True Love

Jack pensou em várias saídas alternativas. Muitas. Milhares. Mas nenhuma delas parecia boa o suficiente.

Por que seu namorado tinha que ser tão malditamente cabeça dura?

Continuou deitado em sua cama, virando-se de um lado para o outro, pensando que tinha que dormir. Mas ele simplesmente não conseguia. Ele sabia que tinha trabalho, sabia que tinha faculdade, sabia que tinha uma prova, mas não conseguia descansar. Seu cérebro traía-o, um complô com o coração, e criava uma imagem perfeita de Hiccup.

O pior, ele gostava de traí-lo lembrando-o do último momento que tivera com Hiccup, há quase dois dias.

Dois malditos dias sem o amor da sua vida. Hic queria o que, matá-lo? Pois ele estava conseguindo. E não tão lentamente quanto as pessoas normalmente dizem. Jack estava se afundando bem rápido, até.

Ele tinha que fazer algo.

...

O dia seguinte fora tão cruel quanto havia imaginado. Ele tentou, ao máximo concentrar-se no trabalho e esquecer-se de Hiccup, mas às vezes ele surgia, do nada, na frente de seus olhos. E nesses momentos tinha de levantar-se e tomar mais uma xícara de café.

E, no final do dia, quase hesitou em ir para a universidade, se não fosse aquela maldita prova que praticamente valia a nota do semestre. Respirou fundo várias vezes durante o trajeto, não prestando atenção nenhuma as pessoas que pegavam o mesmo ônibus que ele.

Quando ele poderia cometer suicídio?

...

Jack imaginou que aquilo pudesse terminar de várias formas. Ele teve vários finais, na verdade. Um tempo; amizade; o retorno. Mas o término oficial nunca passara por sua cabeça. Mentira, ele pensou na possibilidade, mas automaticamente negou-a.

Mas ai estava ele, em frente a um Hiccuo raivoso pedindo que o esquecesse. Que deixasse como estava. Que terminassem de uma vez.

Ele sabia que Hic ia cansar-se. Em um momento ele ia se cansar daquele relacionamento escondido. Ele só nunca imaginou que fosse realmente acontecer.

–Hic, eu...

–Deixa, Jack. – Hiccup não lhe deu tempo de continuar. Ele podia ver que o moreno estava quase chorando. Quando foi que magoara-o tanto?

Baixou a cabeça, mordendo com força o canto do lábio. Um sorriso vago formou-se em seu rosto e ele assentiu, sorrindo para Hic enquanto voltava a encará-lo. Lembrou-se das loucuras que já fizera para chamar a atenção dele, antigamente, chegando a descolorir seus cabelos. Claro, isso foi há anos. agora eles eram novamente castanhos escuros, mais escuros que os de Hic.

–Desculpe incomodá-lo, Hic. Vou deixá-lo. – Ele virou-se, passando a mão no rosto enquanto forçava-se a caminhar.

Não virou para trás em nenhum segundo, nem mesmo quando Hiccup chamou-o.

Mas parou.

E esperou.

–Seja feliz, ok? – Jack fez uma careta, tentando segurar o choro com força, mas não virou-se. Não podia mostrar o tamanho da sua dor para Hiccup. – Seja feliz e se decida e, se ainda quiser, podemos tentar de novo. – Agora ele permitiu que as lágrimas caíssem e que um soluço escapasse. Ele ouviu os passos de Hic, mas não podia simplesmente deixá-lo ir.

Virou-se, vendo as costas do seu amor.

–Hic. – Ele virou-se, e ele pode ver o rosto de Jack banhado em lágrimas. – Só mais uma vez, diga que me ama. – Seu coração apertou de uma forma que não acontecera nem mesmo nos últimos dias. Era como se ele quisesse, não, implorasse para Jack parar agora, para não se machucar mais.

E os segundos de silêncio que se seguiram fez Jack desistir, recuar e sorrir fracamente. Quando virou-se novamente, ele ouviu.

–Eu te amo. Por isso se decida logo, idiota. – Hic estava chorando, assim como ele.

Jack voltou-se para o ex-namorado novamente, sorrindo.

Ele ia ajeitar sua vida. Ele ia mostrar para Hiccup que podia mudar. Ele ia mostrar que podia ser diferente e que podia, sim, se assumir. Ele ia mostrar que eles não precisavam ficar se escondendo.

Mas ele ia dar o tempo que Hiccup precisava. Que ambos precisavam para se recuperarem do último baque.

Porque Jack sabia que, mais cedo ou mais tarde, eles voltariam.

Ele acreditava nisso.

Pelos dois.