Epílogo

Eles estão brincando na Campina. Felicity dança alegremente ao som de uma música que ela mesma está cantando. Asher se esforça para manter o ritmo dela com suas perninhas gorduchas de criança pequena.

Mais atrás, sentados embaixo do salgueiro, estamos eu e Peeta. Há uma cesta de piquenique ao nosso lado, mas ela permanece intocada enquanto nós dois observamos os nossos filhos brincarem.

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— Eles ficam tão felizes quando a gente vem aqui, não é? – comenta Peeta, com um sorriso bobo no rosto.

— É. Eles nem imaginam que estão brincando num cemitério – deixo escapar.

Peeta olha para mim com a testa franzida, provavelmente confuso com o meu súbito comentário negativo.

Nós trazemos as crianças aqui na Campina quase todo fim de semana, e os momentos são sempre muito agradáveis. Mas hoje, em particular, há algo me inquietando. E eu não consegui disfarçar por muito tempo.

— Por que você está dizendo isso, Katniss? – pergunta ele.

Eu fico um tempo calada, sem querer estragar um momento tão alegre com meus pensamentos negativos. Mas Peeta continua olhando para mim, cobrando uma resposta. Então eu acabo dizendo:

— Ontem Lily me perguntou como foi estar nos Jogos Vorazes. E como nós sobrevivemos.

Eu espero que Peeta fique surpreso, mas ele não fica. Ele me olha como se isso fosse algo natural, ou até mesmo esperado.

Quando ele fala, entretanto, eu percebo uma pontinha de preocupação em sua voz:

— E você ficou mal com isso?

— Um pouco – admito.

— Eu entendo... – diz ele, compreensivo. – Mas isso era esperado. Panem inteira sabe quem nós somos, e o que nós representamos. E os professores falam sobre os Jogos Vorazes na escola. Lily ia ter curiosidade sobre isso mais cedo ou mais tarde.

— Eu sei. É que... – minha voz falha, mas eu respiro fundo e prossigo: – Como eu posso falar daquele mundo horrível, de tudo o que aconteceu, da razão dos meus pesadelos, sem deixá-la morrendo de medo? Eu não sei como responder a esse tipo de pergunta, Peeta. Eu não sei...

Ao dizer isso, eu sinto uma onda de ansiedade invadir o meu corpo, como se colocar as minhas inseguranças em palavras as tornasse mais reais, mais palpáveis.

Peeta passa seu braço direito sobre o meu ombro para me acalmar, e só então eu percebo que estou tremendo um pouco.

— Meu amor – começa ele, com o tom de voz carinhoso que ele sempre usa para me acalmar –, você não está sozinha nisso. Nós temos um ao outro. E o livro de memórias. Nós podemos, e vamos, fazer Lily compreender o que aconteceu de uma forma que a torne ainda mais corajosa. Não só ela, mas também Ash, quando ele estiver maior.

Ao ouvir isso, eu já fico um pouco mais calma. Mas antes que eu diga qualquer coisa em resposta, Peeta continua:

— Nós já enfrentamos desafios bem maiores que esse, e nos saímos bem. Nós vamos conseguir lidar com isso. Juntos, como sempre fizemos. Você acredita em mim?

Ele diz isso com tanta firmeza e segurança que só há uma resposta que eu posso dar:

— Sim. Eu acredito.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Você vai ver.

Ele aproxima o seu rosto do meu e me beija suavemente nos lábios.

— Papai! Mamãe! – grita Lily, nos trazendo de volta à realidade.

Nós nos separamos e então vemos ela e Ash vindo na nossa direção.

— Vocês ainda não prepararam o piquenique? – pergunta ela, parecendo frustrada. – Eu estou com fome.

— Eu “tabém”! – concorda Ash, com sua voz fininha.

— Nós nos distraímos um pouco, filha – digo. – Mas podemos fazer isso agora.

— Vocês estavam namorando, não foi? – diz ela com um sorrisinho safado.

Isso não é de todo uma verdade, mas ainda assim eu fico um pouco envergonhada. Peeta assume as rédeas da situação:

— É bom ter um pai e uma mãe que se amam e vivem bem, você não acha, filha? – pergunta ele.

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— Acho – responde ela, sorrindo timidamente para nós dois.

Nós sorrimos de volta.

— Bem, agora nós precisamos montar o piquenique – digo. – Vocês dois nos ajudam?

— Sim! – dizem Lily e Ash, em uníssono.

Eu retiro a toalha de mesa de dentro da cesta e a coloco sobre o gramado da Campina. Em seguida, Peeta, com a ajuda de Lily e Ash, retira os alimentos de dentro da cesta e começa a espalhá-los sobre a toalha.

Depois, quando tudo está pronto, nós começamos o nosso piquenique. Nós nos alimentamos num clima de descontração, em meio a brincadeiras e risadas.

A minha inquietude e o meu nervosismo de momentos atrás se dissipam, dando lugar a uma deliciosa sensação de felicidade. E assim, eu acredito ainda mais no que Peeta me disse.

Vai ficar tudo bem.

Fim.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.