White

— O que fizeram com ele? – Perguntei me ajoelhando ao lado de Jasper, ele estava desmaiado, eu comecei a desamarra-lo e incrivelmente ninguém me impediu, quando terminei o puxei para mais perto de mim e o abracei. — Por que ele esta aqui? Oque quer fazer com ele? – Me virei para Maira, que estava ao lado da rainha, que observava a cena com um ar de soberba sufocante.

— Não fizemos nada, você fez... Deveria ter ouvido sua mãe, coelhinho. – A rainha começou a se aproximar sorrindo e eu a encarei da forma mais neutra que consegui, se tem uma coisa boa que aprendi nesses malditos anos como cumplice foi manter a calma, ou pelo menos fingir.

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— Eu? Desculpe me, mas receio desconhecer os fatos apresentados. – Comecei com a voz neutra e afiada. — Tudo oque sei é que gosta de torturar crianças.

— É pode ser. – Ela disse e se ajoelhou a minha frente, uma grande honra devo dizer. — Eu só preciso de você, mas se quer que ele se machuque por min tudo bem. – Ela ameaçou encostar em Jas, mas eu segurei sua mão antes e a encarei com um sorriso idiota.

— E por que, vossa majestade, iria querer um simples... Escravo? Não conseguiu usar minha irmãzinha e veio atrás de mim, emocionante. – Falei e lancei um olhar desafiador a Maira. — Posso não entender o motivo, mas eu sei que há algo que a fez me manter vivo, eu sei que há algo em mim que você deseja, então por que não diz logo oque é e eu penso se te mato agora ou deixo pra depois.

— Sua astúcia me irrita. – Maira disse sorrindo, a rainha se levantou e andou até seu trono no fim da sala, minha querida mãe se aproximou um pouco e uma corda negra apareceu em sua mão. — Você é como eu, é apenas uma questão de tempo para que se corrompa, talvez se tiver algum incentivo. – A corda disparou em minha direção... Não, na direção de Jas, mas antes que ela pudesse chegar eu a fiz queimar.

— Não se importa mesmo não é? Ele é seu filho, assim como eu... Não pode ao menos tentar ser uma mãe uma vez que seja?

— Minha filha esta morta.

— Oque ela tem, que eu não tenho? – Perguntei me controlando para não chorar, essa é a pergunta que tanto desejei fazer, Maira me olhou com superioridade.

— Liberdade. Você só trouxe maldição e desgraça, e esse menino nasceu apenas para piorar. Carime era minha saída, era minha chance... Mas você a corrompeu, ela nem ao menos olhou para mim quando nos reencontramos.

— Vocês se reencontraram? Ela sabia que estava aqui? – Eu estava pasmo, minha irmã sabia e mesmo assim... — Não entendo.

— Acha mesmo que minha melhor aluna não estava ciente dos meus planos? Mago do tempo, mago do tempo, parece que o tempo... Ou melhor, a falta dele interferiu em seu raciocínio. – A rainha comentou com ironia e apenas abaixei a cabeça, incrédulo, eu a perdoei, perdoei minha irmã, então por que ainda dói?

— O que querem de mim?

— Seu sacrifício para um bem maior. Confie em sua rainha, meu pequeno servo.

— Ou então? Seu rei sabe que o bichinho de estimação dele esta sendo mau tratado, Mary Anne? - Provoquei e ela sorriu amargamente.

— Não o envolva nisso Allister, você não esta em posição de ameaças e nem de nenhum acordo.

— O que pretendem fazer ao Jas?

— Ai já depende do ponto de vista, sou uma rainha adorável como bem sabe, se recuse e ele morre, resista ou tente fugir e eu o torturo, aceite e eu... Dou a ele um tempo a mais de vida. Bem, funcionou com Loke, pense que posso ser mais caridosa do que minha mãe foi com ele.

— Loke é um prisioneiro sem correntes, não ouse pensar que pode fazer o mesmo a meu irmão.

— Te darei um tempo. Pense bem, seu destino é se tornar meu sacrifício, você nasceu com a chave para derrotar minha maldição, então é bom que decida com calma.

— Tudo bem eu penso, mas só se deixarem Jas comigo, se não eu provocarei o maior caos. Não tenho medo de morrer e sei que precisa de mim.

— Ótimo, levem os dois para uma das minhas celas particulares. – Mary Anne sorriu pra mim como se eu fosse sua presa. — Tudo é questão de tempo não é mesmo, White Rabbit.

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— Ah! Pode apostar Rainha vermelha. – Um soldado me segurou e passou a mão em frente ao meu rosto, instantaneamente eu dormi.

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Abri os olhos e me deparei com Jasper me encarando preocupado, eu tentei me levantar, mas senti minha cabeça começar a doer, uma pessoa me ajudou a me sentar e me ofereceu um pouco de água, minha visão estava um pouco turva.

— O que... Onde?

— Esta na cela particular da rainha vermelha. Poucos têm a honra de vir parar aqui, você é realmente muito especial. – Eu me virei para ver de quem se tratava e quase desmaiei outra vez.

— Co... Como? – Foi tudo o que consegui pronunciar ao ver aquele rosto..

