Crônicas de nós dois

Hoje a Noite Não Tem Luar


Ele ainda se lembrava do quanto a lua brilhava naquela noite.

Os olhos castanhos de Wilson refletiam a palidez da lua que pintava o céu escuro. Seus lábios se entortavam num sorriso solto, já meio alterado pelo gosto quente do álcool. Seus cabelos jaziam despenteados e seu paletó estava mal arrumado sobre seus ombros.

Ele e House. Ambos cambaleavam pelas ruas frias de Nova Jersey. Desnorteados pela bebedeira. House apoiava o lado direito do corpo nos ombros de Wilson e, de forma desajeitada e aos tropeços, eles caminhavam até o apartamento do grisalho.

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O vento da noite batia nos rostos quentes e corados pela cerveja. Os olhos azuis fitavam os castanhos. Os rostos próximos e os lábios entreabertos. Sorrisos e olhares cúmplices. Os dois num desejo mudo de fugir daquela realidade.

Foi de forma quase natural, se não fosse pelo próprio álcool, que House puxou o corpo do moreno para um beco próximo. E numa mudez desesperada de anos de coisas não ditas, com o corpo de Wilson preso na parede, ele o beijou de forma desajeitada. Seus corpos seguros pela escuridão do beco, e apenas a lua era testemunha de toda aquela vasão de sentidos confusos.

Os lábios finos buscavam pela pele macia. Bochechas. Queixo. Testa. Olhos e, então, os lábios quentes. Quanto tempo se levou para que todo aquele desejo transbordasse? Tempo demais. E agora, naquele beco, naquela noite clara, eles podiam ter um ao outro da maneira como sempre deveria ter sido. Ao menos por uma noite.

Se beijaram de forma apaixonada e, quando necessitaram de ar, se separaram portando sorrisos nos lábios vermelhos pelo uso repentino.

Foi assim que passaram a rumar de forma apressada até o apartamento de House. Com a lua no céu estrelado.

Mas hoje a noite não tem luar, e House bebia sozinho.