A Personagem

Jamie


JAMIE

Por volta das duas da manha, enquanto o Eduardo conversava com alguns amigos dele sobre futebol, fui até a sala para ver a galera jogando, quando dou de cara com o James e meu primo, Dean. Eles são totalmente opostos aparentemente. James é alto, loiro e magricela, dava impressão de passar muito tempo em bibliotecas ou algo do tipo. Meu primo, Dean, aparentava ser do tipo atleta: alto, porém um pouco mais baixo que James, forte, cabelo ruivo e olhos castanho-claro, como os meus.

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– Oi, Dean! – falei. – Não sabia que vocês iam vir.

– A gente chegou há pouco tempo. – falou o Dean, vindo me abraçar. Olhei para o James.

– Ei, James, você tá legal? – perguntei – Nem disse oi.

– Oi, eu to... to legal.

– Tem certeza? – perguntei. Ele fez que sim com a cabeça e sorriu.

– Jam, você pode vir aqui comigo um pouco? – pediu James. Olhei para o Dean, tentando se comunicar por expressões, porém ele já estava olhando fixamente para uma menina sentada mais no fundo da sala.

– Claro – falei e acompanhei James até a porta da varanda. Paramos e ele me encarou fixamente com um olhar estranho. – James... tá tudo bem?

– Jamie, me desculpe, mas eu preciso fazer isso... pelo menos uma vez.

“É agora que você perde seu precioso Edu mais uma vez.”

Não entendi o que o escritor quis dizer, então, senti a mão quente de James no meu pescoço, quando percebi, tentei afastá-lo, mas já era tarde demais, em seguida, seus lábios macios e rosados são pressionados contra os meus. O beijo não foi longo, mas parecia que durou uma eternidade. Quando acabou e eu abri os olhos reparei que todos estavam olhando para nós, entre eles, Eduardo, que me olhava com uma mistura de raiva e mágoa.

– Edu... – dei um passo em sua direção – Edu, eu... não é o que você tá... – ele levantou a mão fazendo um gesto pra que parasse de falar e veio furiosamente em minha direção... ou melhor, na direção do James. Quando pensei que James iria levar um soco, ouço a voz calma de sempre do Eduardo.

– Gostou disso? – perguntou para James. O garoto se encolheu. – Gostou disso? – repetiu um pouco mais alto. James olhou para o chão.

“E agora...o seu amigo vai levar um soco por sua causa.”

Minha causa? – pensei – Por sua causa, seu filho da puta! Você que fica aramando essas coisas ridículas tentando me afetar! Não vou deixar ninguém se machucar por suas mãos imundas.

– Edu! – gritei. Ele me olhou, assim como o resto da galera da festa. – Deixa isso pra lá. – falei com a voz séria.

"Você me surpreende às vezes, garota. Até parece que está sempre procurando uma briga!"

– Jamie, você tá defendendo ele? – falou, com raiva.

– Não estou defendendo ninguém. Só acho que – cruzei os braços e olhei para os olhos do Edu de maneira intimidadora – agora a situação se igualou.

Dei as costas para todos e sai pela porta da frente e, sentada em um degrau de pedra, algumas lágrimas rolaram.

– Por que você faz isso? – perguntei ao escritor.

Silêncio.

– Está tentando me abalar, não é? É só isso que você sabe fazer: tentar acabar com a minha vida.

“Jamie, você precisa entender, essa história não é sobre você, você é apenas uma figurante que está atrapalhando meus planos para o Eduardo.”

– Por que você não pode fazer uma história sobre mim e o Edu? Por que não pode mudar tudo isso e me deixar ser feliz com quem eu amo?

“Ah, Jamie, querida, não existe uma história com ‘você e o Edu’, já disse isso pra você, ele tem que ser de outra pessoa.”

– Mas ele gosta de mim! – chorei de uma maneira infantil. – Por que então você não reescreve isso tudo e não deixa nós nos apaix... Espera um minuto... Você não conseguiu evitar que nós nos apaixonássemos!

“Jamie, não...”

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– Você não conseguiu evitar, é mais forte que você, é mais forte que o que quer que seja que você escreva...

“Não, garota tola, eu controlo vocês!”

– Não, não controla. Você nos criou, mas por algum motivo não consegue mais controlar as ações das pessoas que se envolvem comigo. Você não consegue me controlar! – gritei.

– Jamie? – chamou a Sam. – Com quem você está falando?

– Falando sozinha. – desviei a pergunta – Xingando o mundo todo...

– Você realmente deixou o Edu sem reação lá dentro. – falou ela, sentando ao meu lado.

– O James não merecia apanhar por aquilo, ele não tem culpa se tá gostando da menina mais complicada da Terra... Não parecia justo levar uns socos por algo que o próprio Edu fez igual comigo.

– Você está certa dessa vez.

– Pensei que ele iria ficar furioso comigo, não com James. – confesso.

– Ele está furioso com você.

– Onde ele está? – perguntei.

– No quarto de visitas.

– Você quer dizer... no meu quarto?

– É.

– E o James?

– Pegou uma cerveja e foi sentar lá fora.

Respirei fundo.

– Acho que vou pra casa. O Edu não vai querer me ver tão cedo.

– Errada. Ele me mandou vir aqui falar uma coisa pra você.

– O quê? – perguntei surpresa.

– Se você perdoar ele por todas as bobagens que ele fez e acha que você consegue dar mais uma chance pra vocês... É pra você ir encontrar ele no quarto.

Franzi a testa, confusa.

– Como é que é?

Sam riu, sem emoção e respirou fundo.

– Jamie, ele se sente muito culpado por ter beijado aquela garota e ele beijou por que ele quis. Ele ficou bravo de ver você com o James, mas também viu que foi algo forçado, algo que você não quis. Então, levando em conta o que você falou pra ele alguns minutos atrás, ele percebeu que ele pode ser perdoado, mas o que fez nunca vai ser apagado. – ela fez uma pausa. – Ele quer acertar as coisas de vez, Jam. Ele tá com a consciência pesada há muito tempo e só você pode tirar isso dele, porque o erro foi com você.

Encarei a garota morena por alguns segundos.

– Sam... quando foi que você virou psicóloga? – sorri, dei um beijo em sua bochecha e levantei para ir atrás de Edu.

– Ah, Jam... – falou a Sam – talvez tenha mais uma surpresa naquele quarto.

Olhei confusa para a garota, mas sabia que não teria uma explicação a não ser que fosse até o quarto de visitas.

– Obrigado, Sam. – falei entrando novamente na festa. Nem tudo estava perdido.

Ainda não...