As canções de nossa vida

Can't take my eyes off of youMy pretty brother


Droga, Theor odiava aqueles malditos eventos. Por que diabos tinha de comparecer a festa de quinze anos de sua meia-irmã? Aliás, de onde surgira aquela porra toda?

Ele se sentia horrível naquela roupa e ainda mais horrível por ter de dar as caras.

Em pouco menos de seis anos, Theor aprendera que o povo de Mortir o odiava. Odiavam-no, e com certa razão. E ele não se importava. Poder olhar para Thommem todos os dias era o que lhe dava razões para continuar naquele reino maldito. Mas ele, mesmo assim, odiava aqueles eventos formais.

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Thommem entrou no seu quarto. Pode vê-lo através do reflexo no espelho. E ficou encarando-o, esquecendo-se completamente que tinha de ajeitar o lenço ao redor de seu pescoço.

Ele não conseguia desviar os olhos de seu irmãozinho tão lindo e perfeito. Era sempre assim, mas naquela noite ele estava maravilhoso.

E Theor pensou que talvez pudesse sequestrar Thommem para si. Por toda a vida.

–Deixe te ajudar.

Thommem virou-o, passando o lenço dourado ao redor do pescoço antes de fazer o nó, que lutara tanto para fazer, em alguns segundos. Ele nunca soubera vestir-se adequadamente, admitia.

–Obrigado.

Estava envergonhado. Desde que começara a desejar o irmão, a proximidade era constrangedora para ele. Apesar de gostar. Amava estar perto de Thommem e poder encará-lo de tão perto. Seus olhos verdes, os cabelos ruivos, muito mais claros que os seus, mas mais escuros que o ruivo de toda a família, chegando a parecer um laranja. Theor amava estar perto de Thommem, mesmo que não fosse da forma que desejava.

E Thommem amava estar perto de Theor. O irmão estava lindo naquelas roupas. O mais velho sempre fora enorme, como a mãe. Era grande e musculoso, ao contrário dele mesmo. E ele tinha uma masculinidade natural que fazia com que Theor, em plena puberdade, o desejasse mais ainda.

Não que um dia ele fosse falar, mas Thommem achava simplesmente impossível desviar o olhos de toda aquela beleza que seu irmão possuía e irradiava.

–Vamos?

Thommem esticou sua mão, esperando que o irmão a pegasse. Ficaram tempo demais se olhando, e a proximidade começou a incomodá-los. Theor segurou sua mão, sorrindo brilhantemente, o que deixou o mais novo envergonhado.

E aquele calor entre eles era tudo que importava para o pequeno mundo dos dois.

Agora que se encontraram, não deixariam ninguém afastá-los. Não enquanto pudessem manter as mãos unidas.

Não enquanto pudessem ver-se.

Eles não iam permitir que os separassem.

Foram onze anos de solidão e obediência cega. Agora eles tinham um propósito.

Theor nunca desviaria seus olhos de Thommem para não perdê-lo novamente. Porque agora ele podia segurar seu irmãozinho e, apesar de ter o fogo, era o mais novo que o aquecia.

Thommem podia desviar seus olhos de Theor, mas era porque ele sabia que o irmão mais velho sempre estaria olhando ele. E ele agradecia aos deuses por ter seu irmão ao seu lado, aquele que o aquecia tanto por dentro quanto por fora.

Eles não precisavam declarar seu amor, sabiam que se amavam incondicionalmente.

Eles só não podiam ter-se da forma que desejavam.

Mas, por enquanto, as mãos juntas era tudo que precisavam.

A companhia um do outro era o suficiente.

Porque o amor deles era incondicional, de qualquer forma.

Os dois sorriam quando entraram no baile oferecido para o aniversário de quinze de sua irmã. Suas mãos ainda unidas. Agora que se encontraram, eles queriam ficar juntos. E por enquanto era o suficiente.