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—Deixa eu ver se eu entendi. -disse Makoto- Vocês estão...namorando?

Nagisa e Rei se olharam. Era domingo de manhã, o rapaz de óculos convidara Haruka, Makoto, Rin e Gou para irem à sua casa, onde, ele dissera, tinha um importante anúncio a fazer. Os garotos se encontravam ajoelhados em volta da mesa, copos com chá de camomila na frente de cada um, apenas em caso de emergência. Nagisa e Rei haviam acabado de explicar sua situação aos amigos: que haviam se declarado um para o outro há três dias, e no dia anterior, o pedido de namoro fora feito, com muito embaraço, por Nagisa.

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As reações foram diversas. Todos pareceram chocados primeiramente, mas após alguns segundos, Makoto abriu um enorme sorriso, Haru voltou à expressão estática de sempre, Rin pareceu indignado e Gou deixou escapar um gritinho de felicidade.

—Isso é ótimo! -disse o mais alto na mesa, erguendo o polegar em sinal de aprovação- Boa sorte pros dois nesse relacionamento. Espero que sejam felizes.

—Já não era sem tempo -disse o de olhos profundamente azuis, tomando um gole do chá.

—Eh?! O que quer dizer com isso, Haru? -perguntou Nagisa, confuso.

—Ah, por favor -ele os olhou- Qualquer um, por mais tapado que fosse, conseguiria perceber os olhares que vocês trocam. A maneira como o Rei te encara, Nagisa, já entregava o jogo.

O de cabelos azuis ajeitou os óculos e tossiu, tentando disfarçar seu embaraço. Nagisa começou a rir por puro nervosismo. Rin, ainda com uma expressão revoltada, exclamou:

—Espera! Então...vocês eram gays esse tempo todo? Nagisa?! Todas as vezes que eu troquei de roupa na sua frente...argh, não acredito nisso! -ele cobriu o rosto com as mãos, vermelho. Makoto riu, e como estava ao seu lado, deu-lhe uns tapinhas nas costas.

—Calma, calma, Rin. Tenho certeza que tanto o Nagisa quanto o Rei nunca pensaram em espiar suas partes baixas.

—O que quer dizer com isso? -rosnou o ruivo, erguendo os olhos. A quase disputa foi impedida por Gou, que apertou as próprias bochechas e soltou outro gritinho agudo:

—Kyaaaaa! Isso é tão, tão, tão lindo! Uma verdadeira história de amor, daria um Boys Love tão perfeito...! Claro, é um desperdício, porque assim, nenhuma garota vai poder ter os músculos do Rei ou do Nagisa... -ela assumiu uma expressão séria, mas logo voltou a sorrir- Mas eles não são tudo isso, então acho que não tem problema!

O loiro e seu namorado trocaram um olhar ofendido. Rei ergueu as sobrancelhas, e Nagisa comprimiu os lábios.

—Eeeh...obrigado, Gou...e-eu acho... -murmurou o mais novo.

—De qualquer modo -Rei suspirou e ergueu os óculos, que escorregavam por seu nariz- Obrigado por suas reações positivas. Fico mais tranquilo sabendo que nos aceitam.

—E por que não aceitaríamos? Makoto riu- Somos seus amigos, Rei! O que quer que você e o pequeno Nagisa escolham, está tudo bem para nós.

—Ei, eu não sou pequeno, Mako! -protestou o loirinho- Você que é muito alto!

—Humm, desculpe, Nagisa, mas você é pequeno, sim. -Rei conteve o sorriso.

—Aah, até você, Rei? Isso não é justo!

O menor inflou as bochechas em desagrado, e todos em volta da mesa riram alto, como não faziam há um bom tempo.

*

As vidas de todos mudaram um pouco depois disso. Por exemplo, era mais comum ver Rei sorrindo para Nagisa, ou chamando-o mais carinhosamente, ou trocando beijos tímidos quando pensavam que ninguém estava olhando. Agora, os dois iam para casa sempre juntos depois do treino, com o pretexto de estudar. Normalmente, esse era de fato seu objetivo, mas Nagisa convencia o namorado a fazer uma pausa, e eles acabavam se entretendo tanto um com o outro, que deixavam os estudos de lado.

Naquela noite de sexta-feira, o loiro pensou que conseguiria aplicar o mesmo golpe, mas não foi bem o que se passou.

Sentado no chão do quarto de Rei, à mesa de estudos cheia de livros de física abertos, Nagisa fazia um grande esforço para prestar atenção no que o de cabelos azuis explicava. Mas ele ficava tão atraente, compenetrado daquela maneira...os cálculos difíceis que saiam de seus lábios eram como música para o menor, que não conseguia pensar em nada além de como o rapaz era belo.

