O jovem deu um passo para fora da câmara de transporte e, enquanto a porta pressurizada fechava-se, olhou para frente com o peito estufado e os braços para trás, em seu traje de universitário em estado impecável, com cada fibra devidamente polida e pressurizada. Ele seguiu adiante pelo corredor do Departamento de Tutoria e parou diante da porta de sua tutora, a NWM9844453-29. Esticou a palma da mão em frente ao sensor e, com isso, recebeu autorização da mulher para entrar. Ele adentrou a sala da tutora com a cabeça baixa, os olhos nas placas de titânio que se uniam umas às outras formando o chão.

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"De que se trata sua visita repentina, KWY3357694-65?" perguntou a tutora, sentada de costas em sua cadeira flutuante, a 30 cm do chão, atrás do balcão de interações.

"Eu venho realizando pesquisas acerca de conceitos da Antiga Era, meramente por motivos lúdicos, e agora tenho uma dúvida sobre Aproximações Emocionais", revelou, hesitante. "Gostaria de obter mais informações a respeito, Senhora Tutora."

"Meus parabéns por realizar pesquisas em seu tempo de ócio, novel", disse a tutora, com tom irônico, virando-se para o jovem. "Porém, considero que seja jovem demais para adquirir conhecimentos ulteriores a respeito do assunto."

A tutora aparentava ser bastante jovem, com seus cabelos escuros e longos cobrindo as costas quase inteiramente e jogados levemente para a direita, com algumas mechas repousando sobre o ombro. Seu traje oficial de tutoria possuía uma coloração negra, resultado do quão pouco gostava de tratar de tais assuntos.

"Senhora Tutora, eu sinto muito, porém insisto em minhas dúvidas; pois, talvez, queira realocar-me para uma nova linha de pesquisas acadêmicas focadas no assunto."

"Talvez?" Ela ergueu uma das sobrancelhas, baixou a cadeira até o chão e, com passos lentos e postura superior, aproximou-se do rapaz. "Você, acadêmico, vem planejando desconjuntar-se cientificamente há quanto tempo? Tal comportamento é intolerável, e devo avisá-lo que há uma chance alta de que eu o desligue de minha tutoria." Ela o olhava de cima, com o rosto altivo.

"Eu aceitaria quaisquer penalidades consequentes de meu interesse irracional em tais assuntos, Senhora Tutora. Mas gostaria muito que, ao menos de forma não acadêmica, a Senhora pudesse mostrar-me de que se trata um 'Invólucro Socioafetivo de Aproximação Emocional'. Haveria qualquer chance de me ajudar em tal interesse subjetivo?" O jovem estava trêmulo, desviando o olhar dos olhos impiedosos da tutora a qualquer custo.

"Em termos da Antiga Era, sua enunciação poderia ser considerada extremamente inapropriada e violadora. Porém, como reconheço seu entusiasmo originar-se sob uma ótica estritamente cognitiva," disse ela, olhando disfarçadamente para o traje acinzentado do jovem, "farei isso por você, tendo em vista que não encontrará informações precisas a respeito do assunto em qualquer banco de dados e sob a condição irrevogável de que não voltaremos a nos ver jamais."

"Eu entendo perfeitamente, Senhora Tutora. E aprecio muito qualquer auxílio!"

"Bem... o primeiro passo é aproximar-se do indivíduo-objeto do Invólucro..." disse, aproximando-se ainda mais do rapaz, "então, deve posicionar seus cotovelos na parte traseira das costelas do indivíduo, mantendo os braços dispostos por suas costas, sempre para cima, e evitando o contato entre os rostos ao posicionar o queixo entre o pescoço e o ombro alheio." Enquanto explicava, executava as ações mencionadas.

O jovem correspondeu, e os dois mantiveram-se em silêncio por alguns segundos, abraçados. Ele pôde ouvi-la soltar um suspiro de alívio, e ligeiramente aumentar a força com que o mantinha em seu Invólucro. O rapaz também notou, enquanto experienciava aquela sensação insólita, que o traje da tutora havia adquirido uma coloração vermelho-clara.

"Esta é a quadragésima segunda vez que realizo um Invólucro em minha vida", disse ela, voluntariamente. "Já faz algumas dezenas de anos desde a última execução."

"E qual o objetivo de executar um 'Invólucro Socioafetivo de Aproximação Emocional', Senhora Tutora?" perguntou ele, curioso.

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A mulher respirou fundo. "Encontrar a salvação ou a perdição. O Invólucro é a linha tênue que distingue os conceitos religiosos de 'paraíso' e 'inferno', e é por isso que foi esquecido por nós."

"O que a Senhora encontrou no Invólucro realizado por nós?"

"Ambos." Ela soltou o jovem e afastou-se de costas, com o traje oscilando em alta frequência de vermelho para preto, passando por tons de vermelho-escuro e vinho. "Você deve partir imediatamente."

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.