O sexo parecia algo como arte, talvez finalmente Tom tinha entendido a apreciá-lo desse modo, e agora o corpo de Mary seria para ele a obra de arte mais linda naquela casa cheia de pinturas caríssimas. Ele não queria mais perdê-la.

Durante o almoço eles riam um para o outro, quase se entregando ao embaraço de alguém perguntar o que estava acontecendo. Mary olhava para ele e tremia lembrando-se do que havia acontecido, enquanto Tom se embaraçava todo com as palavras, estava estranho, desatento, atrapalhado.

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"O que será que há de errado com Tom? Será o vento da manhã? Esse tempo estranho lá fora?" Isobel perguntava desconfiada enquanto Violet parecia ter percebido muito mais rápido e muito mais coisas do que os outros, e pensou "Será o fogo?"

Ela percebeu em vários momentos que Tom e Mary andavam estranhos e passou a observá-los discretamente e nesse dia, parecia estar muito mais evidente que havia alguma coisa entre eles.

Na biblioteca Tom olhava para ela o tempo todo e todas as suas conversas eram sobre ela. Quando Mary pôde se aproximar dele, disse: "O que você está fazendo? Eles vão notar que aconteceu alguma coisa". Tom percebeu que estava se excedendo e se desculpou: " Desculpa se te amo! Parece que se eu não gritar isso, morro! Estou emocionado ainda, fico insuportável eu sei que sou um atrapalhado!". Mary sorriu pra ele: "Eu ainda estou tremendo com a ideia de te ter do meu lado e ser somente sua". Tom tocou a mão dela "Eu te amo, minha Mary".

Depois do almoço Tony insistiu com Mary para que eles fossem cavalgar, e sem escapatória Mary foi. "Podemos parar aqui para descansar?"- Tony pediu no meio do caminho.

Depois que desceram dos cavalos Tony prendeu-os em uma árvore e ele se aproximou de Mary, num instinto ela se afastou "Tony eu..." ele a segurou pelo braço e começou a falar: "Você acha que sou idiota? Acha que não sei o que está acontecendo entre você e aquele Irlandês de merda?". Mary puxou o braço e saiu andando "Como você se atreve!" - ela gritou enquanto caminhava, e ele foi atrás dela "Mary eu tenho sido muito bonzinho e paciente contigo, mas você não sabe do que eu sou capaz!" -Tony usava um tom de ameaça, Mary se virou para encará-lo.

"Você vai marcar a data do nosso casamento para daqui um mês"- Ele disse sorrindo.

"Você ficou louco? Quanto meu pai te deve? Eu farei um esforço para te pagar!" Ela agora gritava; Ele mantinha a calma: "Mais do que dinheiro pode pagar! Se você não se casar comigo eu vou cobrar a dívida direto com seu pai, sei que ele está muito doente, ele me contou em Londres; Será que ele gostaria de saber o que Tom anda fazendo com sua filha? Aposto que não! Eu vi você entrando no quarto dele Mary, e vi quando você saiu, tenho uma testemunha que estava comigo se for preciso. Você vai matar seu pai de desgosto... ele está tão esperançoso que nós dois nos casemos, e agora você tem que entender que estarei te fazendo um favor fazendo isso."

Uma lágrima começou a escorrer dos olhos de Mary, uma lágrima quente e pesada, carregada de ódio. "Eu nunca vou te amar!" ela gritou na cara dele: "Eu o amo e isso você nunca vai tirar de mim". Gillingham riu ainda mais.

"Eu já disse Mary, você não sabe do que eu sou capaz! Você vai mandar Tom embora para bem longe ou ele vai acabar desaparecendo misteriosamente" - Tony dizia olhando dentro dos olhos dela pra que ela entendesse que não era brincadeira. Mary estava em choque, como se nunca tivesse conhecido Tony antes, os olhos dela tremiam horrorizados. Ele tocou a mão dela e ela empurrou-o longe. "Não faça isso minha Mary, eu amo você, de verdade... eu vou me esforçar para te fazer feliz, eu prometo"

Ela não podia se arriscar de permitir que algo acontecesse com Tom, nem com seu pai. "Eu aceito me casar com você, mas temos que ir para outro lugar por esses dias, se eu ficar aqui Tom não vai aceitar, ele tem que acreditar que eu fiz a minha escolha e pra isso precisamos sair de Downton juntos, vamos para qualquer lugar, mas não podemos ficar aqui." Tony concordou e de um jeito bem cínico disse que eles deveriam voltar.

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Era uma questão de segurança tirar Tony de longe de sua família e longe dele. Mas Tom não iria aceitar assim tão fácil. Ela precisava fazê-lo acreditar que ela era uma mulher fácil, instável, da qual ele não poderia acreditar em suas palavras e passou o caminho de volta pensando em como fazer isso. Quando ela e Tony chegaram, Tom e Cora esperavam os dois no portão e Mary podia avistá-los lá. "Pare aqui" Mary pediu para Tony , os dois desceram dos cavalos e Tom avistava eles de longe. "Me beije" ela pediu com cara de nojo. "Ele vai ver!" Tony disse tentando parecer inocente. "Exatamente. Ande logo com isso" Tony a beijou e Mary respondeu ao beijo abraçando-o, os dois ficaram lá por um tempo e depois encostaram-se em uma árvore, como se estivessem conversando amigavelmente. "Ela o ama!" Cora disse toda feliz para Tom que ainda estava perplexo. "Olhe Tom como os dois se dão bem quando estão sozinhos" Tom estava desconcertado e as palavras saíam atrapalhadas: "Mais do que eu imaginava!" foi a única coisa que ele conseguiu dizer corretamente.