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—Entendeu? -finalizou Rei, ajeitando os óculos com um ar de professor.

—Um-huuum... -fez Nagisa, apoiando o rosto nas mãos e, por sua vez, os cotovelos na mesa, observando Rei com uma expressão apaixonada.

—Então repita o que eu acabei de dizer. -o maior cruzou os braços.

—Aaah, Rei, vamos fazer uma pausa? -ele praticamente miou, usando a vozinha manhosa que sempre funcionava- Estou cansado de tanta física. Que tal estudarmos...química? ele mordeu o lábio inferior e se ergueu nos joelhos, inclinando-se sobre a mesa até tocar o rosto já rubro de Rei com uma das mãos. Normalmente, era nessa parte que o maior desviava o olhar, encabulado, e concordava timidamente em fazerem uma breve pausa, contanto que voltassem aos estudos o mais rápido possível. Mas naquele momento, Rei manteve a expressão impassível, e afastou a mão de Nagisa com delicadeza.

—Não -disse, objetivo- Você está aqui para estudar, e é exatamente o que vai fazer. Resolva a questão oito.

Nagisa não escondeu sua surpresa. Arregalou levemente os olhos e exclamou um "Rei!", logo tendo seu protesto interrompido:

—Nada de "Rei" pra cima de mim. Você sempre me seduz e acaba não estudando nada, Nagisa, mas hoje isso não vai acontecer. Quero ver resultados, não adianta de nada você vir aqui para que eu te ajude, todo santo dia, e suas notas não aumentarem. Pense no clube de natação, você quer realmente ser forçado a sair?

O menor arquejou, aquela possibilidade era simplesmente horrível! Ele voltou a se sentar e baixou a cabeça, envergonhado e arrependido por seus atos impensados.

—N-não... -murmurou- Me desculpe, Rei.

O maior suspirou. Estava realmente tentando colocar o namorado na linha, ser mais rigoroso com ele quanto aos estudos, mas não conseguia se sentir culpado ao vê-lo tão triste. Aproximou-se e lhe afagou os cabelos, gesto tão repentinamente carinhoso, que o fez erguer a cabeça, surpreso.

—Tudo bem, Nagisa -Rei sorriu e afastou a mão- Olha, se você conseguir terminar essa página de exercícios, terminamos os estudos por hoje, que tal? E então poderemos fazer o que você quiser.

Os olhos de Nagisa brilharam. Ele logo abriu um sorriso e agarrou a lapiseira, determinado a terminar aquela folha.

—C-certo! Pode deixar! -exclamou, baixando os olhos para ler o enunciado logo em seguida. Rei não conseguiu evitar rir.

Nagisa realmente se empenhou nos exercícios. Os lia com atenção, e sempre que uma dúvida surgia, pedia ajuda ao namorado, escutando sua explicação com atenção total. Ao finalizar a última questão, deu um suspiro profundo e largou a ferramenta de escrita, espreguiçando-se.

—Ufa, finalmente terminei! -ele disse, sorrindo- Pode corrigir, Rei.

—Isso foi rápido -murmurou o maior- Não levou nem uma hora. Deixe-me ver, agora... ele pegou a folha, comparando as respostas de Nagisa com as que constavam no livro de física ao lado, e foi com um sorriso que devolveu os exercícios ao namorado- Bom trabalho! Está tudo certo...nem um erro sequer! Você realmente se empenhou, Na--!

Nem conseguiu completar a frase. Foi surpreendido por um abraço que o derrubou no chão: Nagisa pulara sobre a mesa direto para seu pescoço, rindo sem parar, já distribuindo pequenos beijos em seu rosto.

—N-Nagisa! Calma aí, o que você...hey, está me ouvindo? Nagisa!

O menor se afastou um pouco, com uma expressão divertida. Rei estava engraçado, deitado no tapete, tentando inutilmente se erguer, os óculos tortos e as bochechas vermelhas. Nagisa adorava como, mesmo depois de mais de uma semana inteira juntos, o maior ainda ficava desconcertado com seus carinhos.

—Ué, Rei, você mesmo não disse que, se eu terminasse a folha de exercícios, poderíamos fazer o que eu quisesse? -ele ergueu as sobrancelhas, travesso- Eu acertei todas as questões, e agora, quero minha recompensa.

Rei não poderia estar mais corado. Ele virou o rosto, sabendo que derreteria se encarasse Nagisa por mais tempo, e suspirou pesadamente.

—Você não tem jeito mesmo...ah, tudo bem. -ele abraçou o menor, e dando impulso, rolou, invertendo as posições. Agora, estava de quatro sobre o loiro, um joelho entre suas pernas, as mãos, uma de cada lado de sua cabeça- Vou te recompensar por se sair tão bem...Nagisa.

