Linha Tênue
Hoje a noite não tem luar.
Como vocês bem devem imaginar, Mel acordou de mal humor depois daquilo, e sem lembrar absolutamente nada do que tinha dito ou feito antes. Ela apenas abrira os olhos, deparando-se com um Isaak claramente frustrado sentado na cadeira. Faíscas cruzaram-se no meio do quarto enquanto um encarava o outro.
–Pode me dizer o que está fazendo aqui?
Ele apenas fuzilou-a com o olhar e resmungou qualquer coisa em resposta.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!–Hei... está me ouvindo?
–Óbvio que sim.
Mais uma troca de olhares. Um minuto de silêncio.
–Você deveria se sentir envergonhada por assustar seus país desse jeito.
–A culpa é toda sua...
–Minha culpa pelo que?
–Você aparece do nada e acha mesmo que eu não vou me assustar?
–Não tem outro lugar pra se assustar sem ser no meio da rua!?
Ele bateu a mão violentamente na perna, depois apontando para ela. -Pare com isso, Mel! Você podia ter morrido lá!
–...
Mel silenciou-se e desviou o olhar para o teto. Fechou a expressão novamente. -Obrigada. Por ter me tirado de lá. -obvio que ela sabia que tinha sido obra de Isaak. Não havia mais ninguém conhecido por perto no momento. Conseguira notar a vã tentativa dele de fazer alguma coisa...
Ele passou a mão pela cabeça. -Vamos deixar de tentar nos matar por um dia, sim?
–Okay...
–Mel... -ele futucou em um dos bolsos e tirou um ipod, entregando a ela um dos fones de ouvido. Ela se aproximou para que ambos conseguissem ouvir juntos.
Lua de prata no céu
O brilho das estrelas no chão
Tenho certeza que não sonhava
A noite linda continuava
E a voz tão doce que me falava
“O mundo pertence a nós!”
Mel ouvia perfeitamente em silêncio. Em um dado momento, olhou para seu companheiro e refletiu, abrindo a boca para fazer uma pergunta. -Isaak?
–Sim?
–E se eu dissesse que...
O começo de frase pareceu acordá-lo, e então ele virou a cabeça para observá-la. A menina mudou a posição rapidamente, fingindo indiferença. -Não é nada.
Uma pequena discução na cabeça de Melisandre:
–Diga a ele que o ama.
–Eu não amo esse panaca.
–Você ama sim.
–Amo droga nenhuma.
–Então por que está vermelha?
–... okay... eu prometi que ia dizer.
Olhou para o mesmo e começou. Pensou. Repensou, em menos de segundos. E engolindo em seco, desistiu.
–Não vou dizer não...
–Sua covarde.
–Sabe que você sou eu?
–É... então somos ambas covardes.
Ela desistiu de brigar consigo mesma e voltou a acomodar-se.
–Tão teimosa.
–Não sou teimosa.
–É sim. -tocou a testa dela com o dedo indicador. -Você pode até não acreditar, mas eu gosto de você. E não vou descansar até fazer isso entrar nessa sua cabecinha dura. Certo?
Melisandre mordeu o lábio inferior e encolheu-se na cama, sentindo o rosto esquentar. -Tanto faz.
–E ainda diz que não é teimosa...
–Ah, cale-se e escute a música. -ela enfiou o fone de ouvido na orelha dele e deixou os braços sobre a barriga, voltando a fechar os olhos. Não acreditava que ele iria conseguir. Mas se o fizesse... talvez não fosse completamente ruim.
Fale com o autor