Avada Kedavra

[1x5] O que você mais teme?


Capítulo V

O que você mais teme?

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

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Alguns dias depois, na quinta-feira, tive minha primeira aula de poções, e pude perceber que o professor Snape, que também era o diretor da Sonserina, não suportava a Grifinória e, sempre que podia, dava um jeito de prejudicar a casa, seja retirando pontos ou de outra maneira. Mas, tirando esse fato, eu achei ele um homem legal - incompreendido, mas legal. Ele não criticou a minha poção, pelo menos.

Estávamos na metade da aula quando Draco chegou; ele entrou na masmorra cheio de arrogância, como sempre, com seu braço direito enfaixado e pendurado em uma tipoia. Ele estava agindo como se fosse um herói que derrotou cinco dragões ferozes ao mesmo tempo.
Patético, eu sei.

– Como vai o braço, Draco? - ouvi a cara de buldogue perguntar. - Está doendo muito? - ah, querida, se quiser eu posso fazer doer muito mais.

– Está. - respondeu se achando o corajoso, porém eu sabia que não deveria estar doendo quase nada.

Revirei os olhos, porém não desviei a minha atenção da minha poção em nenhum momento. Eu estava sentada ao lado de Hermione, e hoje estávamos preparando uma poção - solução, tanto faz - redutora.

– Vá com calma, vá com calma. - disse o Professor Snape. “Vá com calma”? Como assim “vá com calma”? Ele provocou o pobre do bicuço e talvez o Hagrid vai ser expulso, tomara que esse loiro azedo perca o braço!

Resumo rápido da aula:

Malfoy fez Rony e Harry de escravos, Neville se ferrou, tadinho, e perdeu pontos porque acertou (?), Simas fez alguma fofoca relacionada a Sirius Black e Draco sabe de algo que Harry não sabe.

×

Subimos a escadaria do saguão de entrada; Harry estava pensativo, eu lia um livro trouxa chamado As Vantagens de Ser Invisível e Rony parecia um cão espumando de raiva.

– Cinco pontos a menos para a Grifinória porque a poção estava certa! Por que você não mentiu, Mione? Deveria ter dito que Neville fez tudo sozinho! - o ouvi falando.

Hermione não respondeu.

– Aonde é que ela foi? - perguntou, confuso.

Levantei a cabeça e me virei também, vendo que Hermione não estava conosco. Estávamos no alto da escadaria agora, enquanto o resto da turma passava por nós a caminho do Salão Principal.

– Ela estava logo atrás da gente. - comentou Rony confuso.

Vi quando Draco passou por nós, caminhando entre os trasgos, fez uma careta de riso para Harry e logo em seguida desapareceu. Harry fez uma careta e eu ri baixinho.

– Lá está ela. - falei, assim que a vi.

Hermione vinha ofegante, correndo escada acima enquanto, com uma das mãos, ela agarrava a mochila e com a outra parecia esconder algo dentro das vestes. Ela está escondendo algo de nós, isso eu tenho certeza.

– Como foi que você fez isso? - perguntei.

– Fiz o quê? - perguntou a morena.

– Em um minuto você está bem atrás da gente e no minuto seguinte está de volta ao pé da escada. - disse Rony.

– Quê? - Hermione pareceu ligeira e falsamente confusa. - Ah, eu tive que voltar para ver uma coisa. Ah, não... - uma costura se rompera na mochila da garota, e não foi surpresa alguma; era visível que a mochila estava atochada com pelo menos doze livros pesados.

– Por que está carregando tudo isso na mochila? - perguntou Rony.

– Ela não iria carregar tudo isso em cima da cabeça, pateta. - resmunguei baixinho, e pelo visto Harry foi o único que ouviu, já que segurou o riso.

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– Você sabe quantas matérias estou estudando... - respondeu ela. - Será que podia segurar esses para mim?

– Mas... - ele foi virando os livros que ela lhe entregou, enquanto olhava as capas. - Você não tem nenhuma dessas matérias hoje. Só Defesa Contra as Artes das Trevas, à tarde.

– É verdade. - respondeu ela vagamente, guardando todos os livros na mochila novamente. - Espero que tenha alguma coisa boa para o almoço, estou morta de fome - acrescentou e se afastou dos garotos, indo em direção ao Salão Principal e me puxando junto.

– Você também tem a impressão de que Mione não está contando alguma coisa à gente? - pude ouvir Rony perguntar.

