Infinito

12. Pra ser sincero


Pra ser sincero eu não espero de você

Mais do que educação,

Beijo sem paixão,

Crime sem castigo,

Aperto de mãos,

Apenas bons amigos...

Era o momento de sua pausa para descanso e Inácio estava sentado na bancada de mármore da copa quando escutou o som característicos de scarpins no piso. Cerca de vinte mulheres trabalhavam no mesmo andar que ele, mas de alguma forma, reconhecia aquelas passadas. Estava de tal forma apaixonado, que reconheceria Isabella a quilômetros de distância.

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— Eu estava procurando por você — disse ela, com aquele tom mandão que às vezes usava.

— Você quer ir lá pra sala do arquivo e dar uns amassos? — Isabella usou os papeis que trazia para bater nele.

— Se você disser isso outra vez, seu corpo vai ser encontrado num beco qualquer dia.

— Foi só uma ideia. Você acha mesmo que é uma boa ideia continuar escondendo isso de todo mundo? — Aquela não era a hora nem o lugar, mas ele não pôde evitar trazer à baila o assunto que os mantinha ocupados nos últimos dias. Isabella fez um muxoxo, o que tinha para conversar com ele praticamente enterraria as chances de tornarem o relacionamento oficial, ao menos por enquanto.

— Você sabia que o Gustavo vai sair?

— Quem disse isso?

— Eu ouvi.

— Ouviu onde?

— De uma fonte segura.

— Isabella! — Ela serviu um copo de café. Inácio pulou da bancada e a encarou, sério. Aquilo que ela estava dizendo não era fofoca do escritório, era a possibilidade de um deles ser promovido em breve. — É sério, como você ficou sabendo disso?

— Eu fui até a sala do Marcelo pegar a assinatura dele e o ouvi conversando com alguém no telefone.

— Ok, você sabe que ouvir conversas não autorizadas é motivo para demissão, não é? — Isabella revirou os olhos.

— Foi sem querer, e ele não percebeu que eu ouvi. Mas isso não importa, o importante é que, se o Gustavo sair, vai abrir uma vaga de assistente de negócios. E por uma questão de justiça, ela pode ser sua.

— Ou sua. — Isabella deu de ombros.

— Sim, mas você merece mais. Enfim, o que eu quero dizer, é que se a gente contar pra todo mundo que estamos namorando... Você sabe como o Marcelo é, ele nunca vai promover você se souber que a gente tá junto.

O que mais impressionou Inácio, foi a velocidade com que ela raciocinou a respeito do assunto. Caso um deles fosse promovido, seria o chefe imediato do outro — já que ambos estavam sob a chefia de Gustavo, que por sua vez respondia a Marcelo.

— Você tá sugerindo que a gente mantenha nosso relacionamento em segredo pra sempre?

— Não, pelo menos até que isso seja decidido.

— Você não acha que isso é trapacear?

— Não. Eu só acho que não é justo que você se arrisque a perder uma chance dessas por minha causa. Eu não me arriscarei.

Pra ser sincero não espero que você

Me perdoe

Por ter perdido a calma

Por ter vendido a alma ao diabo

A notícia que Isabella ficou sabendo em primeira mão por acaso, se espalhou pelo escritório poucos dias depois. Gustavo havia sido nomeado diretor executivo de uma filial em outra cidade e partiria em duas semanas — o tempo necessário para organizar o trabalho e deixá-lo nas mãos do seu sucessor. Conforme previam, Marcelo avisou que escolheria o substituto entre alguém da equipe e — embora não tenha dito claramente — deu a entender que Inácio e Isabella eram os mais cotados para o cargo.

Enquanto isso, eles mantinham firmemente o relacionamento em segredo. Não era uma tarefa tão difícil assim, afinal, já eram amigos antes de começar a namorar e as pessoas no escritório estavam acostumados a vê-los almoçar juntos, dividir os trabalhos e sair depois do expediente.

O que ninguém sabia é que frequentemente Inácio ia jantar no apartamento dela. Comprava bombons de chocolate, alugava um filme e ficava deitado no sofá, abraçado com ela, espirrando por causa da presença de Frederico rondando o tempo todo.

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Nós dois temos os mesmos defeitos

Sabemos tudo a nosso respeito

Somos suspeitos de um crime perfeito

Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos.