uma solução? – perguntou a soprano, intrigada, enquanto entravam na gôndola. Com cuidado ela se sentou no fundo do barco, segurando seu bebê contra o peito carinhosamente; Erik a fitou com expressão vitoriosa e explicou:

– A surpresa a que me referi. Passei as últimas semanas resolvendo algumas antigas pendências... Enviei algumas de minhas composições aos teatros de Viena, Londres e Berlim, e todos eles demonstraram interesse em minhas obras. – os olhos do Fantasma brilhavam de entusiasmo - E também declararam que suas portas estão abertas a uma jovem e promissora soprano parisiense.

– Ah, meus deuses! Erik! Isso é maravilhoso! – a vontade da moça era pular no colo de seu amado e beijá-lo até ambos perderem o fôlego, mas se conteve para não balançar o barco – É absolutamente fantástico!

– Eu sei que você ama a Ópera Populaire, mas quis nos proporcionar a possibilidade de viver em outras cidades, se quiséssemos. – Ele se curvou e a beijou carinhosamente – E parece que o fiz bem a tempo. Se as coisas ficarem muito perigosas na França, podemos nos mudar.

– Faria isso por nós? Deixaria a França, o teatro... Tudo o que conheceu?

– Eu faria qualquer coisa por nossa família, minha querida – respondeu o homem; a barca alcançou a margem, e ele ajudou sua mulher a descer – Não tenha medo: tudo ficará bem, enquanto estivermos juntos.

Christine fitou-o, maravilhada e orgulhosa, enternecida com o gesto de seu esposo e com o coração aquecido por amor e paixão. Como era possível amar tanto outra pessoa?!

– Já disse o quanto eu te amo?

– Sempre gosto de ouvir – respondeu o músico, puxando-a para mais um beijo. Vivienne resmungou no colo da mãe e começou a choramingar, chamando para si a atenção da artista.

– Está bem, querida. Você está com fome, não é? – perguntou a jovem mãe, sorrindo, antes de voltar-se para seu esposo – e você está encharcado. Desculpe pelo banho frio...

– Está tudo bem – assegurou o Fantasma – eu mereci.

– Por que não vai tomar um banho quente? Vou trocar e amamentar nossa garotinha, e já vou ao seu encontro.

Erik assentiu e acompanhou sua esposa até o quarto do bebê; seria a primeira vez em que Vivienne dormiria no quarto cuidadosamente preparado para ela.

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– Bem vinda ao lar, pequenina – sussurrou o Anjo, beijando a filha e depois a esposa, enquanto Christine se sentava na poltrona para amamentar a criança. Foi só depois de ver sua mulher confortavelmente acomodada, alimentando o bebê, que o músico deixou o quarto e foi para o banheiro.

*

Imerso até o peito na água quente, o Fantasma meditava a respeito dos recentes acontecimentos, procurando conter a raiva que ainda fervia em seu peito, alimentando seu desejo de assassinar a Viscondessa de Chagny. Ele não o faria, por amor a Christine e Vivienne, mas não podia se impedir de desejar o sangue da megera.

Estava assim, perdido em pensamentos, quando a voz de sua esposa o chamou de volta à realidade:

– Eu conheço essa expressão: você quer matar alguém.

Voltando-se na direção da moça, o Fantasma não pôde deixar de sorrir ao ver a figura de Christine: ela se livrara do vestido, e agora usava apenas a combinação de algodão que pouco contribuía para cobrir seu corpo. Com um sorriso gentil, ela se ajoelhou junto à banheira, abraçando Erik pelas costas; suas mãos deslizaram pelo peito dele, acariciando-o de modo provocante enquanto ela apoiava o rosto na curva do pescoço de seu amado.

– E Vivienne?

– Dormindo profundamente. Não vai acordar tão cedo... – respondeu a moça, beijando o rosto do Fantasma.

– Continue me abraçando desse modo, e eu logo esquecerei a vontade de matar – suspirou ele, deleitado, segurando as mãos da esposa nas suas.

– Tenho uma idéia melhor para fazê-lo esquecer – sussurrou ela ao ouvido de seu Anjo. Com expressão marota, levantou-se e se colocou à frente dele, deslizando as alças da combinação pelos ombros e deixando então que a peça caísse ao chão. Os olhos de Erik brilharam de desejo ao contemplar o corpo nu da mulher, mas havia hesitação em seu semblante... Ele provavelmente temia que ela não estivesse totalmente recuperada.

Deixando suas vestes onde haviam caído, Christine entrou na banheira e se aproximou de seu amado, beijando-o. Ele retribuiu o beijo com paixão, puxando a jovem mais para perto e envolvendo-a num abraço intenso.

– Tem certeza, minha querida? – perguntou ele, entre um beijo e outro – não quero machucá-la.

– Shhh – ela o silenciou com mais beijos sôfregos – não pense, e não fale. Apenas sinta, meu amor. Entregue-se.

Erik sorriu e voltou a beijá-la, trazendo-a para seu colo, abraçando-a com amor; só percebia agora o quanto sentira falta do toque dela nas últimas semanas, como desejara ter novamente aquele corpo delicado em seus braços... Mas não houve muito tempo para pensar: as emoções e sensações se apoderaram de ambos, obliterando suas mentes e libertando toda a paixão que sentiam, imergindo-os num mar de amor e prazer que afastou todos os medos e lembranças. Ali, havia apenas eles, e isso era tudo de que precisavam. Tudo estaria bem, enquanto estivessem juntos.