Ah, Rony, eu não tenho apenas a impressão. Ela está escondendo algo, e eu vou descobrir.

×

O Professor Lupin não estava na sala assim que chegamos para a primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Os alunos - menos eu, porque eu sou divergente e não posso ser controlada - se sentaram, tiraram das mochilas os livros, pergaminho e penas e estavam conversando entre si quando Lupin finalmente apareceu; ele sorriu e colocou sua maleta surrada na escrivaninha. Estava vestido do mesmo jeito de sempre, porém parecia mais saudável do que no dia do pequeno “acidente” no trem.

– Boa tarde. - cumprimentou ele, simpático. - Por favor, guardem todos os livros de volta nas mochilas. Hoje teremos uma aula prática. Os senhores só vão precisar das varinhas.

Professor, eu já te amo. Me beija.

Brincadeirinha - talvez não.

– Certo, então... - disse o Professor quando todos já estavam prontos. - Queiram me seguir.

Nos levantamos e o seguimos para fora da sala, e eu estava bem curiosa. Ele nos levou por um corredor deserto e virou em um canto, onde a primeira coisa que conseguimos ver foi Pirraça, o poltergeist - que eu tive o prazer de conhecer no dia anterior, quando ele ajudou a mim, Fred e Jorge enquanto fugíamos do Filch, em uma história que talvez eu conte depois - flutuando no ar de cabeça para baixo, e entupindo de chicletes o buraco da fechadura.

Assim que o professor chegou mais próximo dele, o poltergeist agitou os dedos dos pés e começou a cantar, - Louco, lobo, Lupin... - entoou ele. - Louco, lobo, Lupin...

O quê?

Lupin é um louco lobo? Não faz sentido, mas ok.

Dá vontade de sair cantando por aí “Louco, lobo, Lupin, louco louco louco lobo, louco, lobo, Lupin...”

Todos olharam na mesma hora para o professor, curiosos para ver qual seria sua reação àquilo. A minha maior surpresa, assim como a de todos, é que ele continuou sorrindo.

– Eu tiraria o chicle do buraco da fechadura se fosse você, Pirraça. - disse ele de forma gentil. - O Sr. Filch não vai poder apanhar as vassouras dele.

Mas Pirraça não deu a mínima atenção às palavras de Lupin, apenas respondeu-as com um ruído ofensivo e alto feito com a boca.

O professor deu um breve suspiro e tirou a varinha das vestes.

– Este é um feitiçozinho útil. - disse a nós por cima do ombro. - Por favor, observem com atenção.

Feitiços novos? Pega um pergaminho que eu vou anotar.

Ele ergueu a varinha e disse, apontando para Pirraça:

– Uediuósi!

Com força, a bola de chicle disparou do buraco da fechadura e bateu certeira na narina esquerda do poltergeist; ele virou de cabeça para cima e fugiu rapidamente, xingando, e eu segurava o riso.

– Maneiro, professor! - exclamou um aluno, admirado.

– Obrigado, Dino. - disse o Prof. Lupin, tornando a guardar a varinha. - Vamos prosseguir?

Recomeçamos a caminhada, e o professor nos conduziu por outro corredor e parou bem à porta da sala de professores.

– Entrem, por favor. - disse ele, abrindo a porta e se afastando para passarmos.

A sala era comprida, revestida com painéis de madeira e mobiliada com cadeiras velhas e desaparelhadas; estava vazia, exceto por um emo e gótico ocupante. O Professor Snape estava sentado em uma poltrona e ergueu os olhos para os alunos que entravam na sala. Seus olhos brilhavam e ele tinha um arzinho de desdém, que o fez parecer muito com o Malfoy; quando o Prof. Lupin entrou e fez menção de fechar a porta, morcego sexy Snape falou:

– Pode deixá-la aberta, Lupin. Prefiro não estar presente.

E, após dizer isso, se levantou e passou pela turma desfilando graciosamente e parecendo literalmente um morcego modelo. À porta, ele girou nos calcanhares e disse ao Prof. Lupin:

– É provável que ninguém tenha o alertado, Lupin, mas essa turma tem Neville Longbottom. Eu o aconselharia a não confiar a esse menino nada que apresente dificuldade. A não ser que a Srta. Granger se incumba de cochichar instruções ao ouvido dele. - nossa, Sev, isso foi cruel.

