Eu sabia que não tinha volta quando vi as lágrimas silenciosas nos olhos dela, cheios de incredulidade.

– Severus... Eu.. Eu esperava mais de você. – Murmurou ela, virando-se e correndo para o castelo.

Como eu pude fazer aquilo?

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POV Lily:

Eu poderia esperar algo assim de alguém como Lúcio Malfoy, mas Severus Snape, meu amigo de anos e que sempre me ajudou? Jamais.

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Quando aquelas palavras horríveis saíram da boca dele, eu senti como se tivesse sido socada em meu estômago, e a cada insulto que ele gritava, a dor aumentava. E não havia pedido de desculpas que remediasse o dano que ele tinha causado.

Murmurei algumas palavras desconexas, e subi correndo para o castelo, meu único conforto. Corri pelos corredores e quase me perdi nas escadas, com a visão embaçada pelas lágrimas que não paravam de jorrar dos meus olhos. Minha cabeça ia explodir.

Corri até meu dormitório e me joguei na cama, não me importava mais com nada, não estava com fome e muito menos com vontade de sair dali.

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POV James:

Por que o desgraçado da Ranhoso tinha que dar aquele chilique? Ele não valorizava Lily, para ficar xingando ela daquele jeito? Ela iria me culpar, e eu sabia. Eu culpava o ranhoso, honestamente. Exibindo a Evans por toda a Hogwarts para todos pensarem que eu era um fracassado que perdeu a garota para o seboso, e ainda esperava que eu não fosse reagir?

E Merlin, eu tinha que fazer algo, mas quando cheguei na sala comunal atrás de Lily, ela não ouviu ou ignorou quando eu gritei seu nome, e subiu correndo as escadas para o dormitório feminino.

Sem esperanças e desesperado, eu corri nas escadas tentando alcançar ela, mas o chão virou uma rampa na qual eu caí e escorreguei até voltar à Sala Comunal.

– Ei, vai um curativo? – Sirius sorriu, maroto.

– Como a Evans tá? Conseguiu alcançar ela a tempo? – Lupin perguntou.

– Deixe que eu te ajudo a levantar. Tá tudo bem? Quer que eu chame alguma menina para entrar e chamar ela? Ou prefere ir até a enfermaria primeiro? – Peter já estava todo afobado, quase se debulhando para me ajudar.

– Não alcancei ela... Maldito Ranhoso! Eu mato aquele moleque! Por que foi dar um show desses? Droga, ela vai me culpar para o resto da minha vida! – Quasei gritei, jogando as mãos para cima. – Mas bom, só me resta esperar... Ei! Hoje é dia de lua-cheia, não? – Lembrei disso, e na hora um sorriso sugestivo surgiu no meu rosto.

– Já temos planos para a noite, então. – Sirius sorriu.

Essas eram as melhores noites : Ninguém podia nos segurar.

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POV Lily:

Pelas Barbas de Merlin, como está tarde! Todas as meninas já estão dormindo e eu nem tomei banho! Me levantei na hora, e quando estava correndo para o banheiro, ouvi barulhos vindos da sala comunal. Passos, vozes...?

Ai! Não pisa no meu pé!

– Anda logo, não vamos chegar a tempo!

– Tem alguém vindo?

Quem eram? Abri com cuidado a porta, e saí de fininho até as escadas que davam para a sala comunal. Estava tão escuro, quase não dava para ver nada. Resolvi seguir as vozes de longe, e ver para onde iam.

Quando cheguei no corredor, vi as silhuetas de quatro garotos. Eu sabia quem eram, e eu iria pegá-los no flagra! Fui seguindo-os, e quando me dei conta, já estávamos nos portões! O que eles estavam pensando? Alguma pegadinha? Pela Varinha das Varinhas, o que eles estavam planejando?

Segui-os. Não foi uma decisão inteligente, mas eu precisava de alguma vingança.

– Ei, parem. Vocês ouviram isso?

– Deixe de frescura Aluado, não tem ninguém vindo! Ande logo!

– Foi só o vento, o Pontas está certo!

– Que seja, Rabicho, só acelere o passo, daqui a pouco o Aluado se transforma aqui e a gente faz o que?

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Aluado? Pontas? Rabicho? Mas que apelidos malucos eram aqueles? E se esse Aluado fosse se transformar, o que aconteceria? Transformar no que?

Meu cérebro não processava tantas perguntas, só me concentrava em segui-los sem fazer nenhum barulho.

– Agora?

– Agora.

Ouvi um barulho de pele se rasgando, e algo crescendo e diminuindo, não sabia descrever. Era alguma transformação. Espiei por detrás de uma rocha, vi um veado, um cachorro enorme e um rato. Um menino estava parado, suando e tremendo. Era Lupin. Não contive um grito.

O veado correu em minha direção, e eu já estava pensando que iria morrer. Os outros levaram Lupin até o Salgueiro Lutador, e meu Merlin, não era só eu que iria morrer esta noite! O Salgueiro Lutador pode matá-los!

Um turbilhão de imagens passava em minha mente, e apenas me agachei, em sinal de submissão ao animal enorme que vinha em minha direção, e fechei os olhos com força.

O animal estava ali, parado, abaixando a cabeça para mim. Olhei, e vi que ele tinha os mesmos olhos de James. Mas não era possível, ser um animago requeria muita habilidade, estudo e prática, fora que era necessário ser registrado. Mas o veado continuava ali, parado e com a cabeça abaixada, como se esperasse que eu o tocasse. E foi o que fiz. E logo depois, o veado se transformou em James, que me olhava com um sorriso no rosto.

E ele me explicou toda a história, aproveitando meu estado de choque que não me permitia dizer uma palavra sequer. Quando ele terminou, fiquei realmente impressionada. Não apenas com o fato de eles serem animagos e Lupin ser um lobisomem, mas também com o esforço que eles fizeram pelo amigo.

– Evans, diga algo por favor, estou começando a ficar nervoso....

– Uau. Quer dizer... Ah, estou sem fala!

– Informação demais?

– É, acho que sim... Lupín, um lobisomem... Merlin, imagino o sofrimento dele... Achei muito legal o que vocês fazem por ele, de verdade.

– Ele é nosso amigo. Devemos isso à ele.

Encarei ele por alguns segundos, olhando fundo em seus olhos. No escuro, era impossível ver a cor. E olhei para o reflexo da lua brilhando em seus cabelos eternamente bagunçados, e não pude deixar de pensar em todas as tentativas dele de me conquistar e .... Droga, ele é James Potter, o que eu estou pensando?!

– Ei... Evans, sobre Severus, eu realmente sinto muito, ok? Não achava que ele ia dar um chilique daquele tamanho, e sinto nojo só de pensar nas coisas que ele te disse, eu nunca te trataria assim...

– Não preciso da piedade de ninguém. Isso é algo entre mim e Severus, que você teve o bom senso de admitir seu envolvimento. Bom, obrigada por tudo mesmo James, mas vou voltar para o castelo, não posso ficar aqui à essa hora. Acho que é melhor você voltar para seus amigos – Eu tinha que cortar aquilo. Não me envolveria com James Potter, o menino mais cobiçado do meu ano para depois ter meu coração despedaçado quando ele disse que o que tivemos não foi “nada demais”. Eu não sou assim, e nunca serei. – Ah, e não se preocupe, seu segredo está a salvo comigo.