A Lira da Verdade

Capítulo 26 - Neal


N

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O loiro observou quando o moreno descia do taxi para pegar o gato do capô do carro. Ele não voltou para dentro, então isso fez com que tanto ele quanto Karina também saíssem. Neal teve de pagar a corrida, o que não o fez muito feliz. E isso também não o fez gostar mais do gato, já que a culpa de a corrida não ter começado tinha sido dele. E em terceiro lugar agora ele estava oficialmente liso. O gato miou no colo de Noah e o rapaz se sentou em um banco de praça. Z preferiu ficar longe do gato então pousou na cabeleira loura do rapaz, observando tudo.

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– Você conhece esse gato? – Neal perguntou.

– Talvez. – Noah deu de ombros.

A ruiva franziu a testa. – Como assim “Talvez”? Você o conhece ou não?

Noah procurou em sua mente o que aquele gato poderia representar. Gatos, felinos, bolinhas de lã... Gatos. Bastet! A deusa egípcia dos felinos. O moreno ofegou quando colocou o gato no chão.

– Bastet? – Ele perguntou. O gato o observou e miou uma vez. Karina e Neal observaram alguns passos atrás enquanto o moreno encarava o gato.

Uma nuvem de fumaça cercou o animal dourado, que mais tarde Noah descobriu que se chamava Muffin e era como um hospedeiro para a deusa. No lugar do gato surgiu uma mulher de cabelos presos num rabo de cavalo, macacão de onça e olhos dourados. Ele cruzou os braços e ficou de frente para Noah. Karina arquejou um pouco como se tivesse visto um fantasma.

– Pelas areias do Egito, Noah! Você é tão problemático como Carter e Sadie.

Karina franziu a testa, e Neal suspeitou de que talvez ela já tivesse ouvido aqueles nomes antes. Ou talvez um deles. Já Noah deu de ombros e assentiu. A mulher o observou e então cravou seus olhos de felino em Karina e no loiro.

– E eles?

– Semideuses. – Noah respondeu.

A mulher concordou.

– Sim. Sinto a aura deles daqui. E o que pretende fazer Noah? – Ela perguntou.

Karina se ergueu, confusa.

– Não estou entendendo nada! Noah, explique logo o que prometeu para nós! Você deu sua palavra que contaria. – Karina insistiu, irritada.

Ele suspirou, encarando o chão. Seus cabelos negros estavam tão compridos que caiam desgrenhadamente por cima dos olhos castanhos. Neal viu Karina corar enquanto observava-o. Bastet observou calada que decisão Noah tomaria. Ele poderia negar e se isolar deles novamente, ou poderia falar de uma vez.

– Karina, Neal; Essa é Bastet, uma deusa egípcia. Além dos deuses greco-romanos também existem os egípcios, mas o acampamento não sabe sobre eles. Eu suspeito que Quíron saiba, mas os campistas não.

– Porque não?

Agora Noah olhou para Bastet.

– Já ocorreu a junção dos gregos, romanos e egípcios antes. E acabou em uma guerra. Conseguimos ocultar isso dos mortais, mas os deuses maiores decidiram que deveriam separá-los. – Ela respondeu.

– Como sabe sobre o acampamento Noah? – O loiro perguntou, curioso.

– Eu sou um semideus. – Ele respondeu em um sussurro e então fez uma pausa hesitante. – Sou filho de Hefesto. Mas não posso voltar ao acampamento. Já ouviram falar sobre a guerra em Manhattan e sobre o que Cronos fez não é? Bom, eu estava lutando em nome de Cronos.

Karina e Neal ofegaram. – Por quê?

Ele a fitou. Noah estava hesitante, e seu olhar passava pela ruiva como se ele quisesse dizer algo mais. Mas então suspirou tristemente e fitou novamente o chão.

– Quando eu fui determinado, eu já tinha meus treze anos. Cheguei ao acampamento com dez. Os deuses não ligam tanto assim para seus filhos. Somos somente ferramentas para realizar a vontade deles na terra.

Aquela voz de seus sonhos voltou à tona na mente de Noah. Noah não tinha sido quase manipulado pelo titã do tempo. Ele foi realmente manipulado. Quase morrera na guerra de Manhattan e foi um alivio quando Cronos voltou ao Tártaro.

– O exercito de Cronos tinha invadido o acampamento, foi à famosa “Batalha do Labirinto”, pois usaram o labirinto de Dédalo para invadir. Quando soube que Cronos mantinha uma pessoa importante para mim como refém, eu o obedeci e me juntei de vez a ele. Ele me manipulou, e quando ele foi destruído ela estava bem. Mas os deuses interferiram, dizendo que eu e meus... Amigos... Poderíamos ser uma ameaça e disseram que fariam uma votação para saber o que fariam a nosso respeito. E depois eu fugi.

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Neal e Karina ficaram em silencio. A ruiva estava tensa, triste e... Com ciúmes. Ele falava com tanta doçura sobre "Ela" que a deixava desconfortável. Mas ela não sabia o porquê. E os amigos dele... Então até mesmo Noah tinha amigos. Ela estava admirada por isso. Claro, todos precisam de amigos. E aqueles especiais acabam sendo mais que isso. Ninguém pode viver isolada para sempre.

– E essa pessoa? – Karina falou com voz rouca. – Ela está bem?

O moreno assentiu. Um breve e tímido sorriso cresceu em seu rosto como se ele estivesse se lembrando da tal pessoa, mas ele o disfarçou rapidamente. – Sim. Ela deve estar bem.

– Depois de fugir eu vaguei pelo Egito. E então conheci os egípcios. Fui mandado para o Primeiro Nomo. Nomo era como o Egito era dividido, e os magos dividem-se do mesmo modo. Recentemente fui mandado para o Vigésimo Primeiro Nomo no Brooklin, que é comandado por Carter e Sadie.

Quando ele contou tudo, parecia que estava anoitecendo. Bastet ainda parecia querer a resposta para a sua pergunta e Noah percebeu isso. Tinham que se decidir. E isso até o loiro percebeu. A noite poderia ser bem mais perigoso.

– Eu não sei o que fazer. Mas sei que devemos alertar Quíron. – Ele pareceu pensar um pouco. – Não. Vocês dois devem. – Ele apontou para Karina e Neal. Seus olhos brilhavam como brasas. – Não falem nada sobre os egípcios ou sobre mim. Digam somente que estão na profecia.