Camélias

XX/XX/1993 - Prefácio


Quando eu tinha dez anos, cheguei em casa e encontrei minha mãe chorando, ela estava tão desesperada que seu corpo sacudia com os soluços.

Nós a tínhamos perdido, novamente.

Não era a única coisa, pelo modo como ela segurava a barriga só pude imaginar que ela tinha perdido novamente. Eu sabia que ela estava tentando me dar um irmão, para eu não ficar tão sozinha. Se tudo corresse bem, meu irmão mais novo teria nascido pouco depois do meu segundo aniversário, o outro depois do quarto, o terceiro nasceria antes de eu fazer dez. Nenhum deles nasceu.

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Essa foi a quarta — e última — tentativa.

Lembro de me aproximar e a abraçar, esperando ela se acalmar, nós normalmente fazíamos isso juntas.

Dizem que as tristezas fazem as pessoas amadurecerem. Eu percebi que é verdade naquele dia. Pois foi o extremo.

Meu pai se fora.

E a culpa era dela.

Minha avó.

Eu tenho certeza.