Diário de Uma Bruxa - 2° Temporada
Uma Vaca Rosa
Filch estava cada vez mais próximo, e a única coisa em que podia pensar era: “no que eu me meti?”. Terrance miou de novo, e vi o feixe da lanterna sendo apontado pra ele, seus olhos brilhando ainda mais.
– Ah, é só você. Gato idiota, fique longe da minha Madame Norra!
Ele chiou e seus pelos se eriçaram. Aparentemente, não gostava nada de Filch. Então ele andou em direção à lanterna.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Saia daqui, gato! Xô! – Terrance saiu do meu campo de visão, mas podia ouvi-lo. Também ouvi Madame Norra chiar e miar como um demônio. Olhei com cuidado por uma fresta da armadura e pude ver a cena.
Terrance estava miando como um filhotinho, rolando no chão, estendendo a pata e pedindo o amor e a aprovação dela. Revirei os olhos, imaginando o quão bobo era o meu gato.
– Vamos, querida. – Filch começou a andar para a direção contrária, e Madame Norra se virou junto, jogando o rabo na cara de Terra e erguendo a cabeça, orgulhosa e pomposa. Ele soltou um miadinho triste e abaixou as orelhas. Pobre gato.
Então meu grito foi abafado por uma mão que cobriu minha boca.
– Shh, quieta... – uma voz disse.
– Me solta! – eu arranhei as mãos que cobriam meu rosto, mas mais uma vez, minha voz foi abafada. Então mordi seu dedo o mais forte que pude e assim que ele me soltou, me virei em sua direção.
– Draco?! – sussurrei, e vi que ele tentava não gritar de dor, segurando seu próprio dedo, que estava sangrando – Santo Salazar, você quase me matou de susto!
– E você quase arrancou meu dedo! – ele praticamente esfregou o dedo na minha cara – OLHA ISSO!
– SHHH! – estávamos sussurrando – Filch pode voltar. O que dementadores você está fazendo aqui?
– Eu poderia perguntar o mesmo.
O olhei com censura.
– Não se desvie da minha pergunta.
Ele se calou, e, por alguns segundos, ficou indeciso. Não parecia saber o que falar direito. Finalmente, suspirou e fechou os olhos.
– Olha...eu sei de tudo. Eu sei que você está ajudando Você-Sabe-Quem.
Fiquei em silêncio por alguns segundos, o encarando.
– Você também está, não é?
– Minha família também não me dá muita escolha, Lou. – eu podia sentir a dor em sua voz, e ele me deu um sorriso seco.
– Eu... – suspirei - ...eu tenho que enviar uma carta. Pra...ele. – fiz uma careta.
Ele assentiu.
– Ele me pediu pra ficar de olho em você. Já que você está tão indecisa.
Corei.
– Ele sabe?
– Bem...é uma longa história. Devíamos sair daqui antes que alguém nos encontre. Vamos para a torre das corujas, você tem de enviar essa carta.
Andamos até a torre em silêncio, ambos constrangidos demais pra falar algo. Subimos as longas escadas e logo chegamos até lá. As corujas estavam piando, inquietas e bem acordadas.
Procurei uma pra entregar a carta e vi Holland, que piou pra mim com um tom assassino. Encontrei uma cinza e discreta, perfeita. Amarrei o envelope em uma das suas patas e murmurei um feitiço que tinham me ensinado. Fazia a coruja entrar em um transe e se dirigir imediatamente à mansão da minha família. Você-Sabe-Quem se escondia lá. Assim que ela se foi (eu sempre ficava com pena quando seus grandes olhos ficavam sem vida como estavam agora) suspirei, cansada e me sentei no chão, encostando na parede. Draco chegou perto e se sentou ao meu lado.
– Eu estou assustada. – encostei a cabeça em seu ombro e ele me olhou, meio curioso. Fechei os olhos.
– Eu também. – ele admitiu – Às vezes eu quero só...parar com tudo isso.
Assenti.
– Você disse que tinha uma longa história. Conte ela.
– Podemos conversar amanhã. Você não está cansada?
– Estou. Mas eu não quero ir.
– Nem eu. – ele concordou, suspirando.
Então ficamos ali, apenas ouvindo nossos batimentos cardíacos e as corujas piando. O chão estava frio, mas eu não me importava. Olhei pra ele. Estava de olhos fechados e seu cabelo quase branco balançava pelo vento que vinha da janela. Ele deve ter percebido que eu o olhava, pois abriu os olhos e se virou pra mim. Nossos rostos estavam a um centímetro de distância um do outro.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Nós devíamos ir. – sussurrei.
– Devíamos.
Apesar de falarmos isso, não nos mexemos.
– Seus olhos parecem o céu... – deixei escapar e percebi o que tinha falado. Ia me arrepender no dia seguinte. Corei e ele soltou um risinho que fez algo dentro de mim se retorcer.
– Esse vento frio não faz bem mesmo pra você.
– O QUE OS DOIS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO AQUI À ESSA HORA DA NOITE?
Pulei com o susto e eu e Draco nos afastamos. Filch estava na porta, e não parecia nada feliz. Madame Norra ainda estava tentado afastar Terrance, que miou quando me viu.
