Não importava de que jeito Wilson olhasse para aquilo, a única palavra que cercava sua mente era: extravagante.

Sabia, melhor do que ninguém, que House era um homem um tanto excêntrico, e isso porque Wilson estava sendo gentil. Tudo o que o grisalho fazia beirava a insanidade, e o que Wilson encontrara sobre sua cama apenas fortalecia suas certezas.

O par de algemas sobre a colcha clara reluzia, o jaleco médico, de tecido branco, estava bem dobrado e havia algumas camisinhas novas ao lado do tudo de lubrificante azul escuro.

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Wilson teria corado se toda a situação não fosse cômica demais. Sabia exatamente o porque da brincadeira. O moreno havia provocado, afinal.

De certo aquelas coisas haviam vindo do momento em que Wilson estava trabalhando em sua sala e House a invadira, sem ao menos bater.

–Para onde vamos depois do trabalho? - House havia perguntado.

–Para casa, imagino - respondeu enquanto observava o grisalho jogando o corpo contra seu sofá.

House fez uma careta ao ouvir as palavras do moreno.

–Não quero ir pra casa, quero fazer sexo.

–E o que você acha que podemos fazer em casa? - disse em tom irônico, as sobrancelhas unidas.

House pensou por alguns segundos, a bengala girando entre os dedos e os olhos azuis fitando o teto da sala.

–Quero fazer algo diferente.

–Mas foi você quem disse que queria fazer se...

–Sim, eu quero - interrompeu com a voz rouca. - Quero fazer sexo de um jeito diferente.

Wilson demorou certo tempo até assimilar as palavras de House e, quando o fez, permitiu que uma risada fraca escapasse por seus lábios.

–Por que isso agora? - perguntou fitando o azul dos olhos de House.

–Sei lá, acho que enjoei da cama lá de casa - disse de forma sarcástica. - Talvez tenhamos que comprar outra.

–Gregory House, o homem que odeia mudanças, querendo comprar uma cama nova? - escarneceu o moreno. - O que aconteceu com o homem que conheci, aquele que morou no mesmo apartamento durante quinze anos e tocou o mesmo violão desde os quatorze?

House o olhou com o rosto meio baixo, o olhar sério e as sobrancelhas unidas.

–Quer apostar em como eu posso mudar com algumas coisas? - provocou com cinismo na voz.

–Se você quiser perder o seu dinheiro - desafiou Wilson.

–Certo, espere e vera - foi tudo o que disse antes de sair e bater a porta atrás de si.

E foi assim que Wilson passara as duas semanas mais tensas de sua vida. Não sabia o que se passava na cabeça de House e não sabia para que precisaria se preparar. E, honestamente? Tinha medo de descobrir.

House era dissimulado e cruel. E enquanto o tempo passava era como se o grisalho fizesse questão de se exibir. Não que ele não fizesse isso sempre.

House adorava se mostrar para todos. Era cínico e extremamente egocêntrico, e durante as duas semanas que se passaram ele olhava o moreno com um olhar malicioso e um sorriso enigmático nos lábios finos. Como um predador zombando de sua futura presa.

Wilson evitava ao máximo ficar perto do amigo. Tinha medo de ser pego de surpresa em alguma brincadeira sem graça e, possivelmente, constrangedora.

Mas ali estava ele, duas semanas depois, com objetos deveras interessantes sobre a cama de casal. Sorriu, enquanto postava as mãos nos quadris, House sempre o surpreendia.

Não sabia o que esperar daqueles objetos ainda não experimentados pelos dois. Sentia-se animado e ansioso para a chegada de House ao apartamento que dividiam.

Notou um pequeno pedaço de papel dobrado embaixo das algemas de metal. Puxou o papel e seu sorriso se alargou quando notou a letra bem conhecida de House.

"Vamos ver o quanto de novidade você aguenta por uma noite, meu caro Jimmy."

Wilson levou uma das mãos a nuca quando terminou de ler o bilhete. O sorriso brincando nos lábios vermelhos.

Talvez toda essa excentricidade não fosse assim tão ruim.