The Undercover

Chapter 2


Capítulo 2

The Playground, sexta feira,05:22am

Respira... Inspira. Controle sua mente. Relaxe o seu corpo. Melinda May repetia a si mesma mentalmente, enquanto movia-se lentamente, concentrando-se no Tai Chi, e ignorando os olhos atentos que a observavam. Ou melhor, tentando ignorar.

– Posso saber por que você tá parado aí, me olhando a quase meia hora? – ela perguntou e ouviu uma risada suave em resposta – Phil,por que você já está acordado a essa hora? – pediu ao parar seus movimentos,e o diretor se aproximou, sentando em um puff macio.

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– Gosto de ver você fazendo Tai Chi – brincou e a agente revirou os olhos.

– São cinco horas da manhã, é sexta-feira. Você deveria estar na cama – disse com um tom de preocupação.

– Não consigo dormir – Phil confessou com uma expressão cansada, e May parou para olha-lo com atenção. Os não muitos fios de cabelo desalinhados, a barba parecia não ter sido tocada a dias e haviam bolsas profundas sob os olhos do diretor.

– Oh Phil – ela disse com um sorriso triste e aproximou-se – Você precisa descansar – disse ao colocar as mãos em volta das bochechas de seu amigo. Sentiu a barba raspar-lhe a palma, e alguns segundos depois afastou-se. Segurou a mão esquerda do diretor entre as suas, e o puxou, guiando-o para fora do pequeno ginásio improvisado.

Guiou-o até o último quarto do segundo andar. O quarto do diretor, onde ninguém tinha autorização para pisar. May ignorava essa regra, entrando furtivamente em seu quarto durante a noite para verificar se ele estava bem. A situação agora era diferente. Segurava a mão do proprietário do quarto, e seu objetivo não era saber se ele estava bem, e sim fazer com que ele ficasse bem. Destrancou a porta com a mão direita, sem abandonar os dedos frios de Coulson. Empurrou-o lentamente para dentro e fechou a porta atrás de si. Continuou-o a guiá-lo até tê-lo sentado na beirada a cama de casal. Afastou-se do mesmo e foi em direção ao banheiro, onde pegou uma navalha, creme de barbear, toalha de rosto e um pequeno potinho com água. Ao voltar para o quarto, encontrou-o na mesma posição, observando-a atentamente. Colocou todos os objetos que havia pego no banheiro em cima da cama, e posicionou-se entre as pernas de Phil. Tirou da cama o tubinho de creme de barbear e cuidadosamente, espalhou pela superfície espetada do rosto do homem. Em seguida, colocou-o de volta sobre o colchão e pegou a navalha.

– Por favor, não se mexa – pediu ao abrir a mesma.

– Não vou – respondeu, e ao sentir a superfície gélida da lâmina sob seu rosto, fechou os olhos, entregando-se a sensação suave que os movimentos lhe proporcionavam e à lembrança de uma situação parecida, há anos atrás.

Paris, 1989

Era uma manhã de verão e o sol entrava com força pelas imensas janelas do quarto, enquanto Phil Coulson espreguiçava-se lentamente na imensa cama de casal.

– Já é tarde Phil – ele ouviu a voz que mais amava no mundo – E você ainda precisa se barbear antes de sair.

– Você poderia fazer isso pra mim – ele sugeriu encostando-se na cabeceira da cama. Ao sentar-se, constatou imediatamente que ainda estava nu, devido as atividades da noite passada, portanto, manteve-se coberto com os brancos lençóis..

– Será que devo? – ela perguntou com um sorriso, enquanto saía do banheiro segurando o que era necessário para barbeá-lo. Melinda May estava linda, vestido apenas com uma fina camisola branca, quase brilhando sob a luz que penetrava da janela. Ela caminhou até a cama, colocou os instrumentos necessários sob o criado mudo, e sentou-se sobre Phil, com uma perna de cada lado do corpo masculino.

– Bom dia – ele cumprimentou-a com um sorriso e roubou-lhe um beijo rápido, antes que a mesma se inclinasse para pegar o creme de barbear e a navalha. O processo foi lento e tortuoso, ele sentia-se mais hipnotizado por cada movimento preciso que Melinda fazia. – Deus, você é linda – constatou quando a mesma finalizou o trabalho, e beijou-a novamente em seguida – Eu poderia beijar você o dia todo, todos os dias – disse afundando os lábios na pele macia do pescoço da namorada.

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– Phil – ela chamou-o. – Phil...

