A menina que falava com os pássaros

Sonho de uma manhã de outono - Parte II


Os pés descalços de Jenny já estavam sujos e machucados quando o castor parou no meio da floresta. Ambos arfavam. Seus olhos castanhos e felinos vasculhavam cada galho.

— Chegamos, princesa.

Ela olhou em volta, com um sorrisinho no rosto, mas não encontrou nada.

— Chegamos aonde?

O castor caminha até um lugar cheio de folhas caídas, e segurando algo, puxa. Logo uma pequena porta redonda se abre no chão.

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— No nosso esconderijo, aqui estaremos seguros. Venha logo, antes que nos vejam.

E sem perder tempo, a pequena criatura começou a descer por uma pequena escada. Jenny estava extasiada, nunca havia participado nada disso. E sua cabeça estava sendo perseguida!

Isso sim era algo que valia a pena perder seu precioso tempo. Não ficar indo na escola aprendendo coisas tolas que não servem de nada para ela.

Sem demora, a garotinha começou a descer a escada que descia reta, sem esquecer de fechar a porta. Atrás de si, pequenos globos de vidros com vaga-lumes azuis dentro, eram dispostos por todo o túnel vertical, iluminando ambos.

Era possível apenas ouvir a respiração pesada dos dois. Ela sabia, e conseguia sentir, não entendia como, que o castor estava muito nervoso e agitado. Com certeza ele esperava ela faz tempo.

— Essa escada é muito longa, vamos parar do outro lado do mundo? – disse, já entediada.

— Não, já estamos cheg – foi interrompido quando a garotinha escorregou o pé e caiu sobre ele. Ambos despencaram, ela gritando, até que bateram no chão, e o castor, obviamente, estava por baixo.

— Desculpa, te machuquei? - Jenny engasgou, se levantando e limpando o vestido.

O castor se levantou lentamente. — Não, foi um prazer amortecer sua queda. – e inclinando as costas para trás, ouviu-se um crec.

Jenny riu abafado, e olhou para trás, mas só para ficar estática, com os olhos vidrados.

— Esses, princesa, são seus servos fieis.

Na mesa redonda que ficava no meio da sala pequena, de paredes de pedras curvas como um iglu, sentavam-se outros animais. Também dotados de fala e consciência.

Em cima da mesa, tinha uma coruja de grandes olhos sérios e sábios. Em uma das cadeiras, um macaco de pelo amarelo como ouro. Em outra, um lobo com um corpo humanizado. Sentava-se como gente, e também poderia andar como tal.

Sentiu algo cutucar seu pé, e quando Jenny olhou para baixo, viu um camundongo fêmea, vestida com uma pequena armadura medieval. A garotinha ficou a observar mais um pouco, então exclamou.

— Uau! Vocês são reais!

— Sim, nós somos. – respondeu a coruja, que na verdade Jena descobriu que era um corujo. — Eu sou a sua curiosidade. A sua capacidade de entender as coisas do seu próprio jeito.

O macaco então se levantou, andando em volta dela.

— Eu sou sua infância. Posso ir onde quiser, e subo onde quero. E ninguém é mais ágil que eu! - então o macaco amarelo bateu as mãos no peito.

Jenny observava tudo com um sorriso grudado na boca. Os olhos brilhavam como nunca. Se virou enérgica para o lobo, apontando seu dedo. — E você, quem é?

O lobo acinzentado, de olhos azuis e profundos se levantou. Era o maior de todos.

— Eu sou sua sagacidade, sou sua lógica e sua estratégia. Nós iremos nos juntar e vencer a Normalidade. E essa pequenina aí do seu lado, é sua força para encarar os malvados.

A garota pegou a “camundonga” na mão e alisou sua cabeça.

Jenny observou a todos novamente, como se ainda não acreditasse naquilo. Então uma lembrança súbita passou por sua cabeça, e ela olhou para o castor, apontando.

— Ainda não me disse seu nome, Shenhor Caxtor.

O castor ficou surpreso e juntou as mãos. Obviamente era o mais tímido ali. — E-eu sou... eu sou a sua esperança. Porque mesmo pequeno, posso construir coisas que resistem às correntezas...

A princesa cerrou os olhos, inspirou fundo e decidida falou. — Muito bem, qual é o plano? Precisamos salvar os Pássaros da Dinamite, e derrotar de vez aquela garota malvada!

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— Pássaros do Limite. - corrigiu a camundonga, correndo pelo ombro dela.

— Os exércitos já estão prontos e escondidos. Só estávamos esperando a princesa para ser a cabeça de todos nós. Agora que ela já está aqui, podemos atacar o castelo sem que eles sequer vejam quem fez. – concluiu o lobo.