A visita do pai de Jane ontem foi uma grande surpresa, e sei que a deixou muito abalada, e eu não sabia como ajudar, ainda não sei. Ela está melhor que antes, já havia parado de chorar, mas não tocava no assunto.

Estávamos deitadas e abraçadas na cama, Jane ainda estava dormindo, eu estava acordada há algum tempo, mas não queria levantar, ela estava tão calma e em paz. Infelizmente fomos acordada para serviço em pleno domingo.

Tateei o criado mudo em busca de meu celular, Jane fez o mesmo.

– Rizzoli... Estamos indo – Disse Jane, com a voz sonolenta.

– Isles... Chego aí o mais rápido possível. – Desligamos.

– Eu queria dormir! – Resmungou Jane.

– Anda, temos alguns minutos para nos arrumar.

Nos levantamos, tomamos banho e fomos para a cena do crime, lá encontramos Korsak, Frost, Frankie e mais alguns policiais.

– O que temos aqui? – Falou Jane.

– A vítima aparenta ter 10 anos, menino, sinais de abusos, múltiplos ferimentos no osso occipital e parietal... – Fiz uma pausa pra respirar.

Odeio quando são crianças, elas são tão inocentes.

Jane botou a mão no meu ombro e disse:

– Levante, eu sei como é. – Disse calmamente.

Me levantei.

– Frankie, achou alguma coisa que possa ser a arma do crime?

– Não, mas só deu tempo de olhar essa quadra.

– Ta bem, dê mais uma olhada, Maur? Tudo bem?

– Uhum. – Consenti. – Podem levar o corpo.

Depois que Jane deu uma olhada no local, fomos para o departamento, mas antes de começarmos o serviço, fomos comer alguma coisa na lanchonete, sentamos em uma mesa qualquer e esperamos Angela nos atender, mas a mesma não apareceu.

– Onde sua mãe está? – Perguntei.

– Ela saiu, até me mandou uma mensagem hoje cedo avisando, mas não sei onde foi.

– O que ela disse?

– Ela disse que iria resolver alguns problemas.

– Espero que não sejam financeiros.

Comemos alguns waffles e fomos ao trabalho.

*****

POV. Angela

Jane já me falou várias e várias vezes para eu não me intrometer na vida dela, mas não posso evitar, ela é minha filha, é um fruto meu, tenho que protegê-la e cuidar dela não importa se já é adulta ou não, sou assim com todos os meus filhos, trato eles como crianças porque pra mim, eles ainda são crianças, eu sou uma mãe, todas as mães são assim. E como mãe, tenho que defender e proteger meus filhos, é isso que estou fazendo, protegendo e defendendo.

Entrei o quintal da casa e toquei a campainha na esperança de alguém atender. Eu estava mais furiosa que Jane quando é acordada de manhã.

Estava prestes a tocar a campainha de novo, mas senti alguém abrir a porta.

– Angela... – Frank ficou surpreso. – O que faz aqui?

– Conversar. Posso entrar? – Disse com um tom firme.

– Claro, por favor. – Abriu espaço para eu passar.

Aquela casa era bonita por fora, mas por dentro... Era pior que o apartamento antigo de Jane.

– Desculpe a bagunça, não estava esperando por visitas.

– Não me importo. Frank eu vim aqui falar sobre... – Fui interrompida.

– Jane, você veio aqui falar sobre Jane não veio?

– Sim, Frank... – Mais uma vez interrompida.

– Por que você não pode cuidar de sua vida? Jane já é bem grandinha, e eu já falei com ela, não tenho nada a falar com você.

