Quem é o monstro?

Capítulo 4


— O quê...? Você já está chorando? Mas ainda nem começamos? — Treze falou com uma voz doce.

— Monstro desgraçado... — o assassino balbuciou em meio a engasgos de sangue.

— E mais uma vez você me chama de monstro. — O Ghoul pisou com força na cabeça dele. — Isso me irrita profundamente. — Toda a doçura desapareceu, deixando apenas seriedade e sadismo. — Mas mesmo você me irritando, estou pensando em libertá-lo. O que me diz? Acho que já aprendeu a sua lição.

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— Por... por.. favor... — O homem murmurou.

— O quê? — Treze colocou mais força no pisão. — Você terá que falar mais altooo! Eu não consigo te ouvir dai de baixooo! — Sua personalidade era inconstante. Agora ele cantarolava as últimas palavras das suas frases.

— Por favor, me deixe fugir! — O homem gritou por clemência.

— E você aprendeu a sua lição?

— Sim, eu aprendi. Agora deixe-me ir.

Derrotado. Aquele que se julgava o predador estava completamente derrotado. Mais do que isso, agora implorava pela sua miserável vida. Aquele que um dia pensou que fosse um predador de humanos, viu da forma mais cruel e brutal, que não era. Ele pensou que fosse o topo da cadeia alimentar, mas mal sabia que acima, oculto nas mais profundas trevas, havia alguém que com facilidade o subjugaria, o tornando a sua presa.

— E qual é mesmo a lição, jovem gafanhoto?

— Não matar mais as mulheres! — Ele forçava a sua voz, tentando deixá-la alta, mas suas forças estavam acabando e a cada palavra ele falava mais baixo.

— Só as mulheres?

— Não! Não matar mais ninguém!

— Hm, agora sim está bom. — Treze removeu a barra que o prendia e retirou o seu pé de cima dele.

O homem se arrastou em direção à rua, deixando um rastro de sangue por onde passava, enquanto isso o Ghoul permaneceu em pé no mesmo lugar, o observando enquanto segurava a barra de ferro suja de sangue. O coração do assassino acelerava mais a cada instante. A rua estava realmente muito próxima. Desde que entrara naquele beco, tudo fora um terrível pesadelo. Na verdade fora pior; pesadelos não deixam marcas e aquilo deixou. Uma mão decepada, a outra perfurada; um nariz quebrado, um lábio cortado, um corte na cabeça e a falta de uma parte do pescoço. Além de outras escoriações menores, sem contar os traumas psicológicos.

Mas naquele momento nada disso realmente importava. Ele sairia vivo de lá, o restante se ajeitaria com o tempo. Todos os traumas sumiriam com o passar dos dias e ele se adaptaria a viver uma nova vida. Uma vida sem mortes. Não gostaria de encontrar aquela criatura novamente. Não gostaria de desobedecê-lo. A lição fora aprendida. Ele havia entrado um assassino no beco e estava saindo como um homem justo.

— O-brigado pela chance... — o Homem falou sem tirar os olhos da saída, enquanto se arrastava. — Eu não cometerei mais crimes!

— Oh, eu tenho certeza que não — o Ghoul proferiu, com um tom de escárnio que pôde ser sentido pelo assassino.

O seu coração gelou e acelerou ainda mais. Em meio ao seu desespero ele começou a se arrastar mais depressa, faltavam apenas cinco metros para que saísse daquele maldito beco. Caso conseguisse, talvez alguém estivesse por ali para ajudá-lo. “Falta pouco”, ele pensou, cheio de esperanças. Mas ele foi despido destas mesmas esperanças ao som de um “crack” abafado. Sua espinha havia se partido em sua base. O Ghoul havia pisado com força em suas costas e este foi o resultado. O assassino não sentia mais as suas pernas; somente uma dor aguda que o fez gritar intensamente. Sua garganta ardia e ele desejava de uma vez por todas morrer.

— Você pode até ter se tornado um homem justo, mas é uma pena que eu não seja misericordioso! — O Ghoul removeu o pé e o levantou pelo pescoço usando a mão direita.

— Me mate! — o assassino balbuciou.

