O Alvorecer De Um Novo Sol

Capítulo 50 - Arco Gaia: O Arquipélago da Vida


Antigo Calm Belt, Amazon Lily

O dia estava ensolarado e os raios de Sol que adentravam as grandes janelas do quarto faziam o negro do cabelo que pertencia ao sonho de qualquer homem brilhar enquanto estavam sendo cuidadosamente penteados.

Hancock estava sentada em frente à sua penteadeira e apesar de tantos anos terem se passado, a pirata continuava esbelta como sempre fora. A morena já estava nos seus 55 anos, mas seus cabelos continuavam tão negros e sedosos como 20 anos antes e suas feições, embora modificadas pelo tempo, permaneciam perfeitamente desenhadas. Por mais que a idade estivesse chegando para a soberana de Amazon Lily, os homens ainda derretiam-se com a beleza da Imperatriz em todos os cantos que ela decidisse ir. Isso era inquestionável.

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A governante da Ilha das Mulheres devaneava sobre banalidades cotidianas quando o silêncio do quarto fora interrompido pela voz eufórica de Margaret.

― Hebihime-sama! Hebihime-sama! Temos notícias! Notícias! – a loira entrou espalhafatosa no cômodo, para logo em seguida ajoelhar-se no meio desse, reverenciando a mais velha.

― Eu não sou surda, Margaret. Pode usar seu tom de voz normal, por favor. – cortou de forma calma, embora obviamente superior.

― Perdão, Hebihime-sama. – pediu acanhada, enquanto permanecia prostrada no meio do quarto da Imperatriz. ― Mas é que trago notícias que, acredito eu, irão deixá-la muito satisfeita e feliz. – completou sorrindo, voltando ao seu estado inicial de animação. O que fez Hancock virar-se de frente para a companheira, prestando atenção em suas palavras.

― E o que seria tão interessante assim que me deixaria num estado de euforia tão grande quanto o seu? – questionou curiosa, embora mantivesse o tom indiferente em sua voz.

Margaret então levantou-se, caminhando até sua Majestade com alguns envelopes já abertos em mãos. Era ordem da própria pirata que todos os envelopes, cartas e outras entregas fossem, antes de chegar a suas mãos, revistadas cautelosamente.

― Cartas? – levantou a sobrancelha em surpresa. ― De quem são? – tomou os papeis em suas mãos.

― Uma é do Governo. Parece que a Reverie que seria daqui a três meses, foi adiantada para daqui a três semanas. – informou, eficientemente.

― Adiantada? – repetiu, surpresa pela notícia inesperada. ― Por que fariam isso? As datas são sempre muito bem definidas no encontro anterior.

― Bem, acredito que os detalhes estejam descritos na carta, Hebihime-sama. – comentou educadamente.

― Claro, claro. – ignorou, abandonando o envelope sobre a penteadeira. ― E estes outros? O que são? – questionou novamente, fazendo o sorriso da loira florescer mais uma vez.

― São notícias dos companheiros do Luffy-san! E do Sabo-sama também! – revelou com os olhos brilhando.

― Os companheiros do Luffy? E o irmão dele? – perguntou surpresa ― e muito mais interessada, diga-se de passagem.

― Sim! Acho que são sobre o Seion-kun. – confirmou ainda no tom anterior.

― Sobre o Seion?! – levantou-se em um pulo, encantada com a possibilidade de ter notícias do filho de seu eterno amado.

Assim que soube que a navegadora dos Chapéus de Palha estava grávida de Luffy, Hancock imediatamente se encontrou com a ruiva, que na época morava somente com Zoro, exigindo ― sim, exigindo ― que toda novidade relevante com relação à criança que a garota gerava devesse chegar a ela de qualquer forma. Sem exceções. Como argumento para tal exigência, a morena deixara bem claro que era seu direito saber de tudo relacionado àquele bebê, já que ela fora a primeira a se apaixonar pelo Monkey e a que deveria ter se casado com esse caso Nami não tivesse dado uma de intrometida e se colocado entre o amor dos dois.

A vontade da ruiva naquele dia era, obviamente, de voar em cima daquela maníaca apaixonada e tacar-lhe uma toalha na cara, pra ver se isso funcionava para enxugar aquela cara lavada dela – detalhe, enquanto isso Zoro ria horrores bem ao lado das duas. No entanto, não foi isso que ela fez. Contando até dez e parando para pensar melhor, imaginava como a Imperatriz se sentia. Ora, ela realmente havia se apaixonado pelo, na época, futuro Rei dos Piratas muito antes dela e, na cara dura, aos olhos da outra, ela simplesmente tomara o que já pertencia antes à Hancock. Ainda assim, quando soube sobre o relacionamento de Luffy e Nami, a morena – após ter feito um enorme escarcéu, é claro – aceitou o namoro dos dois e ainda desejou que realmente fossem felizes. Era natural que uma mulher quisesse acompanhar o crescimento do filho do homem a quem amava, certo? Se estivesse no lugar dela, provavelmente iria pedir o mesmo, embora com muito mais educação, com certeza.