"Nós vamos nos divertir muito lá e.... Tom? Mamãe? O que vocês estão fazendo aqui!?" Mary perguntou como se ainda não tivesse os visto. "Eu pedi que Tom caminhasse comigo e ele quis esperar por você aqui" - Cora respondeu. Tom não conseguia olhar para ela, estava arrasado; "O passeio foi bom?" ele perguntou com a voz amarrada. "Ótimo, não é Tony?" Mary ria maliciosamente e descaradamente, era a gota d'água que faltava para Tom simplesmente sair andando. "Não me sinto bem, acho que vou vomitar" foi o que ele conseguiu dizer à Cora.

No jantar, Mary e Tony anunciaram que iriam para Liverpool passar uns dias na casa de uma prima de Tony, pra poderem se conhecer melhor. Todos estavam contentes com a notícia, exceto Tom e Violet que perceberam que algo não cheirava bem; Mary estava estranha.

Depois do jantar Mary subiu depressa, Tom ainda estava atrapalhado pelos acontecimentos mas resolveu esperar até que mais pessoas fossem para seus quartos. Ele bateu na porta dela, ela sabia que era ele, só podia ser ele; mas resolveu fingir que era Tony como se estivesse o esperando: "Você já... oh Tom". Ele estava com aqueles olhos tristes, aqueles olhos tristes que quebravam o coração de Mary em pedacinhos e ela implorava para si mesma para que fosse forte.

"Mary o que você está fazendo? Eu achei que você me amava. Eu fiz alguma coisa de errado durante o almoço? Tony te ameaçou? O que raios está acontecendo?"

Ela empalideceu, teria que dizer coisas duras, horríveis e chocantes, mentiras que iriam doer mais nela do que nele. "Eu não acho que tenho que me casar com um homem sem antes ter certeza de que ele é o certo, entende? Estamos nos anos 20 e as coisas não são como antes."

Ele olhou confuso e embaraçado para ela: "Não percebo o que você está dizendo". Ela deu risada. "É duro Tom, mas para o seu bem é melhor eu ser franca: Eu e Tony fizemos amor quando saímos para cavalgar. Eu não poderia escolher entre você ou ele sem ter certeza disso, o que aconteceu entre nós me deixou confusa e Tony é sempre tão doce comigo, não poderia simplesmente ignorá-lo sem antes ter certeza. E agora eu tenho." Ela fez uma pausa e respirou fundo. "Eu estava enganada, eu não amo você, eu amo Tony, ele me mostrou o que é amor de verdade hoje á tarde, eu estava enganada e eu sinto muito." Tom riu cético, cobriu a boca com as duas mãos e olhava para ela em negação, pegou na mão dela "Mary eu não acredito em você, isso não pode ser verdade" - disse enquanto apertava a mão dela contra o peito dele.

Mary puxou a mão "Não me toque mais assim" ela olhou para o lado tentando demonstrar desprezo. "Você jura que não me ama e que tudo era mentira? Se você jurar eu vou embora, prometo que quando você voltar de Liverpool eu não estarei mais aqui, te deixo em paz... mas você tem que jurar e ser sincera comigo." -Tom implorava para ela, e seus olhos se enchiam de lágrimas.

Mary continuou olhando para o lado, tirou forças de onde não tinha para segurar o choro e ser fria: "Eu juro, e seria melhor para nós dois que quando eu voltasse você não estivesse mais aqui, desejo que você também possa encontrar outra pessoa que te faça mais feliz, boa noite." Tom fez que tinha entendido com a cabeça e sussurrou antes de se virar: "Desculpe-me por te amar, Mary". Ela fechou a porta e se escorou nela, deslizando até o chão aos prantos enquanto ouvia os passos de Tom ficando cada vez mais distantes.

"Ele nunca vai me perdoar, Tom vai me odiar pelo resto da vida... eu nunca me perdoarei por isso, nunca! Ele não merecia sofrer desse jeito" Mary chorou até soluçar e ter ânsias de vômito, a única coisa que conseguiu fazer foi chamar Anna que lhe trouxe um copo d'água com muito açúcar e a segurou por quase uma hora como se Mary fosse um corpo sem vida. "Amanhã ou depois eu lhe conto o que aconteceu, eu só estou triste e preciso que você fique comigo um pouco" foram as únicas palavras que Anna conseguiu entender em meio a tantos resmungos e lágrimas.

Tom também chorava amargamente em seu quarto, a ponto de algumas vezes lhe faltar ar; A gola do seu pijama ficou encharcada e o travesseiro úmido. O silêncio da noite permitia que ele ouvisse seu próprio gemido, do qual ele fazia um esforço sobre-humano para abafar. Ela não o amava, ela o usou como fonte de curiosidade e prazer. Lady Mary continuava a menina mimada que se cansa fácil de seus brinquedos e ele não passava de um dos seus brinquedos mais baratos, e por isso ela não se importou em o iludir e isso era tudo o que vinha em sua mente porque era a única coisa que dava sentido a todos aqueles acontecimentos.