— Te matar? Ah, claro que eu farei isso. Não tenha dúvidas, mas vamos nos divertir mais um pouco. — Treze colocou sua canhota perto do olho esquerdo dele.

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— O que irá fazer? — ele gaguejou. Era notável o medo em sua voz. O Ghoul conseguia sentir o seu suor frio, seu corpo tremendo e sua cara de espanto, até mesmo o cheiro do seu medo. Isto o satisfazia.

— Nada demais. Apenas vou pegar o Dango dos Ghouls.

— Dando dos Ghouls?

— Exato — Treze pressionou a região, o olho do homem saltou para fora das órbitas, e sem cerimonia alguma ele o arrancou.

O assassino gritou em desespero, enquanto a sua córnea balançava de um lado para o outro, agora ela estava fora de sua cabeça e descia por seu rosto. Com a boca aberta, treze prendeu o olho entre os seus dentes. A pupila estava em direção ao assassino. É uma cena completamente bizarra ver alguém segurando o seu olho com os dentes. Imagine seu próprio olho decepado de seu corpo o observando de forma acusadora. Aquilo era demais para ele. Neste momento a morte era a única coisa que desejava.

O Ghoul engoliu o olho e logo se pôs a falar:

— Vamos lá, Joe. Esse é o seu nome, não é? Eu sei tudo sobre você, seu assassino de mulheres. Você as mata e depois estupra seus corpos sem vida antes de dilacerá-los. Realmente pensou que eu deixaria uma aberração como você escapar?

O assassino tentou falar, mas a pressão em sua garganta era tão intensa que isso se tornou uma tarefa impossível. Treze não queria ser interrompido. Então ele continuou:

— Não me interessa saber se você viveria uma vida digna ou não! Você só sairá vivo daqui se me matar e você não parece apto a fazer isso! — O Ghoul proferiu ao jogar o homem em direção à parede.

Ele acertou a parede com força, caiu sobre o duro chão, e de lá não se moveu mais, ainda estava vivo, mas para morrer era só questão de tempo. Treze com certeza aproveitaria bem o pouco tempo de diversão que lhe restava. O Ghoul se aproximou segurando a barra de ferro suja de sangue. Usando apenas as mãos ele a quebrou ao meio. Um dos pedaços ele cravou na parede, pouco acima da altura de seus olhos, o outro ele soltou pelo chão. Treze segurou o assassino pelo braço, então girou sobre os calcanhares, o levando junto e novamente o jogou contra a parede. Desta vez ele acertou a parede quando estava de cabeça para baixo. A sua coxa direita foi atravessada pela barra de ferro. O homem ficou pendurado. Apenas um leve gemido de dor foi solto. Estava tão acabado que não tinha forças nem mais para berrar. O Ghoul pegou o outro pedaço da barra e o cravou na outra perna.

Pouco a pouco, o sono da morte se apossava cada vez mais daquele miserável humano. Sua consciência já estava se dissipando. Mas Treze fez questão de trazê-la de volta com um soco desferido no seu estômago. Um grito de dor misturado com um ranger de dente pôde ser ouvido.

— Assim está bem melhor. Está muito cedo para dormir. — O Ghoul sorriu inocentemente. — Eu vou lhe arranjar um brinquedo para que possa se distrair.

Treze segurou o tornozelo esquerdo de Joe com uma das mãos e com a outra ele segurou pouco acima do joelho; com um brusco puxão os ossos do joelho partiram-se e saltaram para fora da carne. Ele puxou com mais força até que os tecidos e tendões se arrebentaram e a perna soltou-se em sua mão. Sangue e mais sangue fora esguichado. Ele escorria pela parede e descia pela perna do assassino.

— Brinque com isso — Treze colocou o pedaço da perna na mão do homem. Ele tentou a segurar, mas estava sem forças e acabou a derrubando no chão. — Desgraçado! — Treze vociferou ao pegar a perna do chão. — Eu arranjo algo para você e é isso que faz com o brinquedo?! Imperdoável! — ele proferia enquanto batia na cara do homem com a sua própria perna.

