O Médico e o Monstro - Johnlock
Capítulo 4
Depois de uma tentativa frustrada de flertar com Anthea, John saiu do carro, e encontrou um homem alto, bem vestido, apoiado em um guarda chuva cinza. Ainda que estivesse apreensivo, não estava com medo.
–- Você sabe, eu tenho um telefone. Quero dizer, muito inteligente e tudo isso.Mas, ah, você poderia apenas me ligar. No meu telefone.
–- Quando se está evitando a atenção de Sherlock Holmes, se aprende a ser discreto. Por isso este lugar. Sua perna deve estar machucando você. Sente-se.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!O nome de Sherlock martelando em sua cabeça novamente.
–- Minha perna... – John olhou para baixo, e se deu conta de que não estava com sua bengala. – Eu não quero me sentar.
–- Você não parece muito medo.
–- Você não parece muito assustador.
–- Sim. A bravura do soldado. Bravura é de longe a palavra mais gentil para a estupidez, não acha? Qual é a sua conexão com Sherlock Holmes?
–- Nenhuma! Eu não o conheço.
–- Conhece dos seus sonhos... – o homem disse, em tom de deboche.
–- Quem é você?
–- Alguém interessado.
–- Interessado em que?
–- "Problemas de confiança", diz aqui. Interessante... – ele disse, ignorando completamente.
John gelou.
–-O que é isso?
–- Eu imagino que as pessoas já avisaram para ficar longe dele, mas eu posso ver a partir de sua mão esquerda, que não vai acontecer.
–- Minha o quê?
–- Mostre-me.
–-Não.
O homem fez uma cara de incredulidade.
–-O que é?
–- A maioria das pessoas errar em torno desta cidade e tudo o que vêem são ruas e lojas e carros. Em seu sonho, quando você anda com Sherlock Holmes, você vê o campo de batalha. Você já viu isso, não é verdade?
–- O que há de errado com a minha mão?
–- Você tem um tremor intermitente em sua mão esquerda. Sua terapeuta acha que é o transtorno de estresse pós-traumático. Ela acha que é assombrado por memórias de sua época de serviço militar.
–- Quem diabos é você? Como você sabe dessas coisas?
–- Demita-a. Ela está indo pelo caminho errado. Você está sob estresse agora e sua mão é perfeitamente estável. Você não está assombrado pela guerra, Dr. Watson. Você sente falta dele. Bem vindo de volta.
John estava sim, assustado. Muito assustado. Estava em Londres há pouquíssimo tempo, e aquele homem que nunca tinha visto em sua vida sabia tudo o que ele falava com a terapeuta, inclusive sobre seus sonhos.
Como era possível? Havia o sigilo médico-paciente. Mas o problema não era esse. De todas as pessoas no mundo para contar uma coisa dessas, aquela incompetente abre a boca justo para um maníaco que, assim como John, estava à procura de Sherlock Holmes, mas obviamente, com outras intenções.
–- Hora de escolher um lado, Dr. Watson. – ele pegou seu guarda-chuva, e saiu andando. Atrás dele, Anthea iria levá-lo de volta.
John ficou por um tempo parado, antes de entrar no carro. Por trás dos vidros com insufilm preto, via a paisagem noturna da cidade de Londres. Só foi tirado de seus pensamentos quando o carro passou direto pelo hotel em que estava hospedado.
–- Oy! Espera, vocês passaram! Endereço errado...
–- O endereço está correto. – Anthea disse, sem desviar o olhar do celular. – Baker Street, 221B.
–- Como é que é? – John arquejou.
–- As ordens são para deixa-lo nesse endereço. – ela disse, com o intuito de por um fim naquela conversa.
Vendo que não haveria discussão, John resolveu apenas aceitar. Encostando-se no banco de couro, lembrou-se que aquele endereço era o que Donovan tinha lhe dito para procurar por Sherlock. A lembrança lhe causou borboletas no estômago.
O carro estacionou na rua, e foi embora assim que John saiu.
O loiro olhou o céu, que estava começando a escurecer. Encarando o número gravado na porta de madeira azul, não teve coragem de bater. Nem sabia se ele estava lá. Toda a atitude que tinha, toda a coragem e confiança que sentia se esvaíram para o ralo antes mesmo de ele conseguir se aproximar. Seu estômago revirava de ansiedade e de fome. John tirou o papelzinho que Donovan lhe dera, e encarou a caligrafia um pouco torta, com o endereço o qual estava parado em frente.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Seu celular vibrou, e era uma mensagem de Mike. John ficou extremamente aliviado em saber que o amigo tinha se recuperado, e a abriu.
“O endereço que eu queria te falar: Baker Street 221B. A dona é Mrs. Hudson, e ela ainda tem vagas. Boa sorte.”
Encarando o papel e a tela do celular ao mesmo tempo, decidiu que entraria.
Uma chuva começou a cair, e John praguejou. Em pouco tempo, já estava completamente encharcado, e tentava proteger o papel das gotas espessas que caiam do céu.
Por mais forte que a chuva estivesse, John não conseguia se mover. A porta exalava quase que um brilho invisível, irresistivelmente atraente. Queria bater, mas ao mesmo tempo, não saía do lugar.
Uma senhora abriu a porta, e exigiu que ele entrasse.
–- Não fique parado na chuva! Venha, entre!
John obedeceu, dando de ombros.
–- Como é seu nome, querido?
–- John. John Watson.
–- E o que estava fazendo parado nessa chuvarada?
–- Eu ia bater, mas não sei... A senhora é Mrs. Hudson?
–- Sim, sim.
–- Um amigo meu me indicou aqui, dizendo que a senhora alugava quartos, é isso?
O rosto dela se iluminou em um sorrisinho.
–- Sim, é aqui sim!
–- E quanto a senhora cobra?
–- Nah, deixe os detalhes burocráticos para depois. Aceita uma xícara de chá?
–- Adoraria...
Mrs. Hudson foi até a cozinha preparar o chá.
–- Sabe... – ela disse, da cozinha. – Foi bom você ter vindo. Sherlock é muito sozinho...
–- Como disse?
–- Sherlock. Mora no andar de cima. O quarto livre é quase junto ao dele. Talvez sejam amigos.
–- Sim... hã... claro. E que horas ele vem?
John pôde ouvir Mrs. Hudson rir.
–- Ah, Sherlock é imprevisível. Nunca sei que horas ele chega, afinal, não tem hora para cometer um assassinato, não é mesmo?
John deu um sorriso de canto, imaginando o que uma pessoa normal acharia de tudo aquilo.
–- Entendo.
A senhora voltou, com uma xícara, e entregou a John.
–- Já veio com suas coisas?
–- Ainda não, está tudo no hotel. Acho que vou passar essa noite lá, e amanhã cedo volto.
–- Certo então.
–- Onde é o banheiro?
–- Subindo as escadas, vire à esquerda, primeira porta à direita.
–- Obrigado.
John subiu até o primeiro andar, e observou a sala. Tudo exatamente conforme o sonho. Entrou, e quase morreu do coração. Em cima da mesa de centro, havia um par de córneas humanas.
Tentando ignorar tudo aquilo, andou pelo corredor até o banheiro, mas não entrou. Uma coisa atraiu sua atenção. Da última porta do corredor, vinha uma luz leve.
Sendo vencido pela curiosidade, John andou até lá.
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