The Playground, sexta feira,05:46

– Phil – a voz de Melinda afastou-o de sua lembrança e ele a olhou inexpressivamente.

– Obrigada Mel – agradeceu com um sorriso, após alguns segundos encarando-a.

– Eu ainda não acabei – declarou e recolheu as coisas que estavam sobre a cama e levou-as direto para o banheiro.

– Não? – perguntou seguindo-a com os olhos.

– Ainda preciso fazer você dormir – ela respondeu voltando ao quarto, e com uma agilidade impressionante, desfez o nó da gravata do diretor, e desabotoou-lhe a camisa – Pra debaixo dos lençóis Coulson, você precisa descansar – ordenou e ele a obedeceu automaticamente. Ela sentou-se ao seu lado e acariciou a face agora bem barbeada de seu melhor amigo – Pode dormir, eu não vou sair daqui – prometeu, e foi o que fez. Após meia hora velando o sono de Coulson, encolheu-se ao seu lado, tomando cuidado para não acordá-lo, e acabou adormecendo em seguida.

The Playground, cozinha, 07:45am

– Bom dia família – Skye disse animadamente ao entrar no cômodo.

– Bom dia – responderam os agentes que estavam na cozinha.

– Adivinhem só... Eu tenho identidades falsas para to-dos. Digam olá para Elizabeth “Skye” Coulson – comemorou e mordeu um grande pedaço de bolo.

– Elizabeth Coulson – Simmons repetiu – Gosto do nome. – perguntou curiosa.

– Pra você e Fitz: Jemma e Leopold Hunter. O mesmo sobrenome vale pra Izzy e Lance – a hacker explicou – Pros rapazes, Antoine,Grant, Idaho e James Ward. A May vai ficar com o sobrenome do Coulson.

– Por falar em May e Coulson – Lance começou – Alguém por acaso viu os dois?

– Eu acordei cedo pra correr um pouco, e não vi nem sinal de nenhum dos dois – Tripp respondeu e uma risada sugestiva escapou entre Lance e Izzy.

– Estranho, ela sempre acorda cedo para ... – Ward começou a falar, mas foi interrompido pela chegada da agente em questão, tranjando jeans azul e camiseta branca, com os cabelos presos em um rabo de cavalo alto.

– Bom dia – disse descendo os três degraus para chegar na cozinha e sentou-se em seu lugar habitual.

– Chegando tarde no café, que estranho – Lance comentou e recebeu um olhar mortal da chinesa.

– Me ocupei com uns papéis – disse simplesmente, mentindo a respeito de sua manhã, tentando não pensar a respeito dos momentos que havia se encolhido em volta de seu melhor amigo. Seu Coulson.

– Papéis, interessante – Izzy comentou e estendeu o pote com queijo para a chinesa.

– May, você viu o DC? – Skye perguntou preocupada – Preciso discutir o início da missão com ele.

– Fala comigo – May respondeu rapidamente.

– Algum problema com o Diretor? – Ward questionou.

– Nenhum, ele só pediu um tempo para descansar antes de começarmos essa loucura – a agente sênior explicou e todos deram de ombros. Skye prosseguiu :

– Não podemos chegar todos ao mesmo tempo no bairro, então vamos aos poucos. Coulson, você e eu iremos na frente, porque eu quero ter tempo para instalar algumas câmeras por lá, e também porque vamos ficar com a casa ao lado da do nosso casal – a hacker esclareceu e May assentiu – Os Hunter e os Ward vão dois dias depois. Um detalhe importante: moraremos em casas separadas, mas para todos que perguntarem, somos da mesma família, e estamos na cidade por tempo indeterminado. Todos de acordo? – questionou e os agentes assentiram.

– Quando podemos partir? – Coulson perguntou entrando repentinamente no cômodo. May o encarou por alguns segundos, parecendo contrariada por vê-lo fora da cama tão cedo.

– Bom, nós precisamos de um dia para compras, então podemos partir amanhã mesmo – Skye relatou e espantou a todos.

– Amanhã parece bom – o diretor disse – Então vamos as compras hoje a tarde. Roupas novas e civis para todos,e tudo o mais que for necessário – e com esse comentário, entregou um cartão azul escuro para May.

– Saímos depois do almoço – a chinesa declarou e houve um burburinho de empolgação na mesa.

Shopping (localização confidencial), 14:45pm

– Então, onde vamos primeiro? – Simmons perguntou empolgada.

– Roupas primeiro, e depois cabelo – Skye respondeu quase dando pulinhos, enquanto caminhava lado a lado com a cientista. May e Isabelle iam na frente, trocando algumas palavras – Hey vocês duas, que tipo de roupa vão usar, já que são donas de casa, esposas e mães? – ela perguntou para as agentes mais velhas.