– Mas eu tenho Frank, você é a pessoa mais idiota, estúpida e repugnante que eu conheço. Como você pôde falar aquilo tudo para a nossa, sua, minha filha?! Você me enoja Frank, não acredito que um dia eu te chamei de “marido”. Você tem idéia de como você fez Jane sofrer? E não só Jane, mas Maura e eu também. Você já foi um bom homem Frank, mas agora, vendo as coisas que você fez e falou pra mim e pra Jane, eu mal consigo ficar ao seu lado, olhar pra sua cara, você se tornou alguém que eu não conheço, pois o Frank que eu conhecia era aquele do começo do meu casamento, mas ele foi mudando aos poucos, e acabou assim. – Apontou para Frank dos pés a cabeça. – Você realmente vai estragar o seu relacionamento com nossa filha, um relacionamento que já não era bom, agora você conseguiu arruinar de vez, mas tem uma pequena chance de que você possa concertar. – Pegou a bolsa e foi até a porta. – Pense nisso Frank. – Saiu sem o deixar falar.

*****

Já havíamos falado com os pais sobre o assassinato do filho deles, não tínhamos muitos suspeitos, afinal, quem mataria uma criança de 10 anos? Maura já havia terminado a segunda autópsia, e minha mãe ainda não tinha chego, estava começando a ficar preocupada, mas depois da décima ligação ela atendeu.

– Ma? Finalmente você deu sinal de vida!

O que houve?

– Como assim “o que houve?” você tinha sumido.

– Eu fui visitar uma amiga doente, mas já estou voltando. Agradeço sua preocupação filha.

– Ah, tudo bem, por que não avisou?

– Eu avisei que iria resolver um problema, eu resolvi, passei na casa dessa minha amiga e fiquei um pouco ao lado dela.

– Sua voz está estranha ma, você está mentindo, o que houve? Está tendo problemas financeiros? Eu posso ajudar.

Jane, não se preocupe okay? Você vai ver.

– Okay, tchau ma... – Desliguei.

Ela estava me escondendo algo, eu respeito a privacidade dela, mas acho que usar a desculpa da amiga doente é de mais, mas ela deve ter um motivo, então não vou forçar a barra.

O tempo foi passando no departamento, e no fim do dia, achamos o assassino do menino, como um pai mata o próprio filho? Nem consigo pensar nisso. Com o fim do dia, veio o fim do serviço, fui para casa com Maura, jantamos, deitamos na cama e ficamos conversando sobre nosso futuro.

– Então Jane, eu queria muito te perguntar uma coisa, na verdade, a gente já tocou no assunto, mas agora é diferente e... – Ela estava falando muito rápido, então eu a interrompi.

– Maur, o que foi? Pode perguntar. – Sorri.

– Quando você pensa no nosso futuro, você imagina... Crianças?

– Claro Maur, se tem alguém com quem eu quero ter filhos, é você.

– Eu tive medo de perguntar, por causa de... Você sabe... Do Casey e do bebê que você perdeu.

– Maura esse assunto me incomodou um tempo, mas agora eu posso falar sobre ele, pelo menos com você eu consigo.

– Jane, quando vamos marcar a data do casamento?

– O mais cedo possível.

– O que aconteceu com sua mãe?

– Eu estou me sentindo num interrogatório. Pra quê tantas perguntas?

– Desculpe, gosto de conversar com você. – Deito a cabeça no meu peito.

– Eu também meu amor. – Beijei o topo da cabeça dela.

Maura pegou minha mão junto com a mão dela e ficamos admirando os anéis.

– São lindas. – Falei.

– Você é linda.

Fiz um som de nojo.

– Isso soou muito gay Maura! – Rimos.

Conversamos mais um pouco sobre nosso casamento, e Maura se empolgou e começou a planejar tudo, quando vi que ela não iria parar de falar apertei ela contra mim e disse:

– Deu de falar, durma bonequinha.

– Bonequinha?

– É. Você é igual a aquelas bonecas que você aperta na barriga e depois não param de falar.

– Está sugerindo que eu sou irritante? – Me olhou ameaçadora.

– Não, você é adorável, um amor de pessoa, linda, e muito esperta, mas fala pelos cotovelos.

– Isso não faz sentido, eu falo pela boca.

– Exatamente!

Quando eu respondo Maura assim (-Exatamente!) Não tenho que explicar, e ela fica pensativa, gosto de confundi-la, ela é um geniozinho meio burro. Ela ficou ali, pensando por algum tempo, abracei ela de novo e ela dormiu, ambas dormimos.