O Prof. Lupin ergueu as sobrancelhas, - Pois eu pretendia chamar Neville para me ajudar na primeira etapa da operação, e tenho certeza de que ele vai fazer isso admiravelmente. - ui, bota moral professor!

A cara de Longbottom ficou, como se isso fosse possível, ainda mais vermelha do que estava anteriormente. Snape revirou os lábios em uma forma de desdém e em seguida se retirou, batendo levemente a porta.

– Agora, então... - disse Lupin, chamando, com um gesto, a turma para o fundo da sala, onde não havia nada exceto um velho armário.

Assim que o professor se postou a um lado do armário, ele subitamente se sacudiu, batendo na parede. Pude perceber alguns alunos pular para trás, assustados. O mais provável é que lá dentro tinha um bicho-papão ou, talvez, o maluco da serra elétrica.

– Não se preocupem. - disse ele calmamente. - Há um bicho-papão ai dentro. - viu? Eu disse!

– Bichos-papões gostam de lugares escuros e fechados. - continuou o professor. - Guarda-roupas, o vão embaixo das camas, os armários sob as pias... Eu já encontrei um alojado dentro de um relógio de parede antigo! Este aí se mudou para cá ontem à tarde e perguntei ao diretor se os professores poderiam deixá-lo para eu dar uma aula prática aos meus alunos do terceiro ano. Então, a primeira pergunta que devemos nos fazer é: o que é um bicho-papão? - um bicho que gosta de papar coisas?

Hermione levantou a mão. E eu levantei também.

– É um transformista. - respondeu ela, antes que eu fosse capaz de fazer. - É capaz de assumir a forma do que achar que pode nos assustar mais.

– Eu mesmo não poderia ter dado uma definição melhor. - disse o professor, e pude perceber o rosto de Hermione se iluminar de orgulho.

– Então o bicho-papão que está sentado no escuro aí dentro ainda não assumiu forma alguma. Ele ainda não sabe o que pode assustar a pessoa que está do lado de fora. Ninguém sabe qual é a aparência de um bicho-papão quando está sozinho, mas quando eu o deixar sair, ele imediatamente se transformará naquilo que cada um de nós mais teme. Isto significa, - continuou Lupin, ignorando a exclamação de terror de Neville - que temos uma enorme vantagem sobre o bicho-papão. Você já sabe qual é, Harry?

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– Hum... Porque somos muitos, ele não vai saber que forma tomar. - respondeu Harry. Ai que emoção, eles crescem tão rápido!

– Precisamente. - concordou o professor. - É sempre melhor estarmos acompanhados quando enfrentamos um bicho-papão. Assim, ele se confunde. No que deverá se transformar, num corpo sem cabeça ou numa lesma carnívora? Uma vez vi um bicho-papão cometer exatamente este erro, tentou assustar duas pessoas e se transformou em meia lesma. O que, nem de longe, pode assustar alguém. O feitiço que repele um bicho-papão é simples, mas exige concentração. Vejam, a coisa que realmente acaba com um bicho-papão é o riso. Então o que precisam fazer é forçá-lo a assumir uma forma que vocês achem engraçada. Vamos praticar o feitiço sem as varinhas primeiro. Repitam comigo, por favor... Riddikulus!

– Riddikulus! - repetimos.

– Ótimo. - aprovou o professor. - Muito bem. Mas receio que esta seja a parte mais fácil. Saibam que a palavra sozinha não basta. E é aqui que você vai entrar Neville.

O guarda-roupa recomeçou a tremer, e percebi que Neville tremia quase tanto quanto ele.

– Certo, Neville - disse o professor. - Vamos começar pelo começo: Qual é a coisa que mais pode assustá-lo neste mundo?

Os lábios de Neville se mexeram, mas ele falou tão baixo que nem mesmo o professor ouviu uma palavra sequer.

– Não ouvi o que você disse, Neville, me desculpe. - disse o professor, animado.

Neville olhou para os lados meio desesperado, depois disse, num sussurro:

– O Prof. Snape.

Segurei o riso, mas mentalmente concordei com Neville. O morcego é realmente assustador.

– Prof. Snape... Hum... Neville, eu creio que você mora com a sua avó?

– Sim, moro. - respondeu o garoto, nervoso. - Mas também não quero que o bicho-papão se transforme na minha avó.

