Paraíso de Verão

Ela Não Vira as Páginas, Ela Troca de Livro.


Leiam as notas finais e iniciais por favor! :3

— O que aconteceu, afinal?

Ela mordeu os lábios, como se estivesse culpada ou não quisesse me contar algo.

— Não lembro muito bem.

— Mentira. Anda.

Ela começou a me narrar lentamente o momento em que eu a deixei até ela pedir uma pinã colada. Quem bebe isso?

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— Então eu peguei muita gente, ele também pegou muitas, mas, diga-se de passagem, eu devo ter pego mais gente que ele. Só que ai, no final ficamos juntos. – Annabeth conta a história de olhos fechados.

— Annabeth sua vida amorosa está muito complicada, cansei de dar conselhos tchau! – apontei para a porta e ela saiu bufando e rolando os olhos. –Em vez de facilitar as coisas, você só complica. Não vou mais ficar quebrando a cabeça não! – ela resmungou alguma coisa que não dei o trabalho de prestar atenção.

Contrariando todas as minhas previsões acabei aceitando o convite estranho de Luke, eu não sei o que ele pensa, mas deve ser algo totalmente diferente da minha concepção. Porque eu acho que ele vê isso como “namoro” e eu vejo como “estou sem nada para fazer mesmo”. Como eu disse concepções diferentes.

Então agora ele fica me ligando, mandando mensagens e dando ataque de ciúmes. Lembrando que essa coisa aconteceu ontem e ele já fez uns dois ataques de gente ciumenta.

Eu não sei se vocês perceberam, mas eu já estou ficando irritada com essa melação. Tanto que eu nem quis ouvir os dramas da Annie. E ela nunca pega cara nenhum. Eu deveria estar preocupada.

Meu celular apita com mais uma mensagem e viro os olhos.

“Onde você está?”

“Em casa. Morrendo.”

“Hã?”

“Tô bem, tô viva. O que você quer?”

“Quer sair hoje?”

“Não.”

“Como assim não?”

“Não tô a fim de sair Luke. 2 bjs.”

Desliguei o celular. Puxei uma coberta e dormi rapidamente.

***

POV Annie

— Thalia... Idiota. – murmurei, dando mais uma facada no bife da bancada. – Quem pensa que é? “Não quero mais ouvir seus dramas.”

Torci o nariz.

Rolei os olhos após imitá-la. Sei que provavelmente pareço ridícula nessa cozinha, falando sozinha e ainda por cima, esfaqueando um pedaço de carne para fazer bife. Admito que não está ficando muito bonito de ser ver.

A porta da cozinha abriu, então virei, encarando um Nico de cara amassada, justamente na hora que eu acertava mais uma facada na pobre carne.

— Eu, hm, - ele fez uma expressão confusa ao ir em direção a geladeira e pegar um suco. Acho que ele tinha acabado de acordar. Pensando bem, o Nico parece dormir muito nessa vida que eu levo aqui. Ele não faz nada não? – Não tenho certeza se essa é a melhor forma de fazer bife.

Rolei os olhos.

— Então faça você, espertalhão.

Lentamente ele se aproximou de mim, colocou seu suco na bancada, tirou a faca de minhas mãos e começou a cortar calmamente a carne em tiras perfeitas. Bufei.

— Eu não achei que você fosse mesmo fazer.

Ele sorriu de lado antes de olhar para mim.

— Acho melhor você deixar o jantar por minha conta. Sua sobremesa é ótima, mas ouvi boatos que comidas salgadas não gostam de você.

— Exatamente! – exclamei. – Uma pessoa que me entende. Não é que eu não saiba fazer. Elas é que não gostam de mim. Dá nisso.

Ele deu uma risada leve e pediu que eu colocasse água para ferver, para fazermos macarrão.

— Isso você consegue fazer, não é?

— Engraçadinho. – murmurei, rolando os olhos.

Mas eu estava gostando daquilo. Percebi, de repente, que nunca havia parado para ter uma conversa civilizada com Nico. Desde que viera para esta casa as únicas coisas que se passavam pela minha cabeça eram meu pai, praias, festas, não brigar com Thalia e, bom, nem preciso comentar. Nico passara totalmente despercebido por mim.

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— Ei, Nico. – murmurei, fazendo com que ele emitisse um som de como quem diz “Estou ouvindo”. – Sinto muito pelos últimos dias.

Ele me lançou um olhar inquisitivo.

— Ah, sabe, desde que cheguei aqui, mal falei com você. Aliás, nem te agradeci por nos deixar ficar aqui. Você sabe, poderíamos ser assassinas em série e você nos deixou ficar mesmo assim.

Ele deu um sorriso de lado.

