Kaos - A Chave de Davy Jones
A Marca de Kaos
– Vamos homens! Preparem os botes! - Jack gritou. - E mulher - ele disse olhando pra mim.
Balancei a cabeça negativamente e fui até perto do bote. Em alguns minutos chegamos naquela outra ilha onde o mar adentrava formando um rio.
– Jack, mais uma ilha? - perguntei nervosa.
– Dessa vez eu conheço a ilha - ele entrou no bote e esticou a mão pra mim. - Pode vir sem ter medo de ser devorada.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Dei a mão a ele e entrei no bote. Kyle veio no bote comigo, junto com o pirata mudo e seu papagaio azul e amarelo. No outro bote estava o Sr. Gibbs, Will, o magrinho olho de vidro, o gordinho careca e o anão. Nosso bote foi entrando pelo rio e o ambiente começou a ficar mais escuro e cheio de névoa.
– Tem certeza mesmo que não seremos devorados, né? - perguntei mais uma vez.
– Pode ficar tranquila - ele disse prestando atenção ao caminho.
– Por que o Jack tem medo do mar aberto? - ouvi Will perguntar baixinho no outro bote.
– Bem... se você acredita nessas coisas - começou o Sr. Gibbs -, há uma fera à comando de Davy Jones, uma terrível criatura com imensos tentáculos que usa sua dentição para arrancar seu rosto e arrasta um navio para as profundezas esmagadoras: o Kraken.
Kraken, eu já ouvi falar desse monstro dos mares, meu pai me contava histórias sobre o Kraken, mas ele dizia: "Infelizmente nunca encontrei um, meu amor, mas um dia, quando eu encontrar com essa terrível besta - ele dizia tirando sua espada e apontando para o norte -, eu não vou deixá-la tirar nem um proveito do nosso navio - ele sorria pra mim determinado." Será possível que eu verei o Kraken, pai?, pensei com um sorriso no rosto.
– Dizem que o fedor de seu hálito é horripilante - continuou o Sr. Gibbs -, me dá arrepios só de imaginar. A última coisa que querem conhecer nessa terra é o grito do Kraken e o horror fétido de mil corpos apodrecidos - as vezes eu achava o Sr. Gibbs muito dramático, chegava até a ser poético. Ainda assim eu não estava com medo de encontrar o Kraken, afinal, meu pai se garantia com ele, sinto que eu também posso. - Se acreditam nessas coisas, é claro.
– E a chave o poupará disso - disse Will.
– Essa é a pergunta que Jack quer ver respondida - ele já tem a resposta Gibbs, pensei. - E ele quer obter essa resposta... dela.
Dela?
– Dela? - Will fez a pergunta, obrigada Will.
– Sim - e Gibbs deixou a resposta no ar.
Que coisa, queria muito descobrir de que "dela" se tratava, seria uma antiga namorada? Não que eu me preocupe com isso, só que é interessante descobrir sobre a vida de Jack Sparrow. Então quando ficou bem escuro - devido ao fim do dia ou devido ao monte de árvores à nossa volta -, chegamos à uma casinha de madeira toda iluminada de maneira sinistra que ficava sobre o rio como uma casa na árvore. O bote chegou na ponta da escada, onde havia uma base. Jack subiu nessa base de madeira.
– Não se preocupem amigos. Tia Dalma e eu somos velhos conhecidos, aliados. Quase inseparáveis somos - ele sorriu ao dizer isso e olhava para baixo mas sem olhar mesmo. - Éramos... fomos... - ele começou a pensar direito. - Isso foi antes - oops... parece que alguém está com problemas. Comecei a rir internamente enquanto Kyle também saiu do bote, ficou ao lado de Jack e me ajudou a ir para a base de madeira. Sr. Gibbs também se aproximou.
– Cobrirei suas costas - disse Gibbs com Will chegando logo em seguida
– Eu estou preocupado é com a frente - disse Jack subindo as escadas.
Comecei a subir logo em seguida e Kyle veio atrás de mim. Chegamos na pequena varanda da casa que agora parecia bem maior do que antes. Olhei para trás e vi praticamente todos em nosso encalço.
– Quem está cuidando dos botes? - perguntei para os outros.
– Rá... cuide do bote, cuide do bote - o papagaio repetia sozinho na varanda e eu balancei a cabeça negativamente, deixaram o mudo cuidando dos botes, quanta inteligência.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Jack então começou a abrir a porta lentamente.
– Jack Sparrow - ouvi uma mulher dizer de modo animado dentro da casa e Jack abriu os braços.
– Tia Dalma - ele entrou e eu entrei em seguida, sendo seguida por todos os outros.
A tal Tia Dalma tinha uma pele morena bonita e cabelos de dreds, seus dentes pareciam podres, mas isso não a deixava feia, por incrível que pareça. Suas roupas eram trapos jogados que parecia um vestido, devo confessar que seu corpo era muito bonito também.
– Eu sempre soube que os ventos o trariam de volta pra mim um dia - ela disse sorrindo andando na direção de Jack. Então ela parou de sorrir. Lá vem o tapa, pensei. - Você - ela apontou para Will que ainda estava parado na porta. Foi então que consegui notar o tanto de coisas estranhas que tinham dentro da casa com aquela iluminação laranja, havia até uma cobra enrolada em um canto que parecia viva. Então ela começou a se aproximar de Will. - Existe um toque do destino em você, William Turner - ush... como ela sabia o nome dele? E parece que Will se assustou tanto quanto eu.
– Me conhece? - Will perguntou.
