Paraíso de Verão

As Melhores Férias de Todas.


— Não comece Brooke! Eu vou e ponto final.

Virei os olhos enquanto ouvia aquela voz novamente. Por que ela não calava logo a boca? Fechei a última mala olhando pela janela. O sol queimava lá fora. Eu queria sair, correr, sentir o vento no meu cabelo. Ir pra longe. Ser livre. Era um pedido muito difícil?

Pisquei quando Brooke estralou os dedos à frente da minha cara, aliás, ela não parecia nada amigável naquele momento, mas pude vê-la respirar fundo e tentar outra vez. Provavelmente percebera que eu não ouvira nem uma única palavra.

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— Annabeth entenda que é muito perigoso irem só você e Thalia em uma viagem...

— Brooke! Eu já tenho dezessete anos! Não sou mais criança! Aliás, você não é minha mãe ok? A minha você matou lembra? – Os olhos da minha madrasta se encheram de lágrimas.

— Annabeth, por favor...

— Chega. Eu estou indo. Diga ao meu pai que pode me ligar daqui quatro dias. Nenhum dia antes.

— Annabeth Chase! – gritou ela. Parei e a olhei pelo canto do olho. – Você não vai a lugar nenhum.

Sorri enquanto jogava a super-bolsa nas minhas costas.

— Tente me impedir.

Suspirei enquanto saia. Quem ela esperava enganar com aquele teatrinho? Era assim que eu era com a minha madrasta, não tenho vergonha de admitir: não dava a mínima para ela. No começo quando meus pais se separaram eu não tinha problemas com ela, ela era adorável e se dava relativamente bem com a minha mãe. Sim, dava no passado. Agora não é possível. Minha mãe morreu. Em um acidente de carro. Na véspera do Natal há oito anos. E Brooke era a culpada. Eu consigo me lembrar das palavras daquela cobra até hoje.

— Annabeth! Você está tão linda, me dê um abraço. – Disse Brooke que abriu os braços, me encaixei neles. – Que bom que gostou do vestido. Ficou certinho em você. Chloe também gostou, ela chutou bem forte quando o vi. – Ela respondeu feliz, acariciando a enorme barriga. Mal podia esperar para conhecer a criancinha.

— Chloe não, Brooke. Já disse que vai ser Charlotte. – disse meu pai aparecendo e encaixando um braço na cintura de Brooke.

— Charlotte é nome de velho Frederik, não se iluda. – disse minha mãe.

— Gosto de Heather. – eu disse.

— Heather então. – disse Brooke e sorriu para mim.

O jantar de Brooke estava delicioso. Logo acabou o refrigerante, porque Brooke não podia beber, e minha mãe se ofereceu para ir comprar, porque Brooke precisava do refrigerante. Lembro que ela chegou perto de mim e me deu um beijo na testa.

— Volto logo querida. – disse ela sorrindo.

Atena Chase não voltara para casa aquela noite. Nem em noite alguma. Algum bêbado idiota tirou sua vida, ignorando o sinal vermelho e colidindo de frente com o carro de minha mãe. Quando cheguei ao local do acidente, ainda não tinha caído a ficha; só quando vi as sirenes, os repórteres, o carro destroçado de minha mãe e seu corpo coberto com um lençol, aí sim eu chorei. Gritei. Esperneei. Balancei o corpo de minha mãe e implorava para ela voltar. Seus lábios estavam azuis, seu corpo gelado e pálido, seus olhos fechados. Eu vi que me filmaram, tinha muitos curiosos que viravam a cabeça, oravam, choravam. Filmaram Brooke e meu pai chorando e tentando me arrastar, filmaram os bombeiros me acalmando e me dizendo que ela não sofreu. Morreu com o impacto, foi rápido e indolor. Disseram-me que foi parada cardíaca instantânea, quando o coração não encontra sangue o suficiente para bombear. Ouvi só uma parte. Só sei que depois daquilo um sentimento de ódio se instalou em mim. A culpa foi de Brooke. Ela não precisava do refrigerante.

Balancei a cabeça para afastar aquilo tudo. Era dia de animação. O que poderia dar errado? Entrei no carro e rumei para a casa de Thalia. Ela já devia estar me esperando, o discurso de Brooke me atrasou mais do que o esperado.

Dito e feito.

— Está atrasada! – ela disse com um sorriso, que não era tão amigável assim para quem observasse.

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— Brooke. – eu disse simplesmente.

— Ah. – ela disse baixinho, com o sorriso desaparecendo e voltando logo depois. Thalia era a única que sabia o que havia acontecido naquela véspera de Natal. – Ok então, esqueça esses pensamentos ruins e vamos para a praia! – ela disse abrindo o porta-malas e jogando suas coisas lá, joguei as minhas também e entramos no carro. Não me preocupara com isso quando sai de casa.

— Por favor, Thalia, diga-me que essa roupa no seu corpo é a única preta que eu verei a viagem toda. Diga que você está com o arco-íris ai dentro. Diga que não vai dar uma de punk louca a viagem toda.

— Sinto muito princesinha, mas hoje não é o seu dia de sorte. – ela murmurou sorrindo.

Espera. Ela sorriu?

— Que bom humor é esse dona Thalia?

— Nada. – Ergui as sobrancelhas. – Só a expectativa de chegar logo e sentir a maresia.

— Pensei que não gostasse do mar.

— Que bobagem Annie, eu não estaria indo para a praia se tivesse medo do mar.

— Eu nunca disse isso.

— Mas queria dizer.

— Não, eu não queria.

— Ok. – ela disse ligando o carro. O quê? Só porque o carro é meu, eu preciso dirigir?

— Só pensei que você ainda se lembrasse do siri, caranguejo, ou sei lá que animal era aquele.

— Annabeth! Esquece esse bicho.

— A gente não sabe Thalia! Vai que ele agarra o seu pé de novo. – Ela revirou os olhos, quando comecei a gargalhar.

— Eu vou te deixar aqui, praga. – Ela disse séria, mas logo abrindo um sorriso de canto enquanto colocava o CD e aumentava o volume. Sorri. Pude sentir o vento vindo com toda a força em nossa direção. O verão estava apenas começando e então seriamos apenas eu, Thalia, curtição, sem dores de cabeça ou os fantasmas do passado. Apenas o doce sabor do verão.

— Preparada para as melhores férias de todas? – perguntou ela mais alto que a música.

— Não mesmo!

— Nem eu!

Ri ao ouvir uma música que gostava; deixei a melodia entrar na minha cabeça e me levar para onde quisesse.