— Não se preocupe Annie. Eu fiz isso pela Thalia. Naqueles dias eu realmente estava muito afim dela e ter ela na minha casa não seria nada mal para passar o verão. – o sorriso que surgiu em seus lábios foi tão malicioso que eu não sei se dou risada, me escondo ou fico com vergonha. Preferi rir. – Só que admito que tem dias que tenho vontade de despejar você na rua da amargura.– arregalei os olhos, mas ele riu da minha cara – Estou brincando loira, só que Thalia consegue ser bem irritante quando quer. Além de que, sinto falta de dar as minhas festas –ele suspirou – Mas eu entendo que nessa casa tem coisas que chamem mais sua atenção do que eu.

— Ah. Hm. Certo. Pois é. Já posso colocar o macarrão?

Ele assentiu. Pela primeira vez se passou pela minha cabeça de que poderíamos estar sendo, de fato, um peso morto para eles.

— Olha. Não vou tentar proteger o lado de Percy, ou dizer que ele teve uma vida difícil, que tem esse jeito pegador pra esconder uma angústia e tristeza profunda, e que você não deve ser dura com ele, porque isso não cola. Você deve sim ser dura com ele. Ele é realmente um galinha pegador. Não vou proteger aquele cara, por mais amigo que ele seja. Se quer um conselho, pule fora enquanto não entra no frenesi que Percy Jackson espalha.

Parei surpresa por uns instantes, sem entender.

— Então, você quer que eu...

— Eu não quero que você faça nada. – ele murmurou risonho, virando para mim após limpar as mãos. – Eu só estou lhe dando um conselho. E, com certeza o meu conselho não seria “Se joga gata, vai que você é a mulher que muda o coraçãozinho dele? Agarra esse homem!”

Dei uma risada sendo seguida por Nico, entendendo finalmente o conjunto de coisas que fazia o coração de Thalia bater mais forte. O humor irônico, o ar sombrio que se dissipava com uma simpatia impressionante e, apesar de não ser o meu estilo, uma beleza realmente interessante.

— Obrigada querida, - murmurei, ainda rindo. – pensarei muito bem a respeito disso tudo. E, quer saber de uma coisa? Minha vez de dar um conselho. Thalia não gosta de grude, até estar apaixonada. Ela gosta de um desafio. Gosta que pareça que ela está no comando, mesmo adorando que outras pessoas mandem. O segredo é não deixar na cara que você está dando as ordens e não ela. Aliás, sobre ela: siga uma lógica de preguiça e senhas se dissiparão. Literalmente. – dei uma piscadela. – Agora vou deixar você com nosso maravilhoso jantar.

Sai da cozinha deixando um Nico com expressão confusa, mas me sentindo inexplicavelmente leve.

***

POV Thalia

— Você cancelou uma saída com seu namorado para dormir? – acordo com uma voz irônica murmurando muito perto do meu espaço pessoal. Abro os olhos e dou de cara com Nico que me encara com um sorriso divertido quando, eu, quero pular em seu pescoço e esganá-lo.

— O que você quer? Não está vendo que eu estava dormindo? – ele me ignora e continua mexendo no meu celular.

Celular. Meu. Meu celular.

— Meu Deus Nico me dá esse celular! – tomei o celular dele. – Como você vai pegando o celular dos outros desse jeito e como você descobriu minha senha? – ele ergue uma sobrancelha.

— Thalia, sua senha é 1234 não é como se eu não fosse descobrir. – virei os olhos. Hora de mudar de senha 5678 parece ser uma boa. Fácil, mas que ninguém pensa.

— E se você colocar 5678 eu vou continuar pegando o seu celular. – bufei.

— Você viu!

— Não, eu segui sua lógica de preguiça. – revirei os olhos.

— O que você quer?

— Ah sabe como é, tinha nada pra fazer e vim aqui.

— Vai embora. Não sou segunda opção de ninguém.

— Eu sei que não é.

— Então tchau.

— Só pensei que poderíamos fazer alguma coisa juntos já que... – antes dele terminar a frase seu celular toca. – Ah um minuto. Oh espere! É a Abby. – ele direciona-me um sorrisinho.

— Você nem gosta dela, não atenda! – com mais um olhar ele atende o telefone.

— Olá Abby. – ele abre um sorriso galanteador. Pego minha almofada e jogo nele. Minha pontaria é péssima, então a almofada passa bem longe do Nico. Pego a outra, chego mais perto e começo a bater nele repetidas vezes. – Hoje? Nada. – ele para e coloca uma mão tampando o celular para Abigail não ouvir. – Por Deus Thalia fique quieta. – ele tenta puxar minha mão, mas tudo o que faço é dar outra almofadada nele. – É tão infantil. – ele destampa o celular. – Ah claro. Lanchonete da Mina? Não, quero outra coisa. Diferente e especial. – Ah sim.

