A Lira da Verdade

Capítulo 28 - Noah


N

O

A

H

Eles aproveitaram e guardaram o resto dos sanduíches de queijo que Bastet havia invocado. Era comida, e estava ao alcance deles, então não podiam dar o luxo de deixa-la lá e provavelmente morrerem de fome mais tarde. O parque era enorme, denso, escuro e outras características nenhum pouco convidativas e por sorte eles estavam em um lado pouco movimentado - o que para semideuses e magos era ótimo, significava que, para os mortais, provavelmente não teria perigo.

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Eles decidiram ficar em uma cabana de madeira - quando a avistaram já deveria ser perto da meia noite. Eles notaram que a cabana deveria ser geralmente usada como pronto-socorro, caso houvesse algum problema no parque. Tinha uma pequena enfermaria com duas camas separada da sala por uma cortina branca. A enfermaria era, em resumo, duas camas de ferro com colchões velhos e com os famosos suportes para soros ao lado e uma cômoda branca de médico com alguns remédios para prestar ajuda em alguma emergência. Já na sala, havia uma lareira pequena e ao lado uma churrasqueira velha e enferrujada. Um baú do outro lado do cômodo estava vazio, provavelmente antes estivera casacos, mas agora parecia que os guardas os tinham pegos para fazerem suas patrulhas.

– É um bom lugar. – Karina falou. – Neal, me ajude a pegar os colchões da enfermaria, vamos trazê-los para a sala e nos aquecer na lareira. E Noah, veja se acha lenha em algum lugar.

Não, ele não achou um local dentro da casa que armazenasse lenha e não estava tão desesperado para sair no meio da neve e da tempestade atrás de madeira. Além disso, assim que pisasse dentro da cabana a neve impregnada na madeira derreteria, a molharia e dificultaria para acender as chamas. O jeito foi contornar a cabana. Uma pilha de madeira em troncos finos estava empilhada atrás da casa, cobertas por um manto grosso que impedia a neve de molha-las e deixa-las úmidas.

Noah pegou o necessário e colocou na fogueira.

Só não tinha os fósforos ou um isqueiro.

As janelas batiam com o vento forte, e o moreno pensou que talvez não houvesse patrulha naquela noite. Era uma tempestade de neve enorme, e provavelmente congelariam de frio se fossem contornar todo aquele parque. Mesmo com grossos casacos.

Karina ajeitou os colchões desconfortáveis e mofados no chão e pegou o par de travesseiros da cama. Os três trocaram olhares sobre a cama improvisada, e Karina pareceu desconfortável. Claro, era a única menina ali - fora Bastet -, mas mesmo assim Karina tinha o direito de estar desconfortável. O jeito foi separar os colchões, mas os mantiveram na frente da lareira.

– E então? Quem ficará nos colchões? – Perguntou Neal.

– Vocês. – Noah murmurou, cutucando a lenha ainda apagada na fogueira. O moreno estava de costas para o loiro e a ruiva, e esfregava uma mão na outra, como se tentasse se aquecer. A madeira estava úmida por causa da neve ainda impregnada nela. Demoraria a pegar, e demoraria ainda mais usar as brasas para acender a churrasqueira e preparar alguma coisa comestível - que não fosse sanduíches.

– Mas, e você? – Karina perguntou.

– Não estou cansado, e, além disso, estou tentando acender esta lareira. – Ele resmungou.

Muffin ronronou perto dele, e então pulou no colo de Karina, que estava sentada e coberta pelo lençol da enfermaria. Por sorte tinham um reserva, então ela jogou um para Noah e outro para Neal. Muffin se enfiou no lençol da ruiva, parecia estar com frio.

Karina também sentia frio, por isso estava abraçando seus joelhos e somente com o rosto fora da coberta. Muffin estava em cima de seus pés, aquecendo-os por baixo do lençol. Noah resmungou algo e atirou sua jaqueta na cara da ruiva. Surpresa ela fitou o moletom e então Noah.

– O que? – O moreno resmungou.

– N- nada, obrigada. – Ela corou, virando-se para Neal. Por incrível que pareça, ele estava dormindo no colchão dele. Ele definitivamente se daria bem como aprendiz de Hipnos.

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Noah, aproveitando a oportunidade de não ser notado, assoprou dentro de suas mãos, causando um formigamento na pele. Ele sentiu quando suas palmas foram aquecidas, uma pequena luz cálida brilhou, fraca, e ele sentiu o calor do fogo. Ele observou a chama dançar na palma da sua mão - ainda escondida do olhar da ruiva e do loiro. E então Noah a fez entrar entre a madeira, chamuscando, intensificando. Até fazer o pequeno fogo acender.

– Incrível! Você conseguiu acender! Como? – Karina perguntou, animada.

– Ah... Esfregando dois pedaços de madeira. Pelo visto funcionou. – Ele murmurou, o que na verdade era uma mentira. Karina franziu a testa antes de deitar no colchão, agora sendo aquecidas pelas chamas ressentes da lareira. Muffin espiou com a cabeça para fora e então se enrolou, adormecendo, perto da garota.

Karina parecia preguiçosa daquele jeito. Noah grunhiu baixo e então afastou a madeira em chamas com as mãos nuas, procurando pelas brasas. Ele pegou um punhado na mão e se dirigiu a churrasqueira, colocando-as lá. O fogo não o incomodava, uma vez que ele podia invoca-lo. Não sentia nem mesmo um ardor. Ele era um filho de Hefesto com esse “dom”, afinal. E não representava boa coisa. Quanto mais dois desses meio-sangues, já que Leo também tinha esse poder.

O mundo está encrencado duas vezes? Pensou o moreno, suspirando. Nunca havia falado com esse tal de Leo antes, mas pode sentir o calor que ele emanava igual a ele próprio ao passar pelo acampamento uma vez, depois da derrota de Gaia. Ambos fabricavam chamas, mas as e Leo eram chamas quentes, vermelhas, enquanto as de Noah eram negras. As chamas de Leo ajudavam, as de Noah eram totalmente o contrário, pelo menos para ele.

Noah puxou alguns ingredientes que sempre levava guardado no Duat, então pegou uma vasilha na mochila e preparou uma sopa. Ele mesmo segurou a vasilha sobre o fogo para aquecer a comida. Quando estava pronta, despejou a receita em uma garrafa térmica grande para que pudessem comer mais tarde, e que ela ainda ficasse quente. Ele se espreguiçou, encostando-se a parede da cabana.

Z voou, entrando pela chaminé apesar do calor e pousou na mão do moreno. Noah o fitou, dando um meio sorriso.

– Me acorde se algo acontecer, O.K? – O moreno não esperou confirmação, apagou ali mesmo perto da lareira.