Surreal - Art and Insanity

Capítulo 34 - Delírio


Todos fazem planos lá fora, eu não estou lá e nunca estive de verdade.

Planejam comprar carros, ter uma família, ter riqueza, jantares em restaurantes caros, filhos na universidade, poder... Desejam tudo que podem e não podem ter.

Mas o que adianta querer tanto e não poder nada de verdade, quando olhamos no espelho e não vemos nada de verdade, apenas as mascaras com expressões felizes, textos decorados para dar uma boa impressão e vê que tudo é mentira, a vida é uma mentira, felicidade uma mentira, o amor mais uma mentira covarde?

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Olha o relógio e vê o quanto é tarde demais pra ser feliz, seu corpo clama por calma, mas em sua alma há milhares de ferida sem cicatriz?

Para os desejos não existem remédios, para o querer não existe cura, uma saída qualquer. Só existe a pobreza: de alma, de vontade, de felicidade, humanidade...

No silencio da noite posso ouvir as perguntas em meio a falta de sono das pessoas pela cidade: O que restou do amor, do sonho... Se tornou pura ambição, só suor, lágrimas, sangue, perda, pó e solidão?

Eles querem rezar, mas para quem?

Se os deuses estão mortos, não há mais divindade ou ritos, ninguém para ouvir você num confessionário ou na noite escura, gelada, vazia; contando os seus pecados sem um perdão.

Mas usa sua omissão para não dar a mão a um pobre qualquer, que como os outros milhões precisam de cigarros, comida, água, consolo...

Todos continuam a desejar de tudo um pouco e de um montante o excesso,
de coisas inúteis que desejam sem nem pensar,
basta olhar.
E eu confesso:
Se pudesse conceder desejos manteria-me atado ao meu egoísmo,
não concederia nada, apenas exigiria mais e mais de tudo que desejo,
por infinitos segundos almejo, apenas para esquecer qualquer outra coisa
mais importante.
Nesse montante, de tudo que não precisamos existe o que precisávamos
e nos desfizemos, como se não fosse nada.
Então é a hora de nos perguntarmos: onde estão os sonhos?
Tornaram-se desejos? Foram esquecidos?

E para a dor que rói a carne tensa sob a pele fina; não há um só remédio em toda medicina, resta aguentar ou desistir deixando de estancar o corte, sem ligar para as poças.

Talvez eu seja um herói, um salvador no corpo do vilão ou talvez eu esteja só delirando mais uma vez.