Nagisa estremeceu ao ouvir seu nome ser dito de maneira tão baixa e rouca. Ele esticou os braços, envolvendo o pescoço de Rei com eles, aproximando-o mais de si. O beijo que trocaram foi calmo e cheio de sentimento, de início; Rei apoiou o cotovelo no chão, ficando ainda mais colado a Nagisa, e sua outra mão rumou até a cintura do menor, que arqueou as costas, e o maior as segurou ali. Nagisa soltou um suspiro baixo, separando-se do namorado para pegar ar, e logo voltou a beijá-lo, com mais urgência desta vez. O toque foi se tornando cada vez mais profundo, mais íntimo, até que as línguas dos dois estavam dançando no ar, se entrelaçando, sentindo o gosto uma da outra. Rei soltava alguns gemidos entrecortados, que apenas incitavam Nagisa a ir mais fundo com a língua em sua boca. As mãos do pequeno acariciavam seus cabelos curtos, arranhavam de leve sua nuca, fazendo o maior se arrepiar. Enquanto isso, este puxava Nagisa cada vez mais para perto, roçando os dois corpos, arrancando suspiros lânguidos do loiro.

—R-Rei...! -o menor gemeu quando a coxa do mais velho esfregou-se entre suas pernas, proposital ou acidentalmente.

—Estou te machucando? -perguntou Rei, arfando, parecendo genuinamente preocupado.

—Não...mnh...é bom. -ele respondeu, fechando os olhos para aproveitar as carícias. Determinado a fazer Rei se sentir bem também, uma de suas mãos deslizou do pescoço para o peito do mais velho, e sorrateiramente entrou por baixo de sua blusa, fazendo um carinho delicado em seu abdômen. O maior tensionou os ombros, suspirando em sinal de prazer. Voltou a beijar Nagisa com afinco, mordiscando seu lábio inferior. O menor sorriu. Era engraçado como Rei perdia completamente o pudor uma vez que começavam a se beijar; tão diferente de sempre! E o loiro sempre pensara que ele teria que guiar o mais velho, convencê-lo a se soltar...nem fora preciso muita insistência para Rei se tornar um especialista em beijos quentes, o que havia surpreendido Nagisa bastante.

Obviamente, de uma maneira positiva. Bota positiva nisso.

De qualquer modo, Nagisa tinha esperanças que aquele seria o dia. Finalmente, a relação deles avançaria...há muito tempo ele queria fazer coisas indecentes com Rei, e talvez naquela noite, ele conseguisse.

Ou foi o que ele pensou.

—R-Rei... -ele gemeu, atraindo a atenção do namorado- E-eu...eu quero...

—Rei, Nagisa! -uma voz feminina, a da mãe do mais velho, gritou do lado de fora do quarto- O bolo ficou pronto, querem que eu leve um pedaço pra vocês?

O maior suspirou, e saiu de cima do loiro, parecendo frustrado pela interrupção.

—Agora não, mãe, obrigado -ele gritou em resposta. Sentou-se, coçou a nuca com embaraço e pôs-se a fitar um ponto aleatório no tapete- ...não vai ser dessa vez, pelo jeito. -suspirou novamente, depois de um tempo.

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—É. -concordou Nagisa, se sentando de pernas cruzadas e baixando a cabeça.

—Me desculpe.

—Ah, não, tudo bem. -o menor ergueu os olhos e sorriu, corado- Fica pra próxima.

—Haverá uma próxima? -o coração de Rei deu um salto.

—Absolutamente -ele riu, e pareceu ter uma ideia genial- Oh, acabei de lembrar! Estarei sozinho em casa durante todo o final-de-semana, meus pais vão viajar... -sorriu- Quer dormir lá, talvez?

Rei comprimiu os lábios, tentando não enrubescer como um idiota. Nagisa tinha esse poder sobrenatural de deixá-lo desconcertado com quase tudo; bastava um sorriso para fazê-lo corar, desejando beijar aquele menino até que seus lábios ficassem dormentes.

—C-claro. -ele gaguejou, pigarreando em seguida- Quer dizer, claro. Será um prazer.

—E sem estudos! -Nagisa proibiu- Não quero te ouvir falando deles!

—Pode deixar. -Rei riu, engatinhando até o namorado- Prometo tentar evitar esse assunto. -ele fastou a franja do menor e depositou um beijo cálido em sua testa, deixando-o vermelho de surpresa e vergonha. O maior se afastou para encará-lo, satisfeito. Finalmente tinha Nagisa para si...e apenas para si. Aquele sorriso cativante agora era todo seu, assim como os carinhos mais íntimos do menor, e todas as suas promessas de amor.

E ele esperava que as coisas continuassem assim, daqui por diante. Para sempre.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.