– Não, não, você não entendeu. - disse o professor, rindo. - Será que você podia nos descrever que tipo de roupas a sua avó normalmente usa? - ah, acho que eu entendi o que ele vai fazer, e segurei o riso só de pensar.

O menino fez cara de espanto, mas disse:

– Bem... Sempre o mesmo chapéu, um bem alto com um urubu empalhado na ponta. E um vestido comprido. Verde, normalmente... E às vezes uma raposa.

– E uma bolsa?

– Vermelha e bem grande.

– Certo então. - disse o professor - Você é capaz de imaginar essas roupas com clareza, Neville? Você consegue vê-las mentalmente?

– Consigo. - respondeu hesitante.

– Quando o bicho-papão irromper daquele guarda-roupa, Neville, e vir você, ele vai assumir a forma do Prof. Snape. E você vai erguer a varinha, assim, e gritar “Riddikulus!”, e se concentrar com todas as suas forças nas roupas de sua avó. Se tudo correr bem, o Prof. Bicho-papão-Snape será forçado a vestir aquele chapéu com o urubu, aquele vestido verde e carregar aquela enorme bolsa vermelha.
Todos rimos, e o armário/guarda-roupa sacudiu mais violentamente.

– Se Neville acertar, o bicho-papão provavelmente vai voltar a atenção para cada um de nós individualmente. Eu gostaria que todos gastassem algum tempo, agora, para pensar na coisa de que têm mais medo e imaginar como poderia fazê-la parecer cômica...

Algumas cenas da minha infância vieram a minha mente, lembranças que eu queria esquecer completamente. Oh, droga... Eu não quero que o bicho-papão se transforme nele. Não mesmo.

– Todos prontos? - perguntou o Prof. Lupin, me tirando de meus pensamentos.

– Neville, nós vamos recuar. - disse o professor. - Assim você fica com o campo livre, está bem? Vou chamar o próximo a vir para frente. Todos para trás, agora, de modo que Neville tenha espaço para agitar a varinha.

Todos recuamos, nos encostando nas paredes, deixando Neville sozinho ao lado do guarda-roupa. Ele parecia extremamente pálido e assustado, porém enrolara as mangas de suas vestes e segurava a varinha em posição.

– Quando eu contar três, Neville. - avisou o professor, que agora apontava a própria varinha para o puxador do armário. - Um... Dois... Três... Agora!

Um jorro de faíscas saltou da ponta da varinha do professor e bateu no puxador. O guarda-roupa se abriu com violência. Prof. Snape saiu, os olhos faiscando para Neville. O garoto recuou, com a varinha no ar, balbuciando silenciosamente. Snape avançou para ele, apanhando algo dentro das vestes negras.

– R... R.. Riddikulus! - esganiçou-se Neville.

Ouviu-se um ruído que lembrou vagamente o estalido de um chicote; Snape tropeçou, agora usando um vestido longo, enfeitado de rendas e um imenso chapéu de bruxo com um urubu carcomido de traças no alto, e sacudia uma grande bolsa vermelho-vivo.

Houve uma explosão de risos na sala; o bicho-papão parou, confuso, e Lupin gritou:

– Parvati! Avante!

A outra garota do dormitório - não a loiripática - foi, com ar decidido. Snape avançou para ela.

Ouviu-se outro estalo e onde o Snape vestido com roupas engraçadas estivera havia agora uma múmia com as bandagens sujas de sangue; seu rosto estava virado para a garota e a múmia começou a andar para ela muito lentamente. Sério que ela tem medo de múmias? Sério mesmo?!

– Riddikulus! - exclamou a garota.

Uma bandagem se soltou nos pés da múmia; ela se enredou, caiu com a cara no chão e sua cabeça saiu rolando para longe do corpo. Ri baixinho.

– Simas! - bradou o professor.

O garoto passou disparado por Parvati.

Craque! Onde estivera a múmia engraçadinha surgiu uma mulher de cabelos negros - parecendo os de Snape, só que mais compridos - que iam até o chão e um rosto esverdeado e esquelético - um espírito agourento.

Ela escancarou a boca e um som espectral encheu a sala, um grito longo e choroso. Abaixa o volume aí tia!

– Riddikulus! - exclamou Simas.

O espírito agourento apertou a garganta com as mãos; sua voz sumira.
Craque! O espírito agourento se transformou em um rato - quem tem medo de rato, porra? - que saiu correndo atrás do próprio rabo em círculos, depois... Craque! Transformou-se em uma cascavel que saiu deslizando e se contorcendo até que craque! Transformou-se em um olho único e sangrento.

