Chuva de flores

Magro feito um pau de vira tripa.


Naquela tarde, Michele não trabalhou, e foi direto para casa. Então se deparou com o Fernando ao ir para o ponto.
– Quer carona?
– Que mudança repentina é essa? - perguntou Michele.
– Quer ou não?
Michele bufou, e entrou no carro.
– Onde é seu trabalho mesmo?
– Hoje estou de folga. Vou direto para casa.
– Então eu te levo.
Chegando lá, só o Iago estava em casa, afinal era hora de trabalho de Gelse.
– Oi mana, tudo bem?
– Tudo sim, como foi a aula?
– Estou bem... - foi quando ele reparou no Fernando ao lado dela. - O que o Fernando está fazendo aqui?
– Ele veio me trazer para casa.
– Onde estão seus pais, Michele? - perguntou Fernando, se sentando no sofá.
– Meu pai não mora mais conosco. Eles são separados. Minha mãe está no trabalho...
– Entendi... Então vou esperar aqui sua mãe.
– Aqui?
– Sim, quero falar com ela, não posso?
– Pode... Bom, fique ai, vou arrumar a casa.
– Não possui empregadas para isso?
– Não vê que minha família possui bem menos dinheiro que você? - Michele revirou os olhos. - Vou me trocar, daqui a pouco eu volto.
Iago e Michele começaram a dar um jeito na casa, enquanto Fernando cochilava na frente da tv. Michele suspirou ao ver a cena, e foi até o sofá, batendo com a colher que ela segurava na mão na cabeça dele.
– Ei!
– Dá pra levantar a bunda do sofá e me ajudar?
– Eu não sei arrumar a casa...
– Não se preocupe, não vai cair teu... Braço. - Michele fez cara de autoritária. - Se quiser esperar minha mãe tudo bem, mas vai ter que me ajudar. Caso contrário, pode sair daqui.
E estendeu-lhe a mão, para ajudá-lo a se levantar. Fernando bufou, mas se levantou, e olhou para Michele. Ele não a achava muito bonita, mas achou que ela parecia uma boneca daquela forma: estava com uma camiseta rosa, shorts, chinelo, os cabelos presos em um coque para não ficarem sujos com a poeira da casa. E pra completar, a colher que ela segurava na mão, que novamente usou-a para bater em sua cabeça.
– Ai!
– Acorda! Vamos.
Michele foi ensinando-lhe o básico: ele varreu a casa, pois roupa na máquina para lavar, ajudou a tirar roupa seca da corda, ela separou a roupa de cada um, enquanto isso Iago lavava a louça e arrumava os quartos.
– Viu? Em três foi bem rápido. Agora Iago, põe a mesa do almoço, vou ver o que posso preparar hoje.
– Almoço? Eu não almoço... Estou de dieta. - disse Fernando.
– Dieta? - repetiu Michele, incrédula. Iago riu baixinho, enquanto tirava os pratos do armário. - Magro feito um pau de vira tripa, pra que vai fazer dieta?
– Pau de vira tripa? - repetiu Fernando, e foi se olhar no espelho. Michele riu, olhando pra cara dele. - Estou tão magro assim?
– Claro! Não sei como se aguenta em pé. Venha, me faça companhia na cozinha enquanto eu preparo o almoço...
– Ele deve achar que sua comida é ruim, mana, por isso está com medo.
Ele olhou para a cara dele.
– É verdade isso, Fernando?
– Não, eu que achava que precisava de uma dieta mesmo...
– Não se preocupe Fernando! Michele nasceu com o dom para cozinhar.
Michele corou e se dirigiu para o fogão. Fernando encostou num lado da cozinha, e perguntou:
– Quer ajuda?
– Não precisa, obrigada... Só tira o frango da geladeira, nada mais.
Fernando obedeceu, e lhe trouxe o frango, novamente se encostando num canto, enquanto Michele preparava o arroz e fritava o frango.
– Vai provar o meu tempero especial, espero que goste... O prato de hoje é estrogonofe.
– Gosto de frango, principalmente de estrogonofe, provavelmente irei gostar.
– Então ok. Ah, faz mais um favor? Lava alface?
Ele fez que sim com a cabeça, e se dirigiu a geladeira, onde Michele apontou a alface. Então ele foi até a pia, e Michele lhe entregou um escorredor, para que ele pudesse lavar a mesma.
Em poucos minutos, estava tudo na mesa. Michele pegou milho que ela havia cozido na noite anterior e batata palha, para acompanhar.
– Estrogonofe pede uma batatinha palha como acompanhamento, né mano?
– Com certeza! Parece tudo bem gostoso.
Fernando ia fazendo um prato pequeno, mas Michele perguntou:
– Por que não come mais?
– Estou acostumado a comer pouco...
– Nada disso! Por isso é magro assim. Pode por mais.
Fernando bufou, mas acabou pondo mais. Realmente, a comida estava maravilhosa.
Depois, Iago foi lavar a louça e eles ficaram assistindo televisão. Fernando olhou para Michele, que estava entretida com o programa. Tinha vontade de abraçá-la.
Ele viu que o Iago saiu da cozinha, mas ele se dirigiu ao seu quarto, antes avisando que ia jogar videogame. Os dois fizeram positivo com o polegar e seguiram vendo televisão. E a vontade de Fernando de abraçá-la apenas aumentava.
Então ele ficou olhando para ela, pensando como fazer.
Acho melhor ir devagar, pensou. Não quero assustá-la...
Ele pensou começou a por o plano em ação, mas Michele se levantou do nada:
– Nossa! Olha como estou fedendo! Fernando, vou tomar banho ok? Depois eu volto... Vou chamar o Iago para te fazer companhia...
– Não se preocupe, eu vou lá fazer companhia no videogame... Qual é o de vocês?
– Play Station 2.
Michele cruzou os braços, esperando que ele fosse falar algo, como "este videogame está ultrapassado!", mas para sua surpresa, ele não comentou nada. Então deu de ombros e foi para o varal, pegar sua toalha, depois passando no seu quarto para pegar a roupa que iria usar quando saísse do banho. Então lembrou-se de avisar a sua mãe que tinha visita em casa. Mandou mensagem pelo celular, e finalmente foi tomar banho. Saindo do banho, Michele vestiu uma regata branca e uma bermuda jeans, que outrora fora uma calça, deixou os cabelos soltos e foi para o quarto do irmão, chamar Fernando.
Fernando, que estava numa acirrada com o Iago em The King of Fighters, deixou propositalmente que o Iago ganhasse e se levantou, indo para a sala com ela.
Na sala, Fernando começou a planejar alguma tática "infalível" de abraçá-la. Mas, antes que conseguisse fazer algo, dona Gelse chegou em casa com compras.
– Oi filha, tudo bem? Oh, este é o famoso Fernando?

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