Acordamos um pouco antes do alvorecer o que nos permitiu ver a beleza do sol nascendo atrás das montanhas. Segui Tauriel ainda pelas margens do rio até chegarmos a um cais, lá só havia uma embarcação de tamanho razoável e um homem idoso baixo, magro e de aparência rústica cujo rosto eu desconhecia.

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– Senhor Lenn – chamou Tauriel simpática.

– Tauriel – um sorriso apareceu nos lábios de Lenn, que eu acabara de conhecer.

– Precisamos de ajuda – ela sinalizou para mim com a cabeça.

Lenn inclinou-se um pouco por sobre o ombro de Tauriel e me fitou com estranheza.

– Quem é sua companhia? – ele perguntou.

– Esse... – hesitou Tauriel – É Legolas.

Os olhos do homem se esbugalharam ao saber disso.

– Então ele é o tal filho de Thranduil? – sussurrou ele alto demais para que eu também pudesse ouvir.

– Então parece que já ouviu falar de mim – me intrometi na conversa “particular” entre os dois.

– Oh sim, meu senhor – ele fez uma pequena reverência – Tauriel das raras vezes que veio aqui não falou em outra pessoa.

– Lenn – censurou Tauriel envergonhada.

– E do que ela fala sobre mim? – perguntei curioso.

– Apenas coisas boas! – exclamou ele estonteante – Ela disse que-

– Que estamos atrasados, foi isso que eu disse – Tauriel interrompeu – Vamos Lenn, precisamos de uma carona até City Lake.

– Oh sim, tudo bem, chegaremos lá mais ou menos à tarde. Todos a bordo.

Entramos no barco e Lenn se demorou um pouco para puxar a âncora e içar as velas, era estranho pois eu estava mais acostumado a grandes navios e se deparar com um deste porte dava uma sensação de inferioridade. Mesmo assim era confortável e o rio não tinha muitas ondulações, ou seja, o balanço era quase imperceptível ao longo do caminho.

***

Tauriel estava com os cotovelos apoiados na borda lateral do barco tão absorta em pensamentos distantes que não percebeu minha aproximação.

– Está aqui e ao mesmo tempo não – falei e ela se sobressaltou com a aparição repentina.

– Só estou ansiosa, mellon. E apenas quero que cheguemos logo.

Tauriel continua omitindo os fatos, mas eu sei o motivo de sua aflição: a morte iminente do tal anão devido ao veneno da flecha que o acertou. Como eu quero que seu fim chegue logo, e se não vier eu mesmo o farei. Legolas, o que está pensando? Se mata-lo causaria uma lástima insuportável a Tauriel, é isso o que quer? Vê-la sofrer? Não, é óbvio. Por outro lado seria de uma enorme dor saber que ela o escolheu ao invés de mim.

– É ele, não é? – perguntei com pesar.

– Não sei de quem está falando – respondeu de imediato.

– Pensei que eu fosse seu amigo, não confia em mim, Tauriel?

– Confio, mas você não entenderia se eu dissesse – ela se virou para sair.

– Eu posso tentar – insisti.

Tauriel me olhou por sobre o ombro, os cabelos avermelhados voando ao vento como chamas. Quando eu deixaria de admirá-la tanto assim?

– Estamos perto! – gritou Lenn do leme.

A atenção de Tauriel agora fora voltada para a visão enevoada e distante da Cidade do Lago. O barqueiro já devia conhecer o trajeto por desviar com facilidade das enormes rochas dispostas pelo caminho. E enfim chegamos ao cais, na verdade a cidade inteira parecia ser um enorme cais abandonado no meio do lago. Era fria, sombria e miserável.

– Só posso ir até aqui – Lenn disse.

– Já fez muito, obrigada Lenn, meu amigo – Tauriel lhe deu algumas moedas e o abraçou com gentileza.

Mesmo com alguns olhares estranhos para nós, conseguimos um lugar para ficarmos até a chegada dos orcs, que não deveriam estar longe. Na verdade me surpreendi por termos chegado antes deles, isso nos dava uma enorme vantagem.

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O anoitecer não tardou a chegar. Eu e Tauriel já estávamos preparados, porém o silêncio na Cidade era perturbador, por um momento me perguntei se seguimos os rastros direito ou se na verdade nos enganamos.

– Por que não andamos um pouco, quem sabe os encontremos – propôs Tauriel.

– Você tem total convicção de que decifrou direito as pistas? – indaguei.

– Eu sou muito perspicaz em minhas investigações, você sabe disso.

Concordei e começamos a rondar por todos os cantos do lugar. As casas estavam todas fechadas, tudo parecia calmo, exceto por algumas risadas estridentes e músicas escandalosas que soavam dos bares. Mas algo me dizia que não estávamos sozinhos, de repente ouvimos gritos ao longe, pareciam ser de mulher e não eram parecidos com os que ouvimos dos bares. Eram de pavor. Um pai brincando com a filha talvez? Irmãos brincando de brincadeiras de susto? Descartei todas as hipóteses e fui com Tauriel rumo à solução para esse mistério.