– Confundimos o bicho! - gritou Lupin. - Já estamos quase no fim! Verona!

Me adiantei, praticamente correndo.

Craque! O olho começou a tomar a forma de uma pessoa. Ele¹ possuía cabelos castanhos escuros e arrumados, olhos azuis penetrantes, assim como um sorriso torto malicioso em seus lábios, era alto, e possuía um físico escultural; usava um terno com uma gravata vermelha e em suas mãos havia um par de algemas. Eu sabia que todos os outros alunos estavam curiosos, se perguntando quem diabos ele era para deixar alguém com medo, assim como eu tinha certeza de que meus olhos estavam arregalados e estava muito mais pálida do que o normal. Assim que eu vi que o professor deu um passo a frente para gritar o feitiço, eu fui mais rápida:

– Riddikulus! - berrei. Ouviu-se um estalo e agora ele estava vestido igual a um palhaço. Eu não gosto de palhaços.

– Excelente! Rony, você é o próximo! – Rony correu para frente aos pulos.

Craque! Muitos alunos gritaram, e eu também. Uma aranha gigantesca e peluda, com quase dois metros de altura, avançou para Rony, batendo as pinças ameaçadoramente.

– Riddikulus! - berrou Rony, e as pernas da aranha desapareceram. Ela ficou rolando pelo chão, a loiripática do dormitório deu um grito agudo e se afastou correndo do caminho da aranha, até que ela parou aos pés de Harry.

– Tome! - gritou o Prof. Lupin de repente, correndo para frente. O quê?
Craque! A aranha sem pernas sumira. Quase que imediatamente eu vi o globo branco-prateado pendurado no ar diante do professor, e então ele disse

“Riddikulus!”. Será que... Não, não pode ser. Vou esperar algum tempo e, se as minhas suspeitas forem confirmadas, eu falo com ele.

Craque!

– Para frente, Neville, e acabe com ela! - mandou o professor assim que o bicho-papão aterrissou no chão sob a forma de uma barata. Tomara que ela não voe.

Craque! E Snape reapareceu.

– Riddikulus! – gritou Neville, e, por uma fração de segundo, podemos ter uma visão de Snape e seu vestido de rendas antes de Neville soltar uma gargalhada e o bicho-papão explodir em milhares de fiapinhos minúsculos de fumaça, desaparecendo.

– Excelente! - exclamou o Prof. Lupin enquanto todos aplaudíamos com entusiasmo. - Excelente, Neville. Muito bem, pessoal... Deixe-me ver... Cinco pontos para a Grifinória para cada pessoa que enfrentou o bicho-papão, dez para Neville porque ele o enfrentou duas vezes e cinco para Harry e para Hermione.

– Mas eu não fiz nada! - protestou Harry.

– Você e Hermione responderam às minhas perguntas corretamente no início da aula, Harry. – respondeu o professor gentilmente. - Muito bem, pessoal, foi uma aula excelente. Dever de casa: por favor, leiam o capítulo sobre os bichos-papões e façam um resumo para me entregar na segunda-feira. E por hoje é só!

Assim que saí, percebi que Harry estava desanimado. Assim que chegássemos a sala comunal eu falaria com ele...

– Você me viu enfrentar aquele espírito agourento? - perguntava aquele garoto, Simas, aos gritos.

– E o Snape naquele chapéu!

– E a minha múmia?

– Por que será que o Prof. Lupin tem medo de bolas de cristal? - indagou Lilá, pensativa.

– Aquilo não era uma bola de cristal, quenga. Ele não é a professora Sibila. – retruquei rispída.

– Então o que é? – perguntou, desafiadora.

– Algo que não é da sua conta. – revirei os olhos, dando as costas e indo, ao lado de Rony, Hermione e Harry, refazer o caminho até a sala de aula para pegarmos as mochilas.

– Essa foi a melhor aula de Defesa contra as Artes das Trevas que já tivemos, vocês não acham? - disse Rony excitado.

– Eu não sei, nunca tive aula de DCAT antes. – ri, e eles me acompanharam.

– Quem era aquele homem, Verona? – perguntou Mione curiosamente, e os garotos me fitaram com curiosidade também.

Suspirei, - Alguém. – murmurei.