As semanas que sucederam ao acontecimento desagradável com Carol, foram cheias de depoimentos para com a direção da universidade e a polícia; Ed Peletier acabou por ser demitido e teve a licença de dar aulas em outros lugares temporariamente suspensa.

A jovem Dixon não se deixara abalar pelo acontecido, e estava disposta a se formar mais do que nunca; Daryl a apoiou, mas receou em ir embora deixando-a ali novamente, "indefesa".

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— Sentirei sua falta. — Ele dissera. — Sabe o quanto?

Carol beijou-o apaixonadamente.

— Acho que muito. — Carol ri, e o abraça forte. — Estarei pensando em você, Daryl.

O caipira voltara para seu emprego no restaurante, e visitava Carol quando podia; seu patrão era totalmente o oposto de Blake; por mais que às vezes fosse demasiado exigente, Daryl o achava uma pessoa decente.

Tudo voltara aos eixos novamente, e o caipira podia respirar aliviado.

Depois de tantas coisas, de tantas discussões e obstáculos, ele estava bem com Carol novamente.

Só havia um problema. Um único e maldito problema.

Daryl queria que Carol voltasse a conviver com sua mãe, Janine. Pensara por vezes em ir até lá, e tentar resolver os problemas com ela — explicando-a o quanto Carol era importante, e que não merecia passar por tudo aquilo — mas sabia que nada iria adiantar.

...

Em um dos raros dias em que seu patrão o dispensava mais cedo, Daryl se lembrou de visitar Joseph.

Seu velho amigo Joseph.

O caipira sabia que seria difícil achá-lo no mesmo lugar do último encontro, então passou a procurar pelas redondezas.

A princípio, fora bem árduo encontrar seu velho, mas após caminhar por entre ruas menos povoadas, acabara por encontrá-lo.

— Dylan? — O velho o avista. — Eu sabia que você viria, rapaz.

Joseph estava sentado em uma velha cadeira de plástico, junto com muitos outros sem-teto; diante de si, uma mesa de plástico e um prato modesto de sopa sobre ela.

O velho amigo se levanta e os dois trocam o que se denominaria por Carol o famoso abraço de homem, e Daryl se senta ao lado dele.

— Quanto tempo. — Daryl sorri.

— Pois é. — Joseph, oferece um pouco da refeição para o caipira, que recusa educadamente. — Você parece diferente, Dylan.

— D.a.r.y.l., Joseph. Daryl Dixon. — Daryl se diverte. — Diferente como, homem?

— Menos deprimido. — Ele olha seriamente para Daryl. — Você a encontrou, não é?

Daryl se surpreende com a pergunta.

Joseph se lembrava de cada detalhe, percebia tudo.

— Sim. — Daryl sorri. — Estamos juntos novamente, Joseph.

O velho aplaude, sorrindo como uma criança que acabara de ganhar seu brinquedo, e Daryl pode ver em suas mãos, queimaduras vindas do frio; seu rosto está mais enrugado do que quando Daryl viera visitá-lo a última vez.

O tempo estava começando a desgastar o velho amigo.

— Parabéns, rapaz. Já estava na hora. — Ele saboreia mais uma colherada da sopa. — Traga-me Carol, faz tempo que não a vejo.

— Ela está na universidade. — Daryl pensa por um minuto. — Por que você mesmo não vem jantar conosco um dia desses?

Joseph sorri, feliz. A felicidade em seu rosto era pura, era única. Daryl tinha orgulho em conhecer o homem, que carregava várias histórias heroicas em seus anos de vida.

— Eu irei, Dylan. — Ele diz, ainda sorrindo. — Se eu sobreviver até lá.

A alegria some de seu rosto, como as nuvens cinzas chegam para destruir um belo dia ensolarado.

— Como assim? — Daryl se altera.

Joseph cruza os braços e encara Daryl.

— Há algum tempo, venho sentido muitas pontadas de dor na cabeça. — Ele diz, passando as mãos da nuca. — Uma mulher que serve a comida das quartas-feiras, me arrastou ao pronto-socorro mais próximo quando tive o pior dos ataques, e... — O coração de Daryl acelera, e ele prende a respiração antes de ouvir sentença final. — Eu estou com um tumor maligno no cérebro.

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A visão de Daryl fica embaçada imediatamente; seu coração se quebra, e ele esconde seus rosto por entre as mãos, procurando acalmar sua angústia.

Joseph, um homem tão bondoso, tão modesto... com câncer! Não! Não! Não! Oh, maldito Deus...

— Há quem culpe Deus por isso. — Joseph interrompe os pensamentos de Daryl, como se os adivinhasse. — Mas isso pode ser um teste para ver se quando as piores dificuldades aparecem, desistimos Dele.

— Que merda, Joseph! Você não! — Daryl agora está gritando, as lágrimas amargas banhando suas bochechas e barba. — Já fiz tanta coisa errada nessa vida, e porque logo gente como você tem que sofrer isso?

— Às vezes, satanás nos dá uma vida perfeita, para que não precisemos recorrer à fé, ou praticar boas ações, ou procurar a religião, qualquer que seja ela, antes de ser tarde demais. — O homem afaga os ombros do amigo. — O pecado que nós dois vivíamos naquele maldito cassino era como o paraíso, não precisávamos sair, nunca. Mas e depois? Não saímos daquela vida à tempo. Carol o deixou, Mary me deixou, e tivemos de nos contentar com a vida que nos fora dada. — O velho sorri. — Graças ao bom Deus, você a encontrou e está feliz novamente.

Daryl se cala diante do discurso sábio que o amigo deixara no ar.

Que seja...

Por favor... por favor! Não leve Joseph embora! — Daryl suplicou silenciosamente aos Céus. Nunca fora muito bom com orações, mas neste momento apelou. Apelou pela vida de seu grande e velho amigo, a quem confiava sua vida.

— Você não está feliz? — A voz de Daryl está rouca.

— Ora, Dylan! — O velho ri. — Claro que eu estou! Para que chorar e me remoer pelos cantos? Tenho essa gente para ajudar, e conto com todos! — Ele empurra o prato de sopa para longe, agora que esfriara. — Apenas traga-me Carol, para que eu possa vê-la.

Daryl assente, prometendo fervorosamente a si mesmo que buscaria Carol daquela faculdade quando tivesse a chance, e a traria para visitar Joseph.

...

Daryl percebe mais uma vez que o tempo voou, e que o céu já está escuro; na manhã seguinte teria de acordar cedo, mas não se importava nenhum pouco. Seu tempo com Joseph era indefinido, e ele ficaria a noite inteira ali, se necessário.

Um som estridente de apito chama a atenção de todos; a mulher que sevia a refeição do dia os avisava que o abrigo da noite já estava aberto, e Joseph levantou-se rapidamente.

— Tenho que correr para conseguir uma boa cama. — Ele murmura, alegre, dando uma piscadela para Daryl. — A gente se vê, Daryl Dixon.

Daryl o abraça, um pouco triste com a repentina despedida, e lhe dá tapinhas nas costas, encerrando o abraço de homem.

— A gente se vê, velho. — Ele caminha para longe.

Daryl fora mesmo ingênuo por achar que teria Joseph para sempre ao seu lado; as estações mudavam, o tempo mudava, os anos avançavam, e as pessoas que amava iam embora para longe. Era inevitável.

— Dylan? — Joseph o chama.

— Sim? — Daryl se vira, nervoso, saindo de seus devaneios.

— Não a perca novamente, por favor. — Ele diz, voltando-se para a enorme fila de sem-tetos que já se formara.

Jamais a perderei novamente. Eu prometo. — Daryl sorri, dando-lhe as costas.