A Senhora de Nárnia

PARTE 2: As Duas Torres - Capítulo 9


Três dias.

Fazia três desde a batalha onde quase perderam Boromir, desde que Frodo e Sam partiram para além do alcance deles, desde que Merry e Pippin tinham sido levados.

Três dias EM que eles corriam em busca dos dois hobbits, sem sinal de estarem ganhando alguma vantagem sobre os orcs.

Sem um sinal de que os dois ainda estavam vivos.

Susan ainda acreditava. Nunca tinha sido uma pessoa de pouca fé e não ia começar agora. Havia algo dentro dela que dizia para não desistir: Merry e Pippin estavam vivos.

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Foi então que encontraram o broche da capa de um deles.

–As folhas de Lórien não caem a toa. –Aragorn falou.

–Eles podem ainda estar vivos. –Legolas apoiou.

–Menos de um dia a nossa frente. –Boromir decidiu.

–Sigamos em frente, companheiros! –Reepicheep declarou, sacando sua espada.

Susan não aguentava mais correr, mas agora, mais do que nunca, tinha motivos para continuar.

Pelo menos Gimli estava pior que ela...

–Venha, Gimli! Estamos nos aproximando deles! –Legolas chamou o anão, que tinha acabado de alcança-los rolando.

–Não sou bom em trilhas. –ele declarou -Anões são bons em corridas de velocidade. Muito perigosos em curtas distâncias.

Mais a frente Aragorn parou mais uma vez.

–Rohan, lar dos Senhores dos Cavalos. –ele falou -Há algo estranho acontecendo aqui. Alguma força do mal dá velocidade a estas criaturas. Põe sua vontade contra nós.

Legolas avançou além dos demais.

–Legolas, o que veem seus olhos élficos? –o guardião pediu.

–Os uruks viraram a nordeste. –ele informou -Estão levando os hobbits para Isengard.

–Saruman.

XxX

Eles passaram outra noite correndo, mas foi a manhã que fez o coração de Susan gelar.

–Nasce um sol vermelho. –Legolas falou, olhando para o horizonte -Sangue foi derramado está noite.

Aragorn estava parado olhando para o horizonte, então fez um sinal para todos se esconderem atrás de pedras.

Tão logo todos tinham abaixado-se um enorme grupo de cavaleiros passou por eles, em enormes cavalos, lanças em mãos.

Para tantos soldados armados estarem andando por ali, Rohan não devia estar vivendo tempos de paz.

Aragorn saiu do abrigo deles e colocou-se em plena vista.

–Cavaleiros de Rohan! -gritou -Que notícias trazem de sua terra?

O primeiro cavaleiro virou e começou a voltar.

–Puxe seu capuz, Susan. –Boromir falou para a Rainha –Fique atrás de mim. E você se esconda, Reepicheep.

Os dois obedeceram imediantamente, já que a desvantagem ali era clara e eles não sabiam exatamente quem eram aquelas pessoas. Reepicheep escondeu-se atrás da capa de Susan, enquanto ela usou seu capuz para esconder o rosto.

Logo toda a tropa tinha virado. De repente o grupo viu-se cercado em um círculo apertado, lanças apontadas em suas direções.

Aragorn levantou as mãos, mostrando que não queria problema, mas Boromir empurrou Susan discretamente para ficar atrás dele, entre o capitão e Legolas.

Um homem saiu do meio do grupo, claramente seu líder.

–O que fazem um elfo, três homem e um anão na Terra dos Cavaleiros? –ele exigiu -Falem já!

–Diga seu nome, mestre dos cavalos, e eu lhe direi o meu. –Gimli falou com sua arrogância natural, fazendo Aragorn quase revirar os olhos.

A falta de diplomacia do anão ainda ia matar todos eles.

O cavaleiro claramente não gostou da ousadia, pois desceu do seu cavalo imediatamente e aproximou-se.

–Eu lhe cortaria a cabeça, anão, se estivesse um pouco mais acima do chão. –ele sibilou com desprezo.

Legolas, provando que todo o sexo masculino é deficiente de inteligência, puxou o arco e uma flecha, apontando para o homem.

–Morreria antes de desferir o golpe. –ele falou.

Mais uma vez todas as lanças estavam apontadas para eles e a situação tinha tudo para terminar muito mal.

Susan empurrou o capuz para trás e entrou entre Éomer e Legolas, ignorando totalmente o elfo e focando seus olhos no homem.

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–Espere, Mestre dos Cavalos. –ela pediu –Nós não viemos para ofende-lo.

