A testemunha- HIATUS

Conhecendo a casa


–Lisa, sai desse quarto e vem me ajudar a lavar a louça. - Minha Mãe grita

Olho ao redor, encarando o meu novo quarto. Tem paredes azuis claras, como o céu. Eu grudei meus posteres de bandas em toda a parede do meio, que fica do lado da porta de entrada.

O quarto é de um tamanho médio. Uma cama box, um armário grande e branco, um grande espelho atrás da porta e uma escrivaninha de mogno. A porta é da cor da escrivaninha e a pequena janela do lado da cama (que está encostada na parede), é branca e repleta de grades. O piso é branco, dando ao quarto um clima de limpeza extrema. Eu tinha acabado de terminar de decora-lo com as poucas coisas que trouxe quando minha Mãe gritou.

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– Mas estou cansada - Grito, olhando no relógio - Já são oito na noite.

– Vem logo! - Ela grita, claramente estressada

Reviro os olhos e saio do quarto, batendo a porta com força. O largo corredor mal iluminado me cerca, e vou correndo para as escadas ( entre todos os quartos, o meu tinha que ser logo o último do corredor?)

– Tá com medo do bicho papão? - Escuto meu irmão gritar , o quarto dele fica bem em frente as escadas.

Seguro o corrimão de aço e vou pisando rapidamente pelos longos degraus de madeira, não fosse a proteção de vidro, eu certamente teria pulado para ir mais rápido. Assim que a longa escadaria acaba, dou a volta pela mesinha com o vaso de flores e me encaminho para a cozinha, onde minha mãe me espera.

– Cheguei - Falo, assim que cruzo a porta de madeira.

A cozinha é branca como a neve. Uma geladeira dupla em aço inox fica logo a minha esquerda. Olhando para a frente, vejo a pia lotada de louça (copos, facas, garfos, pratos e etc). Ando para frente, mas colido com algo.

– Cuidado com a mesa!- Minha mãe fala

Olho atentamente, agora percebendo a mesa retangular de vidro em minha frente.

– Doeu - falo

– Muda de endereço mas não muda a desatenção. De a volta e me ajude aqui, você lava e eu seco.

Dou a volta na mesa e pego o detergente e a esponja, para lavar a louça. Pego o primeiro copo.

– Mãe, tudo isso é seu?

– Isso o que?

– As louças

– Não. Todas estavam nas gavetas e armários. - Ela fala, apontando para os móveis pretos em minha volta

– Vamos usar tudo isso?

– Se está aqui, teremos que usar

Sinto um pouco de nojo, vai saber quem já usou aquelas coisas.

– Que nojo

Minha mãe me lança um olhar raivoso e decido ficar quieta.

Fico quieta até que acabo de lavar a louça. Saio da cozinha e vou para a sala de estar, que fica do outro lado do hall de entrada.

–Olhem quem apareceu - Mu pai fala - Quer jogar?

Ele aponta para seu kit jogo de xadrez.

– Não. Tem TV aqui?

Ele aponta para um armário. Eu abro suas portas e me deparo com uma televisão LCD de 29 polegadas , igual a que minha vó tem.

Pego o controle e me jogo no longo sofá marrom. A TV liga no canal 4, onde está passando um quiz sobre história.

– Agora sim - Meu pai fala

Para constar, meu pai trabalhava em um museu, como guia . História é seu combustível . Foi lá que conheceu minha mãe, que na época estava fazendo faculdade de psicologia. Eles namoraram, casaram e tiveram Diego, depois fui adotada. Minha mãe acabou virando dona de um mercadinho de esquina.

– Não acredito que ela errou essa, quem Não sabe quem descobriu o México? - Meu pai comenta

Apesar de eu não saber, concordo com a cabeça.

Olho para a sala. É envolta por papel de parede, que tem desenhos de flores em dourado e fundo bege. Tem releituras de Monalisa, desde uma praticamente igual até uma tirando selfie. O sofá marrom em que estou acompanha duas poltronas igualmente marrons. O piso é de um porcelanato bege.

