O portão estava aberto, a rua estava escura e deserta eu corria descalça sustentando uma mochila pesada nas costas quando ouvi um grito, eu não estava muito longe de casa e algo começou a cintilar na noite, chamas, minha casa estava pegando fogo! mas um grito fez os pelos de meu braço se erisarem e eu tremer internamente, o que estava acontecendo? eu queria correr para longe dali e me esconder onde nunca pudessem me achar, mas e meu avó? ele estaria bem? não gostava de pensar nem na minima ipotese de que esses gritos podessem ser dele, estou sem celular não posso ligar para a policia,onde estão os vizinhos? eles não estão escutando?

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Minhas pernas se movem antes de tudo e eu estou correndo de volta para casa, a porta está aberta e nenhum sinal de arrombamento é visivel, as paredes estão em chamas devorando o lugar mais rapidamente, acabando com tudo.

–Vovó? - Eu chamo

O lugar está um caos, está tudo bagunçado e revirado, eu tropeço em algumas coisa jogadas no chão enquanto tusso pela fumaça que se espalha no local.

–Rosemarie...

Ouço meu nome como um sussuro estranho e me viro assustada.

–Vovó?

Barulhos de passos são ouvidos e estou ficando sem ar.

–Vovó? - Grito

–Rose.- Ouço um pequeno e rouco chamado

E quando olho para o chão lá está ele, a estante está em cima de seu corpo, um fino fio de sangue sai por sua boca e ele parece muito mal. Meus braços ardem pelo esforço de levantar a estante e eu quase não consigo, há lágrimas se acumulando em meu olhos mas eu estão tão mais preocupada que me esforço para não deixa-las cair.

–Vovó, quem fez isso com você? - Eu pergunto

Ele respira pesadamente, seus olhos estão semi abertos, queria poder verificar o seu pulso mas não sei fazer isso, me inclino na direção de seu peito e escuto seu coração ainda batendo, levemente e quase parando mais ainda batendo.

– Você prometeu que ia embora. - Ele sussura fraco.

Eu balanço a cabeça e vejo meu avó sorrir fracamente.

– Preferida. -é a única palavra que sai por sua boca antes dele fechar os olhos.

–Vovó?

Nenhum som é mai emitido.

–Vovó! -Eu grito

Ouço mais barulhos a minha volta, estou cercada por sombras, tusso novamente em meio a espessa fumuça e não consigo chegar a ver as pessoas que me rodeiam, mas são mais de uma posso garantir.

–Quem está ai? - Pergunto

Algumas risadas são ouvidas e eu me encolho de medo me virando para meu avó.

–Por favor, por favor, por favor, não me deixa vovó. - Eu sussuro

Mais risadas.

–Você é a única pessoa que eu tenho.

Eu não quero chorar, eu não posso chorar.

Minha mão esquerda começa a arder.

–Oh não. - Digo

Sussuros exasperados começam. Eu seguro a mão meu avó me sentindo fraca repentinamente, meus olhos pesam, e a última coisa que ouço antes de apagar em meio as chamas e a fumaça é :

–Você é nossa Rosemarie.