Surreal - Art and Insanity

Capítulo 74 - Selando acordos


Com o papel e a caneta em minhas mãos, busco o que escrever. Depois de tanto tempo pensando nela, pensando em tudo que diria e logo depois mudando de ideia e decidindo que não diria nada e assim seria melhor.

Agora não sei o que escrever, não sei o que ela pensará ao ler, não sei se lerá e não sei se ela ainda é ou se parece pelo menos um pouco com a Anne que conheci. Mas o que estaria perdendo se ela não fosse a mesma? Eu já perdi tudo que poderia, deixei tudo pra trás e ainda nem sei o porquê, ela é minha chance de descobrir.

Doutora Fisher ainda está sentada, me encarando, posso sentir seus olhos curioso. Essa curiosidade só vai leva-la para baixo e não serei eu o culpado.

Respiro profundamente e direciono meus olhos a ela, que não desvia o olhar... Sei que a Doutora se sente forçada a não hesitar, é sua mascara, assim como a que eu usava quando estava lá fora. Ela tenta ser forte, usar a expressão de quem sabe mais do que qualquer outro, como se tudo tivesse uma resposta que será encontrada num artigo.

O que a Doutora não sabe é que eu vejo milhares de fissuras em sua armadura.

Aproximei-me, sentando na beirada da cama e coloquei minha mão nas suas que descansavam em suas pernas.

—Você está sendo muito importante para mim... É uma pena eu estar aqui, ter te conhecido assim, mas Eu mostrarei que sou inocente. _Meu sorriso mínimo acompanhou o dela.

Meus dedos foram em direção ao seu rosto, a pele era clara mesmo com a camada de maquiagem, quase imperceptível. Meus olhos fitaram os seus, que tinham algo entre surpresa e expectativa. Enquanto nos meus olhos... Não sei o que havia em meus olhos, não lembro da ultima vez em que os vi, mas imagino que havia o necessário para passar por aquele momento.

Capturei seus lábios com os meus, os provei; era um sabor que seria lembrado, guardado em minha memória. Algumas pessoas merecem ser lembradas de alguma forma; eu lembraria dela dessa forma: Me beijando de volta, levando sua mão até o lado do meu rosto, como se impedisse que eu me afastasse.

Minha mão foi até seus cabelos presos num coque impecável, soltei os grampos rápida e delicadamente, ela sequer deve ter percebido até ter seus cabelos caindo sobre os ombros numa cascata dourada.

Estávamos ali, era para ser ali. Não teria hora ou momento melhor para tê-la. E não haveria arrependimento, seria apenas Fisher, eu e meu desejo de sair daquele lugar.

A despi, não haviam muitas peças em meu corpo, não nos demoramos nisso. Ela já parecia ter esquecido onde estava e sua função, e eu não me importei.

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