Our love is like a song

Capítulo 2 - Can't Take My Eyes Off Of You


"Pardon the way that I stare
There's nothing else to compare
The thought of you leaves me weak
There are no words left to speak"

Can't Take My Eyes Off You - Frankie Valli and The Four Seasons

~~

Eu o amava.

Com seus defeitos e seus problemas. Com nossos corpos tão próximos, com nossas peles tocando uma a outra, com nossos suspiros, nossos gemidos, nossas respirações, nossos batimentos cardíacos tão sincronizados.

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Era difícil manter-me longe, manter-me sem olhar. Era difícil resistir à tentação. Eu usava de todo meu auto controle no meu dia-a-dia para conseguir não passar horas pensando em nós dois. Em nossas roupas jogadas num canto qualquer ou até mesmo ainda vestidas, mas bagunçadas. Em nós dois juntos. Em ele sozinho. Nele.

Jean tinha a mania de contar minhas sardas - ele tinha alguma obsessão por elas -, de beijar cada uma delas. Eu tinha a mania de decorar como era cada milímetro de sua pele. De prestar atenção aos seus menores detalhes. De observar cada movimento.

Desde a primeira vez que o vi tão de perto, minha obsessão aumentou. A lembrança daquele dia - e de todos os dias que vieram depois - era intoxicante para mim. Tinha de bloqueá-la de minha mente quando não estávamos sozinhos. Eu lembrava de Jean em baixo de mim perfeitamente. Lembrava de cada expressão facial e de cada franzida de cenho e de cada mordida de lábio.

Jean falava sobre alguma coisa em frente a mim.

Esse é um dos muitos momentos em que eu não conseguia tirar meus olhos de Jean Kirschtein.

Ele balançava os braços energicamente - o que era sinal de que ele estava falando sobre algo que o deixara muito feliz ou muito irritado. O truque era olhar para sua boca. Por sinal esse era um cheat code para diversas coisas em nosso relacionamento. Se ele estivesse esboçando o mínimo sinal de um sorriso então a opção correta era a primeira.

Não havia sinal algum de sorriso lá.

'Caralho, Marco, você prestou atenção em qualquer coisa do que e falei?' me puxou mais perto agarrando a gola de minha blusa, torcendo em seus dedos o tecido.

Estávamos sentados sozinhos, em baixo de uma árvore, em um canto isolado de um festival de flores de cerejeira que estava acontecendo na cidade e eu o havia convencido de ir comigo em. Agora ele me encostava no tronco, me deixando sem ter como recuar mais. Jean estava quase que subindo totalmente em cima de mim. Fiquei sem conseguir reagir por um instante.

Não o beije, Marco. Isso o deixaria irado. Eu tentava ser racional, afastar minhas tentações. Estávamos tão perto...

'O que você tava pensando que é mais importante do que eu?' sua voz saiu grave e baixa. Engoli em seco ao sentir um arrepio percorrer minha espinha. Jean se aproximou ainda mais de mim. Impossível, é impossível duas pessoas estarem tão perto assim. 'Divida seus pensamentos comigo, Marco.' seus lábios tocavam nos meus enquanto ele os movia. Aquilo era minha morte.

Se eu o beijasse, Jean alegaria que eu o estava ignorando. Alegaria que eu estava tentando mudar de assunto. Não podia fazer o primeiro movimento.

O truque era olhar a sua boca. Claro, morder meu lábio inferior enquanto o fazia podia agregar valor. Pude ver seu sorriso convencido pouco tempo antes de ele me beijar, finalmente.

Esse é um dos poucos momentos em que era aceitável tirar meus olhos de Jean Kirschtein.