– Quer me conhecer? - ele sorriu de maneira sedutora.
– Não, nada de conhecimentos aqui - Jack os impediu. Jack Sparrow está com ciúmes? Hum... comecei a prender meu riso, aquela situação estava bem interessante. - Viemos buscar ajuda e não iremos sem ela - ele disse meio nervoso entrando no meio dos dois. - Ele puxou a Dalma pelo ombro para afastá-la de Will.
– Pensei que a conhecia? - Jack começou a falar com ela.
– Não tão bem quanto eu queria - ela disse. Detesto quando conversam em código. - Venham.
Jack se sentou numa cadeira e chamou Will para sentar com ele. Jack olhou pra mim e deu duas batidinhas em uma outra cadeira para que eu sentasse e eu fui.
– Você - assim que sentei ela apontou pra mim. - Você tem uma marca.
– Do destino? - dei uma risadinha.
– Não - ela sorriu -, muito mais interessante que isso. Essa marca foi dada assim que te batizaram com esse nome: Kaos.
– Que tipo de marca? - comecei a ficar curiosa e ela sorriu pra mim.
– A marca dos deuses. Seu pai lhe deu esse nome. Simbad, não é mesmo? O que se encontrou com Eris, a deusa do caos - eu fiquei calada, não conseguia falar nada, apenas a olhava com os olhos arregalados. - Sim, sim... você está marcada minha doce jovem. Uma marca que ainda nem a própria Eris consegue saber de onde vem.
Então de repente ela parou de falar e saiu da minha frente. Dei umas piscadas e ao mesmo tempo em que fiquei assustada, eu me senti importante. Uma marca, então eu carregava uma marca dos deuses. Nossa, como sou importante; Kaos, a filha de Simbad, marcada pelos deuses. Que legal!
– Então, que serviços eu posso prestar - disse ela se aproximando de Will e fazendo carinho em seu rosto. - Sabe que exijo pagamento - ela disse rapidamente para Jack.
– Eu trouxe pagamento - disse Jack sorrindo e pegando uma gaiola com o macaco imortal do Barbosa. - Olha - Jack deu um tiro no macaco e o ele gritou. - Um macaco morto-vivo! - ele colocou a gaiola sobre a mesa.
Dalma olhou a gaiola e libertou o macaco para correr livre e foi o que ele fez, indo para o fundo da casa e eu fui acompanhando-o pelos olhos.
– Não - disse Gibbs. - Não faz ideia de como foi difícil colocá-lo na gaiola.
O macaco então segurou uma bota. De quem eram aqueles pés?
– O pagamento é justo - ela disse guardando a gaiola.
– Estamos procurando isto - disse Will mostrando o desenho da chave no pedaço de pano. - E o que ela abre.
Dalma olhou para o desenho seriamente.
– A bússola que trocou comigo - disse Dalma para Jack. - Não pode levá-lo a isso?
– Talvez - disse Jack sem muita importância. - Por que?
– Ai... - ela começou a rir e se divertir. - Jack Sparrow, não sabe o que você quer? Ou... você sabe, mas reluta em proclamar para si, hem? - Jack não respondeu e nem deu importância. - Sua chave abre um baú - ela continuou como se não tivesse falado nada da bússola - e o que está dentro dele é o que você busca - quanta especificidade, pensei.
– O que tem dentro? - perguntou Gibbs. Ah... eu sei o que tem dentro.
– Ouro? Joias? Coisas não reclamadas de natureza valiosa? - perguntou o gordinho careca ao lado de Gibbs.
– Nenhum mal, eu espero - disse o magrinho de olho de vidro que estava do outro lado de Gibbs.
– Conhecem Davy Jones, não conhecem? - Dalma perguntou aos três. - Um homem do mar, um grande marinheiro, até que entrou em choque com o que perturba todos os homens...
– O que perturba todos os homens? - perguntou Will.
Essa era muito fácil e muito óbvio gente.
– O que seria? - Dalma começou a fazer figa em Will.
– O mar? - perguntou Gibbs.
– Ouro e prata - disse o careca.
– A separação do bem e do mal - disse o do olho de vidro.
Todos olhamos para ele sem entender porque ele deduzira aquilo.
– Uma mulher, dã - respondi meio impaciente.
– Exatamente, uma mulher - disse Dalma. - Ele se apaixonou.
– Não, não, não, soube que foi pelo mar que ele se apaixonou - disse Gibbs.
– Gibbs - comecei a dizer -, por mais que você ame o mar, o amor por uma outra pessoa é muito mais forte, a ponto de você fazer qualquer coisa para estar ao lado dela. O amor por uma pessoa é um motivador muito maior para fazer bobagens.
– Por isso ela fugiu comigo - disse Jack.
– Eu não fugi com você, Jack. Estou me referindo à história dos meus pais.
– Mas de qualquer modo é a mesma história, com versões diferentes, mas todas verdadeiras - disse Dalma em um tom mais alto. - Sim, a Kaos aqui tem razão e sim, foi uma mulher, tão instável, cruel e indomável como o mar. Ele jamais deixou de amá-la, mas a dor que lhe causou era demais para viver com ela, mas não o suficiente para causar sua morte.
– O que exatamente ele pôs no baú? - Will perguntou.
– Seu coração - Dalma sorriu ao dizer.
Então a história era verdade? Tem mesmo um coração no baú? Um coração que eu poderei controlar e ter o navio pra mim? E se essa história é verdade, a do meu pai com Eris também, então eu estou mesmo marcada? Pelos deuses, como minha vida está ficando interessante.
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