Momentos

Capítulo 24 – Imbranato


Bastou duas horas bebendo sem parar para Mickey ficar embriagado. E com a embriaguez, veio a carência e o arrependimento.

"Por que eu o mandei embora?", repetia para si mesmo. "Agora todos já sabem que sou gay, não preciso mais me esconder".

Com sua última garrafa na mão, Mickey — cambaleando — foi até a casa dos Gallagher.

— Ian! — Mickey gritou assim que chegou em frente à casa do ruivo. — Eu sei que você está aí, vamos lá, apareça.

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Mickey passou mais dez minutos (gritando) chamando Ian, mas o ruivo não aparecia.

Ele poderia tocar a campainha, mas na hora ele nem pensou. Talvez sua mente estivesse num desses filmes românticos em que o homem vai até a casa de sua parceira e grita para que ela apareça na janela.

— IAN! — gritou com toda a força que conseguiu.

A luz do quatro da casa ao lado da casa dos Gallagher se acendeu, e logo uma figura feminina conhecida apareceu na janela.

— Garoto, qual é o teu problema, hein? — perguntou V, irritada. — São três horas da manhã e tem gente tentando dormir.

— Eu quero falar com o Ian.

— E precisa dessa gritaria? Só porque virou gay, tem que ser escandaloso?

— Ian! — gritou de novo. — Eu te amo!

V jogou um abajur na calçada, perigosamente perto de Mickey. — Se você não parar, o próximo vai em você. Tá me ouvindo?!

Mickey continuou chamando Ian, e como viu que ele estava bêbado e não sairia dali tão cedo, V ligou para o celular de Ian.

— Alô? — ele atendeu com a voz sonolenta depois do quarto toque.

— Levanta esse rabo da cama e vai tirar seu namorado da rua porque ele não para de gritar e eu quero dormir.

Ian bocejou. — O quê?

— Ian Gallagher eu estou falando sério. Se você quer um namorado inteiro, é bom você ir calar a boca dele ou eu mesma vou descer daqui e eu te garanto que vou arrancar os braços e as pernas dele, então, se você não quer ficar com um cotoco, é bom você descer. Agora!

V desligou o celular e quando Mickey pegava fôlego para gritar novamente, Ian apareceu na janela.

— Até que enfim — resmungou Mickey, deixando a garrafa de cerveja cair no chão.

Ian fez um sinal para Mickey esperá-lo em silêncio. Assim que abriu porta de casa, Ian foi envolvido pelos braços de Mickey — e o ruivo não teve certeza se realmente foi um abraço ou se Mickey estava caindo e se segurou.

— Achei você tivesse dito "Vá embora e durma" — disse Ian, afastando-se dos braços do moreno, deixando-o de pé em sua frente.

— E eu disse, mas eu senti sua falta.

— Bom, você atrapalhou meu sono — bocejou.

— Jesus, Ian! Você não pode simplesmente me abraçar e me beijar?

— Você está bêbado, Mickey — Ian revirou os olhos.

Mickey empurrou Ian levemente (ou ao menos deveria ser levemente, mas Mickey estava alterado e não controlava sua força) e entrou na casa dos Gallagher, fechando a porra atrás de si.

— Me deixe ficar — pediu, abraçando o ruivo. — Eu te amo.

— Quero ver você dizer isso sem o efeito do álcool — resmungou Ian, puxando Mickey em direção à escada.

Ian praticamente arrastou Mickey até o banheiro e lhe deu um banho de água fria. Levou-o para seu quarto e o deitou em sua cama, se deitando ao lado do moreno — que já estava mais calmo e menos falante.

— Ei — sussurrou, se virando para Ian. — Eu já estou melhor, me desculpe pelo escândalo. E...

— E...?

— E eu ainda te amo — Mickey sorriu de lado e Ian lhe deu um beijo rápido.

— Idiota.

Mickey riu e deu um último suspiro antes de ter uma boa noite de sono — porque é claro que seria boa, Ian estava ali com ele.