Ao ver-se diante de uma jovem mulher os olhos do cavaleiro arregalaram-se.

–Abaixem as lanças! –ele ordenou.

–Eu sinto muito pelo compartamento dos meus companheiros. –Susan insistiu, então pegou as duas mãos dele entre as suas e trouxe para perto de si –Desespero torna nossas ações imprudentes. Eu sou Susan, esses são Aragorn, filho de Arathorn; Boromir, filho de Denethor; Gimli, filho de Glóin e Legolas, do Reino da Floresta.

–Somos amigos de Rohan e de Théoden, seu rei. –Aragorn completou.

A voz de Aragorn finalmente fez os olhos do cavaleiro deixarem os de Susan.

–Théoden não mais distingue os amigos dos inimigos. –ele falou com pesar e deixou as mãos de Susan relutantemente para tirar seu elmo -Nem mesmo seus familiares. –Ah, ele era parte da família do rei. Isso explicaria sua postura e seu orgulho -Saruman envenenou a mente do rei e reivindica soberania sobre essas terras. Minha companhia é de homens leais a Rohan. Por isso fomos banidos.

Os olhos dele passaram pelo grupo mais uma vez.

–O Mago Branco é astuto. –continuou -Ele caminha por ai, dizem, como um velho de capuz e capa. E, por toda parte, seus espiões passam pelos nossos sentinelas. –terminou, seu olhar fixo em Legolas, como um desafio.

–Não somos espiões. –Boromir falou -Estamos caçando um bando de Uruk-hai a oeste.

–Eles capturaram dois amigos nossos. –Aragorn completou

–Os uruks foram destruídos. Nós os matamos durante a noite. –o homem disse.

–Mas havia dois hobbits! Vocês os viram com eles? –Gimli falou agitado.

–São pequenos, vocês os tomariam por crianças. –Aragorn explicou ao ver o olhar confuso do cavaleiro.

–Não deixamos ninguém vivo. Empilhamos as carcaças e as queimamos. –ele falou, apontando para a distância, onde eles podiam ver a fumaça subindo.

–Mortos? –Gimli arquejou.

O homem fez que sim com a cabeça.

Susan levou a mão a boca para segurar um soluço, mas o olhar dele ja tinha sido atraído para ela mais um vez. Dessa vez foi o cavaleiro que alcançou a mão dela e trouxe para perto de seu peito.

–Lamento. –falou sincero, secando a lágrima solitária que escorreu pelo rosto da Rainha. Então pareceu pensar por um segundo e assobiou, fazendo três cavalos aproximarem-se -Que estes cavalos lhes tragam melhor sorte do que aos antigos mestres.

–Meu senhor. –Susan levantou os olhos para encara-lo mais uma vez –Nós agradecemos sua generosidade. Vá em paz e leve bênçãos com você.

–Adeus, minha senhora. –ele depositou um beijo nas costas da mão de Susan e afastou-se, montando em seu cavalo -Procurem por seus amigos, mas não tenham muita esperança. Elas abandonaram essas terras. Para o norte!

E assim os cavaleiros partiram, deixando os demais sozinhos. Os olhares de todos foram parar em Susan.

A rainha arqueou a sobrancelha.

–As vezes a única coisa que se precisa é um toque feminino. –ela falou –Se dependesse de vocês idiotas nós estaríamos mortos.

Reepicheep saiu de trás da capa da Rainha.

–Camarada interessante o cavaleiro, não? Bem apessoado. –o rato soltou.

Legolas quase atirou uma flecha nele.

XxX

O tempo todo que calvagaram, Susan estivera rezando por um milagre, implorando com todas as forças que os pequeninos ainda estivessem vivos.

Quando se depararam com as carcaças seu coração encheu-se de desespero.

Os cavaleiros de Rohan deixaram uma mensagem bem clara com a fogueira de corpos e a cabeça numa lança. Rohan não era uma terra para orcs.

Gimli aproximou-se da pilha de corpos carbonizados e começou a mexer nas cinzas com seu machado.

Susan viu o exato momento que ele achou algo.

–É um dos pequenos cintos deles. –Gimli anunciou, mostrando o item, a voz embargada.

A visão da rainha embaçou imediatamente pelas lágrimas e Boromir abraçou-a. Legolas abaixou a cabeça e começou a rezar.

Aragorn, que sentia-se responsável por todos eles, era o que parecia estar em pior estado. Seu grito de dor, de luto, foi terrível.

