Linha Tênue

Hoje a noite não tem luar.


Como vocês bem devem imaginar, Mel acordou de mal humor depois daquilo, e sem lembrar absolutamente nada do que tinha dito ou feito antes. Ela apenas abrira os olhos, deparando-se com um Isaak claramente frustrado sentado na cadeira. Faíscas cruzaram-se no meio do quarto enquanto um encarava o outro.

–Pode me dizer o que está fazendo aqui?

Ele apenas fuzilou-a com o olhar e resmungou qualquer coisa em resposta.

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–Hei... está me ouvindo?

–Óbvio que sim.

Mais uma troca de olhares. Um minuto de silêncio.

–Você deveria se sentir envergonhada por assustar seus país desse jeito.

–A culpa é toda sua...

–Minha culpa pelo que?

–Você aparece do nada e acha mesmo que eu não vou me assustar?

–Não tem outro lugar pra se assustar sem ser no meio da rua!?

Ele bateu a mão violentamente na perna, depois apontando para ela. -Pare com isso, Mel! Você podia ter morrido lá!

–...

Mel silenciou-se e desviou o olhar para o teto. Fechou a expressão novamente. -Obrigada. Por ter me tirado de lá. -obvio que ela sabia que tinha sido obra de Isaak. Não havia mais ninguém conhecido por perto no momento. Conseguira notar a vã tentativa dele de fazer alguma coisa...

Ele passou a mão pela cabeça. -Vamos deixar de tentar nos matar por um dia, sim?

–Okay...

–Mel... -ele futucou em um dos bolsos e tirou um ipod, entregando a ela um dos fones de ouvido. Ela se aproximou para que ambos conseguissem ouvir juntos.

Lua de prata no céu

O brilho das estrelas no chão

Tenho certeza que não sonhava

A noite linda continuava

E a voz tão doce que me falava

“O mundo pertence a nós!”

Mel ouvia perfeitamente em silêncio. Em um dado momento, olhou para seu companheiro e refletiu, abrindo a boca para fazer uma pergunta. -Isaak?

–Sim?

–E se eu dissesse que...

O começo de frase pareceu acordá-lo, e então ele virou a cabeça para observá-la. A menina mudou a posição rapidamente, fingindo indiferença. -Não é nada.

Uma pequena discução na cabeça de Melisandre:

–Diga a ele que o ama.

–Eu não amo esse panaca.

–Você ama sim.

–Amo droga nenhuma.

–Então por que está vermelha?

–... okay... eu prometi que ia dizer.

Olhou para o mesmo e começou. Pensou. Repensou, em menos de segundos. E engolindo em seco, desistiu.

–Não vou dizer não...

–Sua covarde.

–Sabe que você sou eu?

–É... então somos ambas covardes.

Ela desistiu de brigar consigo mesma e voltou a acomodar-se.

–Tão teimosa.

–Não sou teimosa.

–É sim. -tocou a testa dela com o dedo indicador. -Você pode até não acreditar, mas eu gosto de você. E não vou descansar até fazer isso entrar nessa sua cabecinha dura. Certo?

Melisandre mordeu o lábio inferior e encolheu-se na cama, sentindo o rosto esquentar. -Tanto faz.

–E ainda diz que não é teimosa...

–Ah, cale-se e escute a música. -ela enfiou o fone de ouvido na orelha dele e deixou os braços sobre a barriga, voltando a fechar os olhos. Não acreditava que ele iria conseguir. Mas se o fizesse... talvez não fosse completamente ruim.