Miguel e Davi

Capítulo 14 – Really don’t care – 21/09


Davi adorava andar de mãos dadas com Miguel na praia. O sol forte batia no chão, fazendo a areia branca brilhar e iluminando o rosto de Miguel, os cabelos castanhos nos olhos também castanhos e um sorriso leve em seu rosto.

– Quer sorvete? – Miguel perguntou de repente, vendo um vendedor passando.

– Ah, não. Obrigado. Mas se você quiser…

– Eu quero.

E ele se afastou e foi atrás do sorveteiro. Davi riu. Era quase impressionante como Miguel estava sempre com fome…

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Davi ficou esperando, sentindo as ondas batendo de leve em seus pés. Tinham uma pequena fila e talvez Miguel demorasse um pouco…

Era um dia bonito. A praia estava cheia, as pessoas estavam por todos os lados e o céu estava limpo. Olhou para o oceano e era como se o céu e o mar fossem uma coisa só.

Nada podia arruinar seu dia.

Nada?

– Davi! – ele ouviu a voz da última pessoa que ele queria ver no momento.

Virou-se. E não era que a droga da voz conseguia ser melodiosa?

– Oi, – ele forçou um sorriso, encarando a menina a sua frente, que usava um biquíni verde, um chapéu de praia e segurava uma bolsa grande.

– Quanto tempo!

Eles encostaram as bochechas duas vezes e deram beijos no ar, cumprimentando-se. Davi imaginou que se tivessem se encontrado quatro meses antes teria sido diferente.

Patrícia estava particularmente bonita naquele dia. Talvez fosse a luz batendo em seu rosto ou a brisa agitando seus cabelos castanhos com luzes. Os lábios sempre tinham sido tentadores, o nariz era harmonioso no rosto delicado e os olhos castanhos e grandes o encaravam cheios de risos. A pele fora queimada pelo sol e tinha as curvas bem definidas à vista, seios que preenchiam uma mão, e uma bunda que pararia o trânsito do Rio. Era alta também, quase da mesma altura que Davi.

E aquele sorriso maldito!

– Como vai sua vida? – ela perguntou, como se não houvesse nada errado. Como se a última vez que tinham se visto não tivesse acontecido.

Talvez fosse a voz melodiosa, talvez fosse o cheiro de lavanda. Alguma coisa em Patrícia mexia com Davi toda vez que se encontravam.

Porém, já caíra como um inseto nas teias de Patrícia duas vezes e sabia o suficiente para não cair uma terceira vez.

Apesar de tudo, Patrícia parecia não saber disso. Então ela continuou olhando Davi, aquele sorriso nos lábios.

– Bem, eu acho… – Davi foi o mais breve possível, mexendo-se incomodado, esperando que ela percebesse isso.

Patrícia não percebeu.

– Muito ocupado? – ela continuou. – Escuta, vai ter uma festa semana que vem e eu estava pensando…

Não, você não estava. Patrícia nunca pensava e esse era o problema. Era impulsiva demais e nunca conseguia se colocar no lugar dos outros. Seus últimos problemas eram os que pertenciam a ela mesma, seus cabelos e corpo.

Mesmo assim, Davi deixou que ela falasse. Não conseguiria pará-la mesmo que quisesse, então nem tentou.

Ele olhou para Miguel ainda esperando para comprar seu sorvete. Seria o próximo a ser atendido… E, do jeito que ele estava, era possível ter uma visão privilegiada da bunda do namorado. Davi sorriu. Era sortudo. Aquilo sim deixava o de cabelos arrepiados excitado.

Quando os lábios da menina finalmente pararam de se mexer, ele voltou sua atenção para ela.

– Patrícia. – ele disse, olhando bem para os seus olhos grandes e castanhos, segurando em seus ombros e tentando ser o mais claro possível. – Não quero ficar com você mais. Cansei. Lembra-se do que eu te disse? Nada do que você faça vai mudar o fato de eu ser gay. Você é linda e tudo, mas… Vai se fuder. Eu já tive o bastante.

Ela pareceu chocada, mesmo quando Davi a soltou. Não iria a festa nenhuma com ela. Não sairia de novo com Patrícia. Não queria mais saber da menina e seu cheiro de lavanda.

– Pronto, – disse Miguel enquanto se aproximava e sentia Davi o puxando para perto, com um sorriso. Não entendeu a ação dele em um primeiro momento, – Comprei sorvete de limão, – e mostrou, para provar que falava a verdade.

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Só então entendeu. Viu a menina parada na frente deles e a cumprimento com um aceno de mão. Sabia quem era, claro que sabia. Mas estava decido a não demonstrar isso.

– Tudo bem? – ele falou, encarando-a sem alegria.

Finalmente se recuperando, ela deu um passo para trás, de volta a realidade. Olhou para os olhos, abraçados, Miguel com seu sorvete na mão e Davi sorrindo. E disse:

– Você que perde, – antes de passar por eles e ir embora.

Davi mostrou o dedo para ela, mesmo sabia que Patrícia estava de costas e não veria. Então puxou Miguel mais para perto e beijo-lhe demoradamente, sentindo o gosto do sorvete de limão em sua boca.

– Ela que não sabe o quanto estou ganhando – murmurou apenas para Miguel, que sorriu.

Miguel sorriu feliz. Era ótimo ouvir isso e era melhor ainda saber que a concorrência com Patrícia acabara. Por um tempo, mesmo depois de ter voltado com Davi, imaginara que um dia o perderia de novo para a garota.

Mas, sem querer tornar o momento sério demais, ele olhou para o sorvete que ainda segurava e falou com os olhos castanhos nos mel.

– Vocês dois é que não ideia do que quanto esse sorvete é bom.

Davi riu alto, e os dois continuaram andando, as mãos seguras uma na outra e o resto da tarde para aproveitarem juntos.

Sem a Patrícia por perto.