– Roupas normais, jeans e camisetas, alguns vestido, salto alto quem sabe – Izzy respondeu e sorriu. Estava achando divertidíssima a ideia de fazer compras. May revirou os olhos. Faziam anos desde a última vez que tinha usado um vestido na frente de alguém.

– Não parece divertido – Skye disse.

– Vai com calma mocinha, não pense que vai usar algum tipo de roupa extremamente extravagante, você vai pra Omaha e não pro Fashion Week em Nova York – May cortou-a, e um sentimento novo surgiu no peito de Skye. A chinesa havia falado exatamente como uma mãe falaria.

– Parabéns May, você acaba de entrar no seu papel – Izzy comentou com uma risadinha, e todas entraram em uma loja, onde lia-se no letreiro : Vestidos de todos os tamanhos e para todas as ocasiões.

Jemma foi a primeira a se apaixonar por um vestido simples e fofo que estava exposto na vitrine.

– May – ela chamou e fez um biquinho.

– Escolham o que quiserem, vou procurar algo pra mim – a chinesa respondeu, e após dispensar uma vendedora muito simpática, começou a fuçar pelas araras de vestidos infinitos em busca de algo que não lhe parecesse tão absurdo.

– Okay, eu estou apaixonada – Skye exclamou pela vigésima vez ao experimentar um vestido – E eu não sei qual deles levar – disse com um biquinho.

– Todos eles são bonitos, leve todos e não faça drama – May respondeu lentamente, sentada sozinha em um puff preto e espaçoso em frente ao provador, enquanto as outras agentes estavam dentro das cabines.

– Posso mesmo? – a hacker perguntou, e a agente mais velha assentiu.

– Eu já escolhi todos os que eu quero – Jemma comentou entusiasmada – Mas vou poupar um pouco para comprar outras roupas. Não quero passar todos os dias da semana usando vestidos – explicou.

– MAY – Skye quase gritou ao sair da cabine e ver que a agente mais velha ainda não tinha escolhido nada – Não pode sair daqui de mãos vazias.

– Nada aqui me agrada, é tudo muito espalhafatoso – a chinesa resmungou e sentiu um puxão no braço. Era a maluca e empolgada mini agente.

– Vem, eu ajudo você – ela disse, e pela segunda vez no dia, May se viu obrigada a fuçar araras de vestidos.

– Você está absolutamente... – Izzy começou a dizer, tentando não rir da chinesa.

– Linda – Skye e Jemma exclamaram juntas no exato momento em que May saiu da cabine, usando um volumoso vestido branco e preto.

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– É realmente um belo vestido – a vendedora loira disse se aproximando –Muito refinado.– constatou, e May revirou os olhos.

– Que seja – reclamou e voltou para dentro do provador.

The Playground,sexta feira, 19:50pm

As quatro agentes voltaram para a base 5 horas depois, com o SUV abarrotado de sacolas de milhares de lojas e grifes, e tinhas os cabelos e unhas impecáveis.

– Vocês aproveitaram o dia? – Coulson perguntou a uma maquiada e radiante Agente May, enquanto a mesma tirava alguns pacotes do porta malas.

– Fizemos alguns amigos novos – respondeu e recebeu um olhar interrogativo.

– É mesmo? Quem? – o diretor perguntou intrigado. Não conseguia imaginar Melinda May fazendo novos amigos num shopping.

– Ah ninguém muito importante. Eu até os trouxe pra você ver – a chinesa estava estranhamente feliz – Conheça meus amigos: Stella McCartney, CoCo Chanel, Hubert Givenchy e os Irmãos Prada – apresentou animadamente, entregando sacolas das mencionadas marcas nas mãos de Coulson, que riu, divertindo-se com a situação.

– Quando você se tornou especialista em moda? – questionou, levantando uma sobrancelha.

– Hoje a tarde, quando três loucas me empurraram em milhares de lojas – explicou colocando mais sacolas nas mãos do agente –Coloca tudo no meu quarto, com muito cuidado – disse usando um tom mandão.

– Por que eu? – ele retrucou ofendido.

– Porque você é meu marido – respondeu e começou a andar – Te vejo mais tarde querido – despediu-se, acenando de costas, já a uma distância considerável.

– Parece que ela entrou no papel – Ward comentou aproximando-se do carro.

– Isso vai ser divertido – Tripp comentou, enquanto tirava sacolas do porta malas do carro.