Senhoras e senhores, Nico di Angelo pediu por isso. Levanto-me na cama e dou alguns passos para trás. Sem me preocupar com a possível torção de algum membro do meu corpo ou hematomas, me jogo em Nico. Derrubando ele da cama e fazendo ele soltar um grito estranho. O celular cai. – Meu celular! – recupero minha almofada e por um segundo penso em colocar a almofada em seu rosto e pressioná-la tempo suficiente para que nunca mais qualquer pessoa do mundo olhe para Nico di Angelo, mas com eu não queria passar o resto da minha vida atrás das grades, resolvo continuar com minha série de batidas com almofadas.

— Vai embora daqui! E da próxima vez que você falar com a nojenta da Abigail eu vou atrás de você! Eu sei onde você mora e onde dorme. – levanto-me, arrumo meus cabelos e saio dali.

***

Tomates.

O tomate é o fruto do tomateiro. De sua família, fazem também parte as berinjelas, as pimentas e os pimentões, além de algumas espécies não comestíveis.

Tomates são frutas.

Comida.

Mas isso não impediu algumas pessoas, que fumaram loucamente, de fazer um filme sobre tomates assassinos.

Quer dizer, que erva louca essas pessoas fumaram?

O Ataque dos Tomates Assassinos é uma quadrilogia.

E depois de algumas pesquisas, porque eu fique abismada com isso, descobri que, na verdade, é um filme considerado um clássico.

E pensei “Como os tomates matam as pessoas?”

Quer dizer, os tomates se unem e correm atrás das pessoas?

Que viagem é essa?

De todo jeito, eu fiquei um bom tempo pensando nessa guerra muito louca de tomates x humanos. E até fiquei encarando por um bom tempo um tomate que estava na fruteira. E não, o tomate não pulou em cima de mim.

Até que alguém resolve dar o ar de sua graça, descendo as escadas. Me viro e vejo Nico ali, todo arrumado e cheiroso. Incrivelmente cheiroso dá pra sentir de longe. Ele simplesmente pega as chaves do carro e anuncia:

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– Vou sair com a Abby. – eu encaro ele e ele me encara. Ficamos por um tempo assim até que ele dá de ombros e vai embora.

Fico por um tempo estática, não sei se devido ao filme de tomates ou por Nico sair com Abby.

Só sei que eu não ia aceitar isso!

Claro que eu não posso mudar o rumo do filme e das pessoas drogadas que produziram e assistiram, mas eu posso ir atrás de Nico.

Tipo, quê?

Vou estragar o encontro deles.

Vou sim.

Subo as escadas, pego um casaco e calço um tênis. Pego as chaves do meu carro e vou seguindo Nico. O carro dele para na casa de Abby, uma casa bem bonita, mas não muito porque eu não vou ficar elogiando nada que pertença à Abigail.

O carro segue e eu mantenho o meu há uma distância considerável e que não levante dúvidas.

Até que Nico para o carro em frente a um parque, que está todo iluminado com barraquinhas de comida. Tem até uma ponte e um lago, os dois descem e Nico abre a porta para ela. Eu não sei se pego uma pedra e jogo na cabeça dele ou se pego uma pedra e jogo na cabeça de Abigail ou ainda se pego duas pedras e jogo na cabeça dos dois.

Ambos vão até o parque, conversando, gesticulando, rindo. Meus olhos pareciam querer se mover contra minha vontade e ficar girando até caírem.

Desligo o carro e desço, começo a segui-los pelo parque. Me misturo com as pessoas e até pego a revista de uma senhora distraída para esconder meu rosto quando eles passaram em frente a mim.

Tento ficar perto para ouvir o que eles estão falando, mas não é uma tarefa fácil.

Até que Nico beija Abigail.

Isso mesmo senhoras e senhores. Nico beija Abigail e quero deixar uma anotação aqui:

Claro que Abigail se ofereceu, pulou em seu pescoço e sorriu bastante, mas foi Nico. Nico com sorrisos galanteadores, sendo o cavalheiro que ele não é e ele que tomou a iniciativa do beijo.

Não vi tudo embaçado por lágrimas ou coisa assim. Minha visão ficou embaçada, porém por raiva.

Saí do parque, esquecendo do meu disfarce, e pouco ligando se Abigail ou Nico iriam perceber.

Pego o carro e dirijo para casa o mais rápido possível.

Thalia Grace não vira as páginas.

Eu troco de livro.

E este é o meu Paraíso de Verão.