Vou passando os canais da TV, deixando por fim em um canal de culinária.

– Já acordou? - Indaga minha mãe, bocejando. Ela passara a noite toda aqui, já que eu não conseguia dormir cinco minutos sem acordar berrando.

– Pode dormir, mãe. - Falo

– Não sinto cansaço.

Ela se levanta do sofá, dá um beijo em minha cabeça e diz que voltará em breve para me ajudar à escovar os dentes e lavar o rosto.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Pego o livro que Diego trouxe e começo a ler. É desconhecido, ele disse que encontrou quando eu estava no hospital, resolveu então comprar. Fala sobre uma menina que, apesar de levar várias rasteiras da vida, não desiste.

Talvez ela seja como eu,talvez não, só sei que eu quero desistir.

Mamãe volta algum tempo depois, com dois potes na mão. Um deles está cheio de água, o outro vazio. Ela estende a escova de dentes, a pasta e retira dos ombros a toalha.

Calmamente, me ajuda a fazer as coisas básicas da manhã, coisas as quais nem damos valor, mas que eu adoraria conseguir fazer sozinha.

Instantaneamente, uma coisa passa pela minha cabeça: Como meus pais recebem dinheiro? Eles não trabalham mais, não saem desse lugar (Exceto quando eu preciso de um hospital). Poderia perguntar para minha mãe, mas ela está tão concentrada penteando meus cabelos que decido adiar.

– Ai - Reclamo, quando a escova prende em um fio.

– Desculpe, Lisa, mas seu cabelo parece palha.

– Não tive como hidratar.

– Eu sei. E nem usou aqueles produtos para manter a cor do azul,está todo desbotado.

Ela estava certa. Ainda não tive coragem de me olhar no espelho, ams tenho certeza de que a mistura de cabelo de vassoura, as prováveis olheiras e hematomas não seriam nada harmoniosas.

Diego chega, com pão e café, meu café da manhã.

* * *

– Ah, ela está dormindo? - Ouço uma voz dizer, ao longe.

– Sim. Desculpa, Clara. - Minha mãe diz - Pode voltar outra hora, se quiser.

– Diga a ela que passamos por aqui. - Reconheço a voz de Ian.

– Mãe? - Chamo.

A porta da sala se abre.

– Olhem, ela acordou.

Clara quase derruba minha mãe, corre até onde estou e me dá um abraço apertado. Gemo de dor.

– Desculpe. - Diz, se afastando - Mas é bom te ver de volta.

– Também é bom te ver.

Ela dá pulinhos de alegria, e minha mãe a encara, como se pensasse "Essa menina é doida".

Ian acena, de longe.

– Quero te dar um abraço, mas não posso fazê-lo se isso te machucar.

– Tudo bem - Falo.

Eles se sentam no chão e conversamos, Clara deixa bem claro que estou parecendo um caco. Ian está reservado, fazendo perguntas simples e contando sobre o condomínio.

– Ah, tem uma pessoa nova aqui. - Clara fala

– Quem?

– Uma tal de Bárbara.

– Ela é legal?

– Bom, tem aquele jeito meio mocinha de filme, mas no fundo eu sei que ela é uma Regina George da vida.

– Ok, ela não é legal. - Concluo.

– Ian deve ter achado ela o máximo.

– Ela é legal, é doce, simpática. E gostou de mim

– Todos gostamos de você.

Ele revira os olhos.

– Ela é legal.- Diz Ian - Eu preciso ir, papai precisa da minha ajuda em casa - Diz, se levantando - Melhora, Liz.

– Obrigada - Falo.

Clara dá um tapa no irmão, depois continuamos a conversar.

* * *

Ian

Meu pai, na verdade, não precisava de mim. A verdade é que fugi antes que Lisa começasse a mencionar Igor, e como ele foi um herói para ela.

Você se pergunta "Como pode ter ciúmes de alguém que não te quer? De alguém que não te pertence?" Não sei, eu responderia, simplesmente sinto.

Dobro a esquina para ir até minha casa, e uma figura loira corre até mim. Reconheço como Bárbara.

– Ian, onde estava? - Indaga, os olhos verdes me encarando. Bárbara é linda: Pele branca como porcelana, olhos verdes como a grama, cabelos loiro até os ombros, escovados, com um corte Vintage. Mas o que a deixa mais bonita é sua personalidade: é bondosa, legal. Clara me disse que ela é uma fingida, mas é só paranoia.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Fui ver minha amiga.

– Aquela que estava no hospital?

– Ela mesma.

– Coitadinha - Comenta, com pena - Ela está melhor?

– Está. Mas não consegui vê-lá daquele jeito, triste, acabada. Não parecia ela.

Bárbara pega minha mão, um gesto de fraternidade.

– Ela vai superar.

– Tomara.