– Ah...eu...eu...nós... – tentei arrumar uma desculpa, mas é difícil arrumar uma pra estar na torre das corujas de madrugada com Draco Malfoy. E eu não podia simplesmente falar que tinha enviado uma carta para Voldemort.
– Eu queria encontra-la, senhor. – Draco disse, me surpreendendo – Eu a convenci a vir, ela não queria.
– Não, mas... – eu ia falar, mas Draco me cutucou, então me calei.
– Sei, sei, DIGAM ISSO PARA A SENHORITA UMBRIGE.
Nós nos levantamos e ele disse para o seguirmos. Achei que ia morrer de tanto nervosismo. Nunca tinha sido pega ou punida por nada antes – apesar de já ter andado pela escola de madrugada várias vezes – e tinha certeza de que professor Snape saberia daquilo. Minha reputação perfeita seria arruinada e minha casa perderia pontos. Merda.
– Quem é Umbrige, mesmo? – perguntei, meio sem graça.
– Credo, Louise, você realmente não presta atenção no que Dumbledore diz, não é mesmo? – Draco riu. Seu momento “nem tão babaca” tinha passado. Revirei os olhos.
– É a mulher mais maravilhosa, responsável e esperta que já pisou nessa escola. – Filch disse, sonhador. Sinto cheiro de ilusão amorosa no ar. Não pude deixar de sorrir com o pensamento do Filch apaixonado.
Chegamos à uma porta rosa – como assim? – em que Filch bateu.
– Só um segundo! – uma voz feminina veio lá de dentro. Ela demorou um pouco. Percebi que em frente á porta estava um tapete (também rosa) em que eu podia ler “Bem-vindo”. Fiz uma careta.
Finalmente, a porta se abriu e lá estava a moça de rosa que eu tinha visto no jantar. Ela estava usando um pijama (sei que isso vai chocar você) rosa.
– O que está acontecendo aqui? Por que tem dois alunos na minha porta à essa hora da madrugada?!
– Eles estavam namorando na torre das corujas, senhora. – Corei quando ele disse “namorando”, mas percebi que Draco tinha dado um pequeno sorriso. Olhei pra ele, acusadora e ele se limitou a esconder o sorriso e sussurrar um “o que foi?”.
– Mas isso é um absurdo!
– Eu sei senhora, eu...
– Me acordar no meio da madrugada por causa disso! – o sorriso presunçoso de Filch sumiu – Devia ter cuidado você mesmo disso!
– Ah, mas...eu posso...
– Esqueça! – ela parecia mais irritada com ele do que conosco – Sua incompetência já me fez acordar, cuido eu mesma disso. Saia daqui.
– Como...como quiser. – ele resmungou e nos lançou um olhar de “eu odeio vocês”. Engoli em seco.
– Vocês dois, venham comigo. – ela apertou o roupão cor-de-rosa um pouco mais, e nos guiou pelos corredores até outra sala. Nós entramos e – pasme – também era rosa. E o mais perturbador: tinha inúmeros quadros de gatinhos lá. Alguns estavam dormindo e outros miavam. Olhei para Draco com um olhar de “WTF” e ele parecia tão perturbado quanto eu.
– Os dois, sentem-se. – nós obedecemos, e sentamos em duas cadeiras cor-de-rosa em frente à mesa de madeira tingida de rosa. Ela se sentou em uma cadeira rosa felpuda. Certo, então...rosa.
Ela olhou para nós com certa ansiedade.
– Um pouco mais longe por favor.
Demorei alguns segundos pra entender, mas depois murmurei um “ah” e afastei minha cadeira da de Draco. Estranho.
Ela nos entregou pergaminhos e penas, mas nenhum pote de tinta. Quando indaguei sobre isso ela se limitou à um sorriso bizarro e um “não vão precisar de tinta”.
– Agora...escrevam...
Preparei minha pena.
– ...”não devo namorar escondido”
Se eu estivesse bebendo algo, cuspiria na cara de Umbrige.
– MAS...
– Sem “mas”, mocinha. Escreva.
– Quantas vezes? Eu posso escrever várias. – Draco parecia estar se divertindo. Lhe lancei um olhar assassino.
– Quantas forem necessárias, meus queridos.
Franzi a testa, e mesmo com vontade de chutar a cara daquela mulher de rosa, me controlei e comecei a escrever. Aquilo era TÃO humilhante. Eu sinceramente, preferia escrever “não devo ajudar Voldemort à foder com a vida de todo mundo”, mas era melhor não falar aquilo em voz alta. Eu acho.
Na terceira vez, comecei a sentir um desconforto na mão. Na quinta, esse desconforto virou uma coceira e por fim, na décima estava doendo. Muito. Como se alguém passasse uma faca pela minha mão. Larguei a pena e olhei para ela, e imediatamente entrei em choque.
Estava escrito “Não devo namorar escondido”. Olhei, boquiaberta, para Dolores, que estava sorrindo pacificamente.
– Mas o diabos é isso?! – fiquei indignada.
– Ah, isso? – ela me lançou um sorriso angelical – É sua punição, minha querida.
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