Contos Perdidos

O Portal


Rumamos ao norte e ao chegar à montanha depois de árduas semanas de viajem, me encontrava arrasado diante da cena que meus olhos vislumbravam. O pedestal que antes apoiava o portal estava escancarado e retorcido, as estantes e livros queimados e as paredes arranhadas severamente, havia uma abertura convidativa para uma ladeira de neve na montanha.

– Bem não nos resta mais opção! – Fidelitas deixou escapar -
– É, não nos resta escolha... – comentei com a voz metálica -
– BOMBA! – Aliquam correu até o rombo da parede e se jogou, enquanto isso troquei olhares com Fidelitas e demos de ombros e nos jogamos igualmente –

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Depois de vários quilômetros abaixo paramos em o que aparentava ser um lago congelado e enquanto eu e Aliquam riamos infinitamente, Fidelitas estava parado boquiaberto e eu deixei escapar:
– O que foi Fidelitas? Alguns arranhões o deixaram chateado?- Ele apontou para frente e nós seguimos seu braço musculoso e as tatuagens sobre a pele alaranjada que era cruelmente castigada pelo açoitante frio noturno. No final de sua mão, seus dedos apontavam para um descomunal pesadelo. Havia um montante de gelo e neve, suas pernas eram de se comparar a alicerces gélidos e seus braços eram como duas muralhas de gelo, sua cabeça era um monte de neve moldado e deformado pelos ventos do norte e seus olhos eram um vazio azul brilhante. A criatura se aproximava ferozmente e parou a nossa frente e berrou, seu hálito cheirava à árvores e morte. Após a “bela” demonstração de afeto o gigante arqueou um monte de neve em sua testa( imaginei que foi sua sobrancelha). Ele estava confuso por suas presas não se abraçarem, gritarem, chorarem ou rezarem de pavor, então Aliquam proferiu com uma voz gutural:

–Wxazowlazowxa Vilkjür, Wxazewla Pru!
– O gigante recuou e então se ajoelhou e disse com a mesma voz gutural:-
Wlaze Jösi- O gigante virou-se e partiu, no inicio tivemos alguma dificuldade de acompanhar. Mas logo nos acostumamos, eu e Fidelitas estávamos incrédulos com Aliquam e o olhávamos esquisito, até que ele mostrou um livro com o nome “Línguas de todos os Reinos”, provavelmente o pegou na biblioteca entre os livros queimados do portal. Caminhamos por algumas horas até que chegamos a um castelo de gelo, a imensidão azul inundava meus olhos, os degraus para o portão principal eram tão bem adornados que nem o melhor construtor o teria feito, dei o primeiro passo e os portões se abriram de lá ecoou uma voz metálica e gélida “Wirzewla WfuziwvaweszoWxa!

No chão haviam versos em várias línguas, meus olhos correram ferozes e vorazes procurando uma a qual compreendesse e então os li em voz alta:

Obrigado, meu rei.
Por seu tempo e benevolência.
Por sua bondade e paciência.

Adentro em seu castelo.
Com meu pedido singelo.

Ouça-me e aconselhe-me
Abrace-me coroa de gelo.