Uma pedra fora jogada contra o vidro.

Em um susto ela pula da cama assustada e confusa, com a repentina mudança de posição sentiu sua cabeça rodar e as pernas pisarem em falso; caiu na cama. Suspirou irritada e pegou seu relógio no criado-mudo; três e quarenta da madrugada. Outra pedra bateu contra o vidro, chamando-lhe a atenção. Levantou, mas antes agarrou seu travesseiro o arrastando até a sacada, puxou minimamente a cortina para o lado e fitou todos os lados da frente de sua casa.

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Lá estava Gilbert, vestindo um casaco enorme na cor verde musgo, um gorro vermelho e luvas pretas. Gilbird estava aninhado em seu ombro. Abriu a porta de vidro e se escorou no parapeito; sonolenta, ela acenou.

–Que fazes aqui, além de interromper meu sono? – agarrou o travesseiro, a brisa gelada fez seus pelos eriçarem. E murmurou: - Idiota.

Sorridente e ignorando o “idiota” ele correu até a parede da frente, onde havia uma enorme e florida trepadeira enrolada no tronco de uma árvore, esta crescera colada na lateral da casa e os ramos espalhavam-se para cima; alguns galhos mais grossos ficavam em frente da janela da moça. Escalou habilmente e alcançou um dos galhos, equilibrou-se melhor e pulou até a sacada; sorriu e levou as mãos até a cintura fazendo uma pose de maioral.

–Cá estou eu! O incrível! – ajoelhou-se e pegou a mão dela, estava gelada; beijou – Boa noite Elizabeta.

Sorriu minimamente, achava engraçada a maneira como ele a tratava; ele o cavalheiro e ela a dama. O puxou para que ficasse de pé para em seguida entrar no quarto e fechar a porta, estava ficando mais frio. A morena sentou-se na cama e enrolou-se como uma gata no edredom quentinho.

–Diga.

–O que?

–Por que veio.

–Lud viajou com Feli para a Itália e eu estou em casa apenas com os cachorros e o Gilbird. – passou a mão na bolinha amarela em seu ombro, a ave piou sonolenta – Está tarde, desculpe-me se a incomodei. Eu não conseguia dormir.

–Tudo bem, tu podes ficar aqui por esta noite. – bateu no local ao seu lado indicando que poderia deitar-se ali.

Tirou o casaco e o garro, antes teve o cuidado de retirar Gilbird e botar no colo da jovem, e os jogou em cima de uma poltrona ali perto, deitou-se em seguida. O quarto estava mais quentinho por ter um aquecedor, então não precisava de tantos agasalhos. Agarrou um bocado do edredom e cobriu-se. Depois dela se ajeitar melhor e virar para ele, pegou um de seus travesseiros redondos, o menor, e ajeitou no meio deles, onde deixou aquela fofurinha que era o passarinho. Gilbird gostava de Elizabeta, assim como de Lud e Gil; até mesmo dos cachorros, tanto que nenhum deles tentou comê-lo em nenhuma vez desde que era um filhotinho. Os dois engataram em uma conversa paralela até que o sono falou mais alto; ela dormiu primeiro.

Ich liebe dich. – sussurrou em sua língua materna, sabia que ela não entendia alemão, e mesmo se ela estivesse acordada ela não saberia do significado – Durma bem. – beijou-lhe a testa; inclinou-se mais até abraça-la parcialmente sem tirar o conforto da ave.

Sonhou que estava preso em uma ilha deserta com ela. Um sorriso formou-se durante seu sono.

.x.

Elizabeta acordara primeiro e sem fazer barulho algum se levantou; não gostava de acordar o albino quando ele fazia aquela cara tão fofa de pessoa inocente. Foi ao banheiro e ficou quase meia hora dentro da banheira, gostava de se sentir imersa na espuma e conversar consigo mesma, acalmava-a. Ficaria mais dez minutos se não tivesse lembrado que seu “convidado” ainda dormia e provavelmente acordaria com uma fome monstruosa. Teria de ir à padaria ainda.

.x.

Assim que Gilbert acordou e saiu do quarto ele foi até o banheiro, tinha ouvido seu passarinho piar e o acompanhou. Estava mais que acostumado a aparecer na casa dela nos fins de semana pela madrugada e depois passava o dia inteiro na casa dela para conversar ou jogar vídeo game, tanto que ela nem se importava mais. Tomou um rápido banho e ainda com seus cabelos pingando gotas de água o alemão foi até a escada. Vestiu uma Box preta e deixou a toalha em volta de seu pescoço; desceu os degraus vagarosamente.

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–Liz? – chamou-a, mas ela não estava na cozinha – Liz!

–Bom dia Gil. – a porta da cozinha, que dava para o quintal, abriu-se, revelando uma Elizabeta sorridente e trajando um vestido de tecido leve na cor verde; em seus braços um vaso de gerânios – O café da manhã está na mesa, sirva-se. Eu estou apenas adubando algumas plantas novas, não demoro. E ponha uma cueca, já lhe disse tantas vezes… se aquele romeno idiota vir aqui em casa reclamar de novo porque tu estavas poluindo a visão da manhã dele, eu amarro ambos e arremesso-os na casa do Vash. – voltou a fechar a porta.

Olhou a mesa ao seu lado; havia um prato com várias salsichas e outra com panquecas cheias de maple, suco de morango e café. Seus olhos brilharam.

–Daria uma ótima esposa. – sentou-se puxando os pratos para si – Quem sabe não dê certo. – travou, sua mão segurava o garfo com a salsicha quando gritou pela morena.

Saiu correndo de encontro com a moça.