Após dez golpes ele arremessou a perna em direção ao lixo. O assassino estava coberto de sangue. Nem em seu pior pesadelo ele imaginou que acabaria daquele jeito; Mutilado, humilhado e sujugado. Quando estava cheio de vida, a única coisa que queria era o amor de uma pessoa, mas ninguém nunca o amou, nem mesmo a sua mãe. A verdade é que ela fora a pessoa que mais o detestou. Ela sempre o agredia e insultava. Fora ela a culpado pelos seus transtornos mentais e por ele ter tomado esse caminho. Se alguém além dele merecesse tamanho castigo, esta pessoa, com certeza, seria a sua mãe.

— P-por... favor... — Ele utilizou as forças que restavam.

— Hm? O que você quer?

— S-sei que... não fui uma boa... pessoa... que fiz... coisas horríveis... que matei pessoas... e que isso é imper... doável... mas por favor... me mate sem ódio... não tenha rancor de mim... eu lhe imploro. — Lágrimas verteram do seu olho, do que forra arrancado escorria um líquido que parecia sangue, porém era mais claro.

— É só isso que você quer, Joe? — Treze indagou ao cruzar os braços sobre o peito.

— Sim... apenas... isso...

— Certo. Então vamos acabar logo com isso — O Ghoul descruzou os braços.

Joe segurou a mão de Treze, ele olhava para as costuras enquanto passava seu polegar por elas.

— Hm, o que foi?

— Quando eu estava... o vigiando... fiquei imaginando o... significado destas... marcas...

— Então você quer saber o significado? — Treze perguntou ao se ajoelhar.

— Sim...

— Acho que está tudo bem, já que você logo morrerá.

O Ghoul sussurrou o seu segredo no ouvido do homem, que se empenhou o máximo para ouvir com clareza. Cada palavra proferida o fazia mudar de expressão, variando entre espanto e horror. No final ele sorriu.

— Então era isso?

— Sim, era.

— Era totalmente... diferente do que eu pensei — o assassino findou sorrindo.

— Sempre é — Treze aproximou sua boca do pescoço dele. — Adeus Joe.

— Adeus... Tre-ze...

O Ghoul mordeu o pescoço do homem que estava no seu momento final. Como na vez anterior ele puxou a carne até que ela arrebentasse, só que desta vez atingiu uma das artérias principais do corpo. O restante do sangue que havia em seu corpo jorrou em várias direções, sujando tudo que ali estava. As roupas de Treze foram alvejadas de sangue. De seu rosto escorria o líquido vermelho. Ele lambeu ao redor dos seus lábios, sentindo novamente o gosto amargo e deixando com que a fome o invadisse.

Voraz é a fome de um Ghoul, os fracos nunca devem presenciar estas criaturas comendo quando estão famintas. Treze enfiou a ponta dos dedos na boca do cadáver e forçou a abertura, tamanha foi a força que o crânio daquele ser estourou. Ele pegou o cérebro, ignorando todo o resto, e o levou até a boca. Devorou-o com enorme voracidade. Pedaços e fluídos cerebrais foram lançados em várias direções.

Quando notou que as mãos estavam vazias ele se lançou em direção à barriga do homem; rasgou as suas roupas com as mãos e dilacerou a sua carne com os dentes. Ele mordia e engolia toda aquela carne com enorme velocidade e satisfação, logo chegou às entranhas, as quais ele devorou com satisfação. Treze só parou quando sentiu os seus dentes rasparem nos tijolos que estavam do outro lado. Por fim ele lambeu o sangue que estava na parede, havia acabado. Ele estava satisfeito.

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O jovem foi em direção à saída do beco, limpando o rosto sujo de sangue, enquanto andava. Para trás havia deixado um cadáver irreconhecível para a polícia. Lembrou-se quando Joe havia dito que cometeu a maioria dos assassinatos daquele bairro. Treze sabia disso, sabia também quem cometera os outros. Ele mesmo. Todos eram assassinos. Todos mereceram o seu triste fim. Aquele Ghoul amava os humanos, por isso se tornou um inspetor. Ele investigava os casos de assassinato e sempre dava o seu jeito de pegar a sua presa. Joe não foi o primeiro e nem seria o último.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.