–Falhamos com eles. –Gimli falou cheio de pesar.

O guardião caiu de joelhos no chão, ainda sem aceitar. Como podia ter dado tão errado? Como os planos deles tinham falhado de tamanha forma?

Haviam perdido Gandalf, Frodo estava a caminho de Mordor sozinho e Pippin e Merry...

Então algo no chão atraiu sua atenção.

–Um hobbit deitou aqui. –falou de forma distraída, passando a mão pelo chão -E o outro. Eles rastejaram. –começou a seguir o rastro. -Tinham as mãos atadas. A corda foi cortada. –e agora estava ali em suas mãos -Eles correram aqui. Foram seguidos. –a essa altura estava correndo atrás dos rastros, com todos atrás de si -Foram para longe da batalha, rumo a floresta de Fangorn.

Todos pararam na borda da floresta.

–Fangorn? –Gimli comentou em choque -O que deu neles para irem até la?

–Se é aí que eles estão, temos que entrar também. –Boromir falou decidido.

–Fangorn não é uma floresta qualquer. –Legolas rebateu com cuidado.

–Que escolha temos? –Reepicheep lembrou –Vamos deixa-los sozinhos nesse lugar?

–Nós entramos. –Aragorn decidiu –Porém, todos devem ficar próximos, não devemos nos afastar por nada. Fiquem atentos.

Todos adentraram a floresta em silêncio, mas armas em mãos, preparados para qualquer coisa, embora não tivessem ideia do que deveriam esperar da floresta.

Andaram um pouco antes de Gimli encontrar algo negro sobre folhas. O anão tocou a substância e levou a boca.

–Sangue de orc. –falou, antes de cuspir.

O grupo seguiu em frente, até Aragorn parar.

–São pegadas estranhas. –ele falou reflexivo.

–O ar é muito carregado aqui. –Boromir comentou.

–Essa floresta é velha. –Legolas falou -Muito velha. Repleta de memórias e de ódio.

Rangidos soaram pelo lugar de forma arrepiante. Gimli foi o primeiro a levantar o machado para defender-se.

–As árvores estão falando umas com as outras. –Legolas percebeu.

Então o olhar de todos voltou-se para Gimli.

–Gimli! Abaixe seu machado. –Aragorn comandou em voz baixa.

O anão pareceu entender imediatamente o que o guardião quis dizer e obedeceu.

–Elas têm sentimentos, meu amigo. –Legolas falou -Os elfos que começaram isso. Acordando as árvores e ensinando-as a falar.

–Árvores falantes. –Gimli repetiu incrédulo -O que árvores têm para falar? A não ser a consistência de excremento de esquilos.

–As árvores em Nárnia não só falam como cantam e dançam, mestre anão. –Reepicheep falou divertido –E, em uma memorável ocasião, lutaram ao nosso lado.

–Ai está uma visão que eu gostaria de ter. –Boromir comentou –Uma árvore cantante.

Antes que Susan pudesse responder, Legolas fez um gesto para todos ficarem em silêncio.

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Aragorn. Há alguma coisa la. –declarou em élfico antes de correr.

O que você está vendo? –Aragorn perguntou, colocando-se do lado do elfo.

–O Mago Branco se aproxima. –Legolas falou baixo.

A tensão atingiu todos.

–Não deixem que ele fale. Lançará um feitiço sobre nós. –Aragorn falou de forma séria -Precisamos ser rápidos.

Todos prepararam as armas para o ataque. Aragorn tinha razão, teriam que ser rápidos e teriam apenas uma chance.

O grupo virou-se ao mesmo tempo, atacando em conjunto. Era difícil mirar porque o mago branco estava envolto em uma luz cegante. Todas as investidas deles foram rechaçadas sem esforço aparente, deixando todos indefesos diantes dele.

Por um minuto todos pararam, diante daquela luz intensa, esperando pelo feitiço ou ataque que os derrotaria.

–Vocês estão seguindo as pegadas de dois jovens hobbits. –ele falou, sua voz intensa, como se tivesse vivido mil vidas e visto mil universos.

–Onde eles estão? –Aragorn exigiu.

–Eles passaram por aqui, no dia anterior a ontem. –ele informou –Eles encontraram alguém que não esperavam. Isso lhe traz conforto?

–Quem é você? –Aragorn quis saber –Mostre-se!

O mago deu um passo para frente, a luz diminuindo até revelar uma face conhecida, querida e que todos pensavam ter perdido.

–Não pode ser. –Aragorn falou em choque.