– Falta um lustre aqui, não acha? - Meu pai fala

– Sim

Olho para a luz, de fato falta um lustre.

– Quando formos para casa amanhã, irei pegar nosso lustre.

As palavras de meu pai me atingem como uma bola de boliche. Eu não sei mais o que devo chamar de casa.

– Vou tomar banho. - Falo

– Tá bom

Saio da sala e vou para o banheiro, que fica ao lado de meu quarto.

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Pense em um quarto grande. Adicione uma pia de mármore, patente branca , box preto e um enorme chuveiro. Isso é, basicamente, o banheiro.

Tiro a roupa de forma devagar, ligo a água na temperatura morna, esperando que a água quente leve embora o esgotamento e as coisas ruins do dia de hoje. Me esfrego com a bucha, passando o sabonete de baunilha. Só percebo o quanto demorei quando Diego bate na porta.

– Caiu dentro do ralo? - Ele berra

– To saindo

Desligo o chuveiro e percebo que o banheiro está coberto de fumaça.

– Esqueci a toalha, avise a mãe. -Falo

– MÃE! - Diego berra - A smurf esqueceu a toalha

– Se fosse para gritar eu mesma o fazia - Falo

– Então por que não fez?

Bufo. Escuto passos e vejo através da fechadura que Diego saiu da porta. Minha Mãe chega segundos depois, com uma toalha branca. Abro a porta, pegando a toalha depressa. A enrolo no corpo e saio correndo para meu quarto.

Abro uma das repartições do guarda roupas e em segundos já tenho a roupa completa. Um shorts velho e todo estampando e uma camisa que era de meu pai (com os dizeres: Eu amo historiar) . Passo o desodorante e o perfume , penteio os cabelos e os prendo em uma trança e calço os chinelos.

Saio do quarto, sendo guiada pelo cheiro de lasanha.

– Lisa, a janta está pronta. - Meu pai fala, quando me vê aos pés da escada

Vou para a mesa da cozinha, me servindo de lasanha e arroz. Encho meu copo de refrigerante e me sento na cadeira. Como toda a comida, que estava deliciosa. O cansaço me cerca e resolvo ir dormir.

– Boa noite, vou dormir - falo, me despedindo dos meus pais

Pego minha escova de dentes e os escovo. Depois de tudo pronto, solto os cabelos e me deito na cama ( que é um pouco desconfortável perto da que eu usava todos os dias), antes mesmo de terminar de rezar, caio no sono.

Foi um erro tremendo. Tive três pesadelos antes de acordar.

O primeiro era o assassino me enforcando.

O segundo, o marginal matando minha família.

O terceiro, era eu matando minha família, forçada pelo assassino

Olho no relógio, são cinco e cinquenta da manhã. Levanto e coloco uma roupa de ginástica. Pego o mp3 e os fones ,(Fui proibida de usar meu celular)e saio de casa, preciso esfriar a cabeça.

Assim que cruzo a esquina da minha rua, dou de cara com duas pessoas. Uma menina branca magra e alta , com olhos azuis como o céu e pretíssimos cabelos sedosos . E um menino, igualmente branco magro a alto (apesar de ser um pouco musculoso), olhos azuis são elétricos e cabelo curto e preto. Devo ter ficado encarando por tempo demais, porque a menina diz.

– Eu te conheço?

Nego com a cabeça

– Ela deve nos achar parecidos - O menino fala - Somos irmãos gêmeos

Pisco

– Qual é seu nome? - Ele pergunta

– Lisa - falo

– Ah, você é a nova testemunha - A menina fala - Nós também somos testemunhas

Os encaro

– Eu sou Clara, bem vinda a esse lugar - a menina fala

– E eu sou Ian. Apesar de ter acabado de te conhecer, creio que nos daremos muito bem.

Sorrio, talvez esse lugar não seja tão chato assim.