— Grandes responsabilidades vêm com grandes preços. Ser o guardião da única arma que pode matar a rainha da nisso, assim como meu irmão eu só estou vivo por que o destino foi amigável, pelo menos o máximo que pôde. Já não tenho mais noção do tempo, mas tem algo que eu ainda sei. – Ele sorriu e eu tive certeza, era ele, só podia ser. — Eu ainda sei te reconhecer.

Eu praticamente me joguei em seus braços, ele me segurou com força. — Eu pensei que tivesse morrido.

— Alli, eu torci tanto para estar bem, eu tive tanto medo.

— Alli? – Jas me chamou, notei que ele estava encolhido num canto, eu sorri, ele é mesmo parecido comigo, ou pelo menos com oque eu era, eu ergui a mão e ele veio até mim. — Quem é? – Ele perguntou olhando confuso para o homem, que também tentava entender quem era aquele ser pequeno e eu ri.

— Esse é Jasper, ele é filho de Maira, de um segundo casamento. – Eu disse e o homem sorriu.

— Ora! Então essa é a identidade da pessoa que ficou me encarando desde que acordou, é por isso que não saiu do lado dele não é mesmo? – O homem disse e Jas sorriu sem jeito.

— E Jas, esse é... Como posso explicar? Meu tio, Johan, pai do Erick.

— E agora. – Johan começou a falar um tanto animado demais. — Sou seu oficial companheiro de cela, é um prazer Jasper. – Ele piscou pra Jas e me abraçou novamente. — Ele tem a idade do Erick, de quando o vi pela ultima vez, não é mesmo? – Sussurrou ao meu ouvido e eu consenti. — Então o destino esta sendo mesmo amigável comigo. – Ele se virou para Jasper. — Ei! Seu irmão tem sido bom pra você? Por que senão vou ter que conversar seriamente com ele.

— Ele é o melhor do mundo. – Jas exclamou e sorriu pra mim.

— Ótimo, assim que eu gosto, um herói tem que ter o melhor.

— Mas... – Jas baixou os olhos e Johan segurou em um de seus ombros.

— Pequeno Jas, o que a rainha quer é nos infernizar, mas, sabe um herói não se abala só por estar preso.

— Sou um herói?

— É sim meu pequeno, é só acreditar, sonhe. – Johan olhou nos meus olhos, uma definição básica dele, é a versão adulta de Erick, loiro, olhos verdes, sorriso agradável e esta sempre disposto a melhorar seu dia. Jas o abraçou e fechou os olhos, pouco tempo depois ele adormeceu. — Pobre menino, vamos deixa-lo sonhar. – Ele pegou Jas no colo e o colocou em cima de um colchão velho que estava jogado por lá, depois sentou ao meu lado.

— Tio, não entendo, como esta vivo?

— Eu tenho um trabalho a fazer.

— E qual é? - Ele olhou pra mim e sorriu.

— Salvar quem eu amo.

— Maira quer nos matar tio, eu não sei se suporto isso, tenho medo. – Confessei e ele me abraçou, céus, que falta ele me fez, ele era o único pra quem eu contava meus medos, meu pai sempre estava fora e eu sempre fugia para a casa dele, acho que por ser irmão do meu pai eu sempre me senti bem em dizer, era como... Se meu pai estivesse por perto também

— Tudo bem, eu vou te proteger.

— E tem mais uma coisa. – Comecei e Johan me encarou desconfiado, eu sorri. — Diferente de você e do Erick, eu não sei como ser um irmão mais velho.

— Ora essa. – Ele riu. — Então eu te ensino, vamos ter tempo mesmo, e eu preciso ouvir sobre meu filho.

— Ah! Tempo, nunca pensei que fosse dizer isso, mas... Realmente temos bastante tempo, pelo menos até que Alice apareça.

— Alice? Quem é Alice? Oh! Não me diga que... É a dona do seu coração não é? Ah! Eu sabia, conta para o seu tio conta, eu posso até te dar umas dicas se quiser.

— Quer saber algo sobre seu filho? Ele é igualzinho a você e com influencia de Ás, ó céus, me pergunto se alguma garota pode fazê-lo entrar nos eixos. – Resmunguei e ele riu.

— É digamos que é de família. O talento para o amor.

— Ó céus, tal pai tal filho. São iguais até nisso. – Reclamei e algo passou pela minha mente, na verdade mais do que isso, eu meio que senti um relance de algo muito familiar, magia do amor. — Tio, tem mais alguém preso por aqui?

— Ah! Sim, não nessa cela, mas tem outras e certamente tem pessoas, por quê?

— Acho que é a família de Alice. Mas também acho que senti uma forte magia vindo de lá.

— Eu também sinto Alli, do tipo poderosa.

— Do tipo que poderia nos ajudar? – Perguntei esperançoso e meu tio me encarou sorrindo perigosamente.

— Do tipo meu querido, da rainha.

— Rainha de copas?

— Não meu jovem herói... Da rainha de Jadis... Alice! Não a sua Alice certamente.

— A primeira Alice, ela é era a rainha?

—Era não meu doce, ainda é. - Ele disse e eu engoli seco.

—Espera, se a primeira Alice é a rainha de Jadis então... A minha Alice é, uma princesa?