E Se Essa Rua Fosse Minha?

E Se Essa Rua Fosse Minha? -Capítulo Único


As pernas balançavam lentamente, a garotinha olhava atenta cada minimo movimento do final de sua rua, especificamente o bosque que havia ali. O vento batia leve e relaxante em sua pele bagunçando todo seu cabelo com curvas e dourado, os olhinhos verdes brilhantes esperavam a noite chegar logo, sentia até mesmo seu coraçãozinho palpitar.


Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhante
Para o meu
Para o meu amor passar

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O sol já estava se pondo deixando o céu em tons quentes, fazendo o pequeno e pobre coraçãozinho da menina bater mais forte. Quando a lua brilhante e cheia surgiu no céu azul escuro com pontinhos brilhantes ela o viu, andando calmo com o vento bagunçando o cabelo curto e escuro, a pele branquinha e um pouco pálida.
-Oi!
Disse ela se ajeitando melhor na janela, um sorriso largo e contente surgiu em seu rosto quando o garotinho virou o rosto para a olhar, os olhos negros e penetrantes. Ele retribuia o sorriso.
-Olá! Você está na janela outra vez... É perigoso sabia?
-Perigoso por que? Não tem ameaças algumas nesta rua!
O garotinho ficou alguns segundos calado.
-É você pode ter razão, mas mesmo assim você deveria tomar mais cuidado não acha?
Uma careta de dúvida surgiu, será? Em um pequeno instante que a menina ficou pensativa ele voltou a andar.
-Bem, até mais ver!
-Espera! Você nunca me disse seu nome!
-Não é algo que você precise saber!
-Mas eu te disse o meu ontem! Você tem que me contar o seu! Estou curiosa sabia?
Ele riu baixo.

-Garotas são mesmo curiosas! Pedro, meu nome é Pedro.
Então a garotinha sorriu antes de dizer mais qualquer coisa ouviu a mãe a chamar, deu um aceno breve e desceu da janela a fechando em seguida e pondo-se a dormir. O garoto voltou a fazer seu caminho seus pés doiam, mas era comum. Andou até chegar ao bosque abriu o portão e entrou, sentou em um dos bancos e ficou adimirando a noite, sentia a pele caindo aos poucos de seu corpo, em pouco tempo ao se olhar pelo reflexo de uma poça de água viu outra vez como um cadáver, um suspiro... Ele havia voltado a sua forma real.
De manhã a menina empolgada correu até o bosque, pois sabia que ele ficava ali todas as noites, mas como toda manhã ele não estava lá. Triste voltou até em casa sentou na janela e pôs-se a esperar o anoitecer. Dias e mais dias passavam e a doce garotinha sempre fazia a mesma coisa, sentava na janela e o esperava andar pela rua até entrar no bosque e ali ficar. Isabela tinha um carinho por aquele garotinho, uma paixão... Uma verdadeira paixão, mas que seu coraçãozinho novo não compreendia ainda.


Nessa rua
Nessa rua tem um bosque
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração


Uma certa noite ele não apareceu ali, a rua estava fazia e monótona pela primeira vez. Ela não entendia o porque, afinal todas as noites ele vinha andando calmo até o bosque! Saiu da janela e escondida foi até o bosque, chegando lá ela ouviu um choro triste e amargurado, quem ali chorava estava tão solitário e perdido que Isabela sentiu em si. Andou até o choro e viu ali de costas sentado no banco o garotinho, mas desta vez com as mãos em osso puro, partes de seu corpo parecia em plena putrefação ainda. A única coisa que Isabela conseguiu fazer foi gritar, o medo a dominou e em poucos segundos ela começou a correr desesperada até sua casa e sem nem ao menos olhar para trás.
Apavorada com o que tinha acabado de ver ela se trancou no quarto e se esforçou ao máximo para dormir, com as luzes acesas e o medo a flor da pele ela permaneceu com a imagem do garoto em sua cabeça. O pavor de imaginar que Pedro era... "Aquilo" a assustava a ponto de querer nunca mais acordar.
Dias, semanas e até mesmo meses se passaram, a garotinha agora nem ao menos abria as janelas sem alguém por perto, sempre que via algum garoto se lembrava do outro e seu medo retornava. Ao se passar dois anos, Isabela resolveu sair uma vez de casa junto de sua mãe para comprar um bolo para seu pai, no meio do caminho...

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Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
Tu roubaste
Tu roubaste o meu também
Se eu roubei
Se eu roubei teu coração
É porque
É porque te quero bem

Dizem que naquele pequeno bosque do final da rua uma cantiga é cantada todas as noites por duas crianças, mas precisadamente um casal. Quem teve a coragem de adentrar o local após o nascer da lua afirma que vê as duas crianças sentadas de mãos dadas observando o céu enquanto cantam, ambos são assustadores e indefesos. Primeiro um garotinho de cabelos castanhos e olhos negros tímido e com as mãos de osso, e do seu lado um garotinha de cabelos dourados e com curvas olhos doces e curiosos verdes como esmeraldas e roupas rasgadas e insanguentadas. Muitos ainda consegue dizer que o que juntou as duas pequenas crianças foi o amor junto da morte que levou ambos muito cedo, pois o amor deles era tão puro e verdadeiro que nada pode os separar nem mesmo o medo.

...

-Obrigado por estar aqui -disse sorrindo
-Obrigada por me deixar estar aqui Pedro - sorriu em retribuição e começou a cantarolar a música baixo com ele a acompanhando logo em seguida.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.