A testemunha- HIATUS

A garota ensanguentada


Ler aquela carta foi como levar um tapa na cara e eu poderia ficar descrevendo a sensação durante meses, mas infelizmente tinha uma pia cheia de louça para lavar. Vou até a pia e começo a ensaboar os pratos , talheres e copos.

– Filha - Minha mãe diz, entrando na cozinha - A lista de compras está pronta?

– Sim, finalizei ontem.

– Ah, certo. Vou levar até a portaria para que possam comprar.

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– Ok.

Assim que termino de lavar a louça, subo para meu quarto. Meu pai e minha mãe devem estar na portaria e Diego está dormindo em seu quarto. Me deito na minha cama, com a intenção de dormir também. Porém, antes que eu o possa fazer-lo, um grito estridente corta o ar.

– Lizzy, você tá bem? - Diego berra

Saio correndo do quarto e vou até seu quarto.

– Estou. Quem fez isso?

– Eu é que não fui.

Olho ao redor, tentando decifrar de onde veio.

– Vou dar uma olhada lá fora - Falo

– Tá. tenta não levar um tiro de novo - Diego fala

Bufo, saindo do quarto. Vou em direção à escada e quando desço chego até a porta de entrada, abrindo-a.

O que vejo lá fora é deprimente.

Dafne (acho que é esse o nome dela) esta jogada no meio da rua, suja de sangue e com os pulsos cortados, chorando. O garoto cujo esqueci o nome não está lá, então decido ajuda-lá.

– Ei, vem aqui. - Falo

Ela me encara, porém continua lá no chão. Saio da porta e vou carregando-a devagar até dentro de casa. Confesso que estou com medo de machuca-lá mais do que ela já esta.

– Me deixa sair - ela grita.

– Lisa? - Diego indaga, correndo pelas escadas

– Eu estou aqui.

Ele chaga até onde estou, olhando confuso para Dafne.

– Quem é ela?

– A nossa vizinha.

– Vai manchar o tapete todo.

O encaro com cara feia.

– Vá até a casa da frente e tente achar alguém, caso não encontre chame Clara para me ajudar.

– Tá. - ele fala, saindo de casa antes mesmo que eu pudesse avisar que ele está de pijama.

Pego um copo de água e ofereço para a garota, que aceita.

– O que aconteceu? - Pergunto

– Não quero falar.

– Sabe que só quero te ajudar, não sabe?

Ela não responde.

– O que acha de tomar um banho para se livrar do sangue? - Proponho

– Não quero voltar para casa.

– Por que?

– Porque...

Antes mesmo que ela pudesse responder, Clara entra em casa.

– Diego disse que você me... AI MEU DEUS!

– Clara, tá tudo bem, só precisava de mais alguém aqui.

Ela me ignora

– Garota, você está bem?

– Sim.- Dafne responde

– Eu duvido. Isso no seus pulsos são cortes?

– Sim.

– Por que se cortou?

– Eu nem te conheço, por que iria responder?

– Acho que ela precisa de um banho - repito

– EU concordo- Clara fala

– Eu Não preciso!

Clara e eu nos entreolhamos, como se soubéssemos o que fazer.

Pego a menina pelos pés e Clara pelos braços , a levamos escada acima.