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Desse modo, Nami aceitou enviar cartas de tempos em tempos, contando como estava Seion e, por que não, também o bando. Hancock fazia questão de responder a todas elas e várias vezes, nos últimos 17 anos, esteve na presença daqueles que eram tão estimados por seu amado e daquele que herdou tanto do que a fez se apaixonar por Luffy mais de vinte anos antes. No final das contas, Nami e Hancock se tornaram grandes amigas com dois pontos maravilhosos em comum: o imenso amor por aquele que um dia as fez conhecer a verdadeira beleza de um verdadeiro sorriso encantador, Monkey D. Luffy; assim como pelo ser que devolvia todos os sentimentos mais lindos e grandiosos que a vida lhes tirara com a morte dele, Monkey D. Seion.

― Hebihime-sama? – chamou pela quarta vez, finalmente surtindo algum efeito.

― Sim? – levantou seu olhar para encarar à subordinada, ainda recuperando-se do devaneio.

― E então? O que a carta diz? – perguntou, ansiosa.

― Ah. – sorriu lindamente. ― Apenas que finalmente o filho começou a seguir os passos do pai. – contou, não se esforçando em nada para disfarçar a emoção em sua voz. ― Seion foi para mar com seus companheiros.

(...)

Os raios de Sol ofuscavam a visão de Seion, mas nem por isso ele deixou de observar a beleza do lugar no qual acabara de desembarcar.

As águas azuis piscina e cristalinas do mar banhavam a areia branquinha e fina da praia, que refletia a luz solar, iluminando a orla da ilha divinamente. O verde se espalhava por toda parte e as árvores pareciam dançar de acordo com a brisa fresca vinda do oceano. A vegetação era irregular e, pelo som que retumbava das florestas, habitada por uma variedade gigante de outros seres-vivos.

A definição perfeita para aquele lugar seria a de um paraíso desconhecido pela humanidade, onde somente a Natureza reinava. A aparência da ilha era de um lugar inabitado, constituído de imensas florestas que pareciam existir há milhares de anos.

― Esse lugar é lindo... – Hana se aproximou do primo, admirada pela beleza natural do local, assim como o resto do bando.

― Tenho que admitir. Nada mal. – concordou Hiasuki ao lado de Mabelly, que observava com curiosidade os arredores.

― Mas como diabos uma ilha desse tamanho surgiu no meio do oceano? – questionou Ayssa, enquanto não sabia se se admirava com a beleza ou se intrigava com a forma peculiar que encontraram o lugar.

― Não é uma ilha que surgiu no meio do oceano. – informou Nara, se aproximando do grupo, que a olhou confuso. ― É um arquipélago. – apontou para o leste da praia, onde ao longe se encontravam outras pequenas ilhas.

― Isso não muda nada! – exaltou-se o cozinheiro, com uma veia saltando na testa, fazendo com que a morena desse de ombros.

― Será que é mesmo deserta? – Issa finalmente pronunciou-se.

― É o que parece. – a princesa concordou.

― Só o que parece. – a voz de Seion finalmente fora ouvida, embora mais baixa que o normal.

Sem dar mais explicações, o moreninho passou a caminhar e seguiu em frente, em direção às primeiras árvores da praia, de onde começava a densa mata.

― Parece que ele não é tão idiota quanto imaginei que fosse. – Hiasuki ironizou, sorrindo de forma sarcástica.

― O único idiota aqui é você. – a voz de Mabelly ecoou pela primeira vez desde que aportaram, enquanto colocava-se a caminhar na mesma direção que os piratas e a princesa foram, seguindo ao Monkey.

― Isso não foi elegante de sua parte, Mabelly. – sorriu irônico ao mesmo tempo em que acompanhava os passos da mulher. ― Embora eu realmente não vá me importar se você me xingar assim enquanto estiver gemendo sob meu corpo. – banhou seu sorriso em pura malícia.

― Você é hediondamente asqueroso, Hiasuki. – respondeu no mesmo tom que usara anteriormente, fazendo o parceiro rir gostosamente.

(...)

― Né, Seion. O que você quis com “só o que parece”? – Hana questionara depois de já estarem há alguns minutos adentrando a vegetação.

― Eu sinto que estamos sendo observados, mas não consigo saber da onde. – esclareceu olhando em todas as direções, tentando compreender o que se passava por ali.

― Também sinto o mesmo. – confirmou a espadachim, o acompanhando de perto.

― Eu não sinto nada. – Ayssa comentou despreocupadamente, observando à sua volta.

― Eu também não, mas se eles estão dizendo é melhor nos preocuparmos. – Ken atentou a amiga.

― O kenbunshoku deles é muito melhor desenvolvido que o nosso. – Issa sorriu para a atiradora, explicando a situação.

― Nós deveríamos voltar ao navio e retomar nossa rota até Bardires, pirralhos. O Primeiro Conselheiro detesta atrasos sem bons motivos para isso. – Hiasuki tentou contestar o fato de estarem perdendo tempo ali.

― Nem se quiséssemos iríamos para lá agora. – Seion respondeu à frente do grupo, enquanto levantava seu braço para mostrar o Log Pose preso ao seu pulso.

― O que isso quer dizer? – Issa questionou enquanto observava as três agulhas apontando para o centro do instrumento de navegação.

― Que os campos malucos do arquipélago se anularam.

― Oe, Oe. Isso não me parece boa coisa. – o loirinho do bando reparou em alerta.

― Bem, só não vamos conseguir sair daqui por auxílio do Log Pose. – o capitão deu de ombros, não dando muita importância a suas próprias palavras.

― O quê?! – gritaram em uníssono Issa, Ayssa e Ken.

― Você está dizendo que estamos presos nessa ilha, garoto? – irritou-se o espião do Governo.

― Se formos pelo Log Pose, sim. – afirmou ainda em tom despreocupado.

― E como pode estar tão calmo com isso, idiota?! – Ayssa enfureceu-se com o companheiro. ― Isso significa que teremos que ficar aqui pelo resto das nossas vidas! Nós vamos morrer aqui! Vamos virar velhos imprestáveis, comendo bananas a vida toda! – continuou, apontando para as bananeiras que cercavam a trilha por onde caminhavam.

― Oe, seja menos dramática, Ayssa. – pediu a jovem médica, com uma gota de suor escorrendo pela testa.

― Depois eu é que sou a psicótica. – desdenhou Nara.

― Do que está me chamando, sua psicopata?!

― De psicótica.

― Você é a única assassina psicótica aqui, Nara. – retrucou o loirinho, ajudando a atiradora com a implicância.

― Você é que é o estranho maníaco por limpeza. – respondeu sem se alterar.

― O que está dizendo, espadachim de merda?! Quer que eu acabe com você?! – o garoto gritou irado.

― Do que me chamou?!

― De espadachim de merda! – repetiu. ― E limpeza é importante! Bactérias podem nos matar!

― A única coisa que irá nos matar é vocês dois se continuarem gritando como dois gorilas em lutas territoriais pela fêmea! – Hiasuki cortou a discussão dos dois, embora agora tenha iniciado uma pior entre os três.

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― Hum... Seion. – chamou a princesa de Sakura. ― Você não se importa de seus amigos estarem brigando assim?

― Ah, não esquenta não. Eles são assim mesmo. – virou-se para trás e sorriu tranquilizando-a.

― Seion, é verdade mesmo que não vamos conseguir sair da ilha? – Issa questionou de forma preocupada, ignorando os gritos que vinham de trás dos três.

― Se as agulhas continuarem assim, o que provavelmente vai acontecer, sim. Não tem jeito de deixarmos o arquipélago guiados por elas.

― Ou seja, não tem jeito nenhum. – concluiu a loirinha.

― Talvez elas apontem para algum lugar se chegarmos a última ilha do arquipélago, não? – sugeriu a espiã, que os seguia de perto. Sabia muito pouco sobre navegação, mas não demonstrava estar preocupada com isso, já que o Monkey parecia ter herdado os talentos da mãe.

A sugestão deixou o garoto pensativo por alguns instantes.

― Acho que não. – informou para desânimo das mulheres que ouviam. ― Os campos deste arquipélago são muito fortes. Nunca ouvi falar de nada parecido. Ou encaramos o mar sem saber para onde estamos indo ou podemos tentar pedir ajuda aos habitantes dessa ilha.

― Você está certo de que vivem pessoas aqui? – questionou mais uma vez a médica.

― Me diga você. – sorriu grande, parando em frente a grande clareira aberta em meio à floresta.

O rio largo e abundante corria por entre as pedras que cercavam sua margem. Do outro lado dele uma plantação de milho de tamanho considerável crescia saudável e bela. Pequenas casas de palha e estuque haviam sido construídas por toda a clareira e crianças corriam brincando por toda parte, enquanto mulheres vestidas em roupas curiosamente delicadas e bonitas, embora fosse feitas de couro natural, debulhavam espigas sobre uma extensa lona de mesmo material da cor marrom. Os homens, por sua vez, capinavam e executavam outras tarefas rurais no milharal e o Sol quente não era motivo para o sorriso no rosto de cada habitante da aldeia desaparecer. O ar ambiente era alegre e gostoso, embora fosse muito simples e de árduo trabalho.

Seion e Cia observavam sorrindo cada um desses aspectos, admirados e envolvidos pelo ar aconchegante do lugar. Uma voz gentil, masculina e anciã atrás deles, porém, chamou-os a atenção.

― Sejam bem-vindos ao Arquipélago da Vida, meus jovens.