— É difícil deixar quando você nunca se despediu. — River murmurou. Sua voz, a voz de um eco, se perdia no ar como uma brisa entre a tempestade, mas ela sabia que ele podia ouvir como se ela tivesse dito em seu ouvido.

Ali estava ele mais uma vez. Se sacrificando, encarando uma morte que não poderia ser remediada com regeneração de nenhum tipo. E ela, impotente, não podendo impedí-lo. Se perguntou quantas vezes teria de viver essa situação.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Era irônico, realmente. A última vez que havia visto o Doutor, a situação havia sido inversa, ele impotente e ela se sacrificando. Não o seu Doutor, é claro que não. Aquele era um garoto que, apesar de ter crescido rápido demais, ainda não carregava todo o sofrimento do mundo debaixo de olhos tristes, resignados. Ele vestia um casaco longo e usava óculos para parecer inteligente, falando alto e com uma confiança característica, e River, quando o reconheceu, de imediato pensou que iria se apaixonar por aquela face do maravilhoso homem que ela amava tanto quanto a outra. Mas, então, ela nunca teve a chance.

— Me conte, então, porque eu não sei. Como eu faço isso? — Ele respondeu. Havia medo em seus olhos, aquele que só aparecia quando alguém de quem ele gostava estava em perigo. Uma dor, também, tão intensa que atingiu River em seu cerne, a lembrando mais uma vez o quanto ele devia ter sofrido por ela, saber desde o começo que iria perdê-la e lutar para manter sua promessa.

— Só tem uma maneira que eu irei aceitar. Se você já me amou alguma vez, diga isso como se você fosse voltar. — Ela respondeu num tom suave. Ele sorriu daquele modo infantil, um tanto bobo. Os olhos, tão antigos e tristes, não condiziam com o sorriso.

— Bem, então. Vejo você por aí, Professora River Song. — Ele replicou.

— Até a próxima, Doutor. — Ela disse, um sorriso triste.

— Não me espere acordada. — Ele brincou, se virando.

— Ah, e tem mais uma coisa, Doutor. — Ela disse, dando um passo na direção dele.

— Não há sempre uma? — Ele murmurou, esperança aflorando em seu rosto.

— Eu estava conectada mentalmente à Clara. Se ela está morta, como eu continuo aqui? — River perguntou com um sorriso.

— Okay. Como? — Respondeu, sem fôlego.

— Spoilers. — Disse River, o sorriso se alargando. — Adeus, sweetie.

Ao desaparecer, sua mente sendo puxada conscientemente de volta para a simulação da Terra, River viu a luz de esperança se ascendendo